Greve

Motoristas de ônibus de São Paulo aprovam greve para a próxima segunda-feira

Decisão foi tomada em assembleias na madrugada desta quarta; profissionais pedem reajuste salarial que cubra a inflação

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Trabalhadores reivindicam reajuste acima da inflação - Sindmotoristas

Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo farão uma paralisação na próxima segunda-feira (6). A categoria aprovou a greve em assembleias realizadas nas garagens de ônibus da cidade às 4h desta quarta-feira (1º).  Segundo o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas), a categoria decidiu pela greve por falta de evolução nas negociações salariais. 

“Os empresários e o Poder Público insistem em uma proposta salarial vergonhosa, que já foi rejeitada”, explicou presidente do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, em publicação no site do sindicato. Ele avalia que a má vontade dos patrões é intencional. “Eles usam o conflito na negociação salarial para atingir seus objetivos. A prioridade é resolver com a Prefeitura os atrasos no repasse dos subsídios, usando os trabalhadores como massa de manobra”.

Proposta rejeitada

A categoria reivindica reajuste salarial de 12,36%, mais aumento real, fim da hora de almoço não remunerada, participação nos lucros (PLR), fim do desconto no vale refeição quando os trabalhadores entregam atestado médico, melhorias no plano de saúde, fim das nomenclaturas no setor de manutenção e reajustes no vale refeição, entre outros pontos. 

Segundo o Sindmotoristas, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SP Urbanuss) propôs um reajuste parcelado de 10% nos salários dos trabalhadores. O índice é menor que a inflação do período. A proposta foi rejeitada em assembleia. 

Em nota, o sindicato dos trabalhadores afirmou saber do transtorno causado por uma greve, mas que “conta com a compreensão e apoio da população aos condutores que lutam pela valorização dos seus direitos.”

Negociação travada

De acordo com Valdevan Noventa, a única proposta apresentada pelos representantes das empresas foi de 6% de reajuste salarial, divididos em três vezes. Depois disso, as negociações foram assumidas pelo poder público, que apresentou o índice de reajuste de 10%, também a ser aplicado em três parcelas.

“O trabalhador rejeitou essa proposta, porque e era o índice em cima do salário, e em cima dos benefícios não tem nada. A nossa pauta é mais extensa, tem outras cláusulas do acordo coletivo que queremos negociar”, afirma.

O sindicalista aposta em uma forte mobilização dos motoristas. “A categoria está bem mobilizada, vimos isso nas garagens de madrugada. O trabalhador aprovou por unanimidade, e queriam parar antes. Tivemos que sair com um discurso de conscientização, ‘vamos dar um prazo a mais’, mas nós já demos prazo. Esse aumento era para dia 5 agora”, explica. 

Valdevan lembra ainda que motoristas e cobradores estiveram entre as categorias que mais sofreram com a pandemia de covid-19. “No momento em que o poder público precisou, os trabalhadores contribuíram, que foi no início da pandemia. Nós passamos meses e mais meses trabalhando sem ser vacinados. Nós não éramos reconhecidos por eles como categoria essencial, categoria de linha de frente”, recorda.

“Tivemos que fazer a luta, ameaçar de parar não só a capital como diversas cidades afora que se somaram, para conseguir a vacinação para os trabalhadores. Tivemos que fazer isso, porque já tínhamos perdido mais de 300 trabalhadores para a pandemia, e os caras não reconheciam. Então essa categoria sempre é deixada pra trás, sempre é esquecida”, lamenta. 

Liminar

A SPTrans, empresa responsável pela gestão do transporte público na capital paulista, informou em nota que a realização das assembleias levou a atraso na saída de ônibus em 13 viações na manhã de hoje, mas que às 6h a operação já estava normalizada. A empresa informou ainda que obteve, na noite de terça (31 de maio), decisão liminar na Justiça do Trabalho determinando a manutenção de 80% da frota operando nos horários de pico e 60% nos demais horários no dia da paralisação, sob pena de multa diária de R$ 50 mil ao Sindimotoristas em caso de descumprimento. 

Em nota, o SPUrbanuss disse estar tentando buscado evitar o impasse com os trabalhadores. "O SPUrbanuss reafirma a intenção de manter as negociações, buscando solucionar o impasse com a categoria dos trabalhadores e evitar qualquer problema na prestação dos serviços de transporte urbano, essenciais à mobilidade da população”, diz o comunicado. 

Com informações da Agência Brasil

Atualizada às 17h15

Edição: Felipe Mendes