NA MIRA DA JUSTIÇA

O que acontece se o candidato à presidência da direita for condenado por corrupção na Colômbia

Rodolfo Hernández, da Liga de Governantes Anticorrupção, é acusado de favorecer empresa em licitação de coleta de lixo

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Hernández, que baseou sua campanha no combate à corrupção, é investigado por corrupção - Joaquin Sarmiento /AFP

O candidato de extrema direita que disputa a presidência da Colômbia, Rodolfo Hernández, pode ser condenado por crimes de corrupção durante sua gestão como prefeito de Bucaramanga, capital do departamento de Santander, entre 2016 e 2019. Hernández é acusado de ter favorecido a empresa Vitalogic na concessão da licitação dos serviços de coleta de lixo na cidade.

O contrato de 30 anos no valor de US$ 570 milhões previa uma comissão de 2,2% para o lobista que colocou a empresa em contato com o ex-prefeito e US$ 100 milhões (cerca de R$ 500 milhões) ao filho de Hernández, Luis Carlos Hernández.

No processo, aberto em fevereiro de 2020, o Ministério Público ainda destaca depoimentos afirmando que antes de abrir o processo de licitação,  Hernández já havia designado pessoas de confiança para avaliar as ofertas das empresas privadas, a fim de garantir vantagem para a Vitalogic.

Leia também: É possível uma Colômbia de esquerda? Uma análise dos movimentos sociais

Há também evidências de reuniões entre Hernández, diretores da empresa e o lobista, responsável por fechar o contrato, Carlos Gutierrez Pinto.

Além do ex-prefeito e atual candidato pela Liga de Governantes Anticorrupção, o gerente da Empresa de Limpeza de Bucaramanga (Emab), José Manuel Barrera, também é imputado no caso. A audiência está prevista para o dia 21 de julho, mais de 30 dias após o segundo turno presidencial.

Caso Hernández seja eleito presidente, no dia 19 de junho, a denúncia do MP colombiano deverá ser submetida ao Congresso, que é responsável por abrir processos de investigação contra governantes. As evidências devem então serem avaliadas pelos deputados e senadores. Caso seja considerado culpado, Hernández poderia ser destituído e quem assume a presidência seria a vice, Marelen Castillo. 

Não houve na história da Colômbia a destituição de nenhum presidente a partir do Congresso.

De acordo com a última pesquisa, realizada pelo Centro Nacional de Consultoria (CNC), com a participação de 1.200 colombianos de 43 municípios, há um empate técnico no segundo turno. Pela centro-esquerda, Gustavo Petro e Francia Márquez aparecem com 39% das intenções de voto, enquanto pela direita, Rodolfo e Marelen, teriam 41% da preferência. Já 14% continuam indecisos, e a margem de erro é de 2,8%.

Edição: Thales Schmidt