Paraná

DESPEJO ZERO

Militante do MTST é preso em ocupação recente em Curitiba

Coordenador do movimento protestava contra barreira policial que impedia trânsito de pessoas e entrada de comida e água

Curitiba (PR) |
Famílias prometem resistir e ficar em terreno abandonado há 30 anos - Giorgia Prates

No início da tarde de hoje (13), Adrian Silva, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), foi preso após protestar contra as condições que a Polícia Militar vinha impondo às famílias, em ocupação recente no bairro Campo de Santana, no sul de Curitiba.

No sábado (11), um terreno de 1,8 hectares, às margens da Estrada Delegado Bruno de Almeida, foi ocupado por cerca de 400 famílias.

Desde o primeiro momento a PM cercou o local e vídeo do MTST mostra protestos contra o que o movimento considera práticas discriminatórias dos policiais: a PM busca proibir a movimentação de pessoas, o acesso de carro e a pé ao local, o acesso à água e entrada de comida no local, relatam.

“Estão selecionando as pessoas que acham que são da ocupação e estão expressamente proibindo as pessoas de ir e vir. Estão proibindo pessoas negras de entrar”, acusou a liderança do MTST, em vídeo, pouco antes de ser preso.

“Fizeram três barreiras e fazem distinção entre os moradores de condomínio e os moradores que estão na ocupação”, complementa outra dirigente no local para a reportagem do BDF PR.

Edit. Neste momento, o coordenador do MTST, Adrian Silva, acaba de ser liberado.

Prazo para reintegração é dia 14. Clima de tensão aumenta

Na manhã do sábado (11), poucas horas depois da ocupação, a juíza Juliane Velloso Stankevecz, da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba  – Foro Central de Curitiba, acatou o pedido de reintegração de posse da Piemonste Construções e Incorporação LTDA.

A juíza determinou que, como uso de efetivo policial, as famílias fossem despejadas num prazo de 24 horas.

A lei do Despejo Zero, reforçada pelo STF neste ano, com previsão até o final de junho, impede a execução de despejo sem que o poder público tenha previsão de destinação das famílias para local de abrigo. “Se faz necessário um plano de realocação. A juíza deu 72 horas, em tese, no dia 14, se tiver um documento chamado plano de intervenção, aí pode acabar acontecendo a reintegração, mas a prefeitura tem obrigação de oferecer o plano de intervenção e um abrigo, de acordo com a vontade das pessoas. No entanto, a tendência é a prefeitura dificultar o processo”, comenta o advogado especialista em conflitos fundiários, Bruno Meirinho.

Sobre o prazo de amanhã, as famílias e lideranças prometem se manter no terreno e resistir, uma vez que o local está abandonado há cerca de 30 anos e há demanda por moradia na região.

 A reportagem do Brasil de Fato Paraná tentou entrar em contato tanto com o comando da PM e também com a assessoria de imprensa, até o momento sem êxito.

Edição: Frédi Vasconcelos