Na ascendente

Internações em UTIs para covid-19 crescem 40% em duas semanas em São Paulo

Brasil tem 339 mortes registradas nesta quarta. Novas subvariantes da ômicron aumentam risco de reinfecção

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Cidade de SP está em “zona de alerta intermediário” da Fiocruz - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em meio ao crescimento de casos de covid-19, mais da metade (53%) dos leitos públicos de UTI estão ocupados no estado de São Paulo. Nesta quarta-feira (15), são 1.301 pacientes internados em tratamento intensivo contra a doença. Há 14 dias, eram 932, crescimento de 39,59%. No mesmo período, as internações em enfermaria também cresceram 28,82%, e somam quase 3 mil pacientes atualmente. Os dados são da plataforma SP Covid-19 Info Tracker (USP/Unesp).

A situação é mais grave na capital paulista. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, 67% dos leitos de UTI para covid-19 estão ocupados. Assim, pelos critérios adotado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a cidade estaria em “zona de alerta intermediário”. O “alerta crítico” é quando mais de 80% dos leitos estão ocupados.

Também hoje, o Brasil registrou 339 mortes e 70.229 casos de covid-19, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Com números represados de ontem, São Paulo computou 156 mortes e quase 20 mil casos da doença. Assim, em todo o país, a média móvel de óbitos calculada em sete dias ficou em 149, voltando a subir. Em 14 dias, o índice teve alta de 36,6%. No mesmo período, a média móvel de casos, que ficou em 42.285, teve aumento ainda maior, de 38,9%.

Além disso, o Info Tracker também indica avanço da doença no país. Atualmente, a taxa de contágio da doença está em 1,73. Isso significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem a doença para outras 173. Os pesquisadores estimam que essa taxa deve chegar a 1,84 na próxima segunda-feira (20). Ao todo, desde o início da pandemia, o Brasil tem 668.693 óbitos oficialmente registrados e mais de 31,6 milhões de casos da doença.

Números da covid-19 desta quarta-feira no Brasil. Fonte: Conass

Reinfecção

Conforme a Fiocruz identificou nesta semana, o aumento recente de casos de covid-19 no Brasil está relacionado à disseminação de novas linhagens da variante ômicron, como a BA.2, que predomina atualmente. Além disso, entre os meses de maio e junho, também houve aumento na detecção das linhagens BA.4, BA.5 e BA.2.12.1, que têm características genômicas que podem levar a uma maior transmissão do vírus.

Assim, além do risco de escapar da proteção conferida pelas vacinas, essas novas variantes também tem maior possibilidade de reinfectar pacientes que já tiveram a doença, e num intervalo menor. É o que indica um estudo feito por pesquisadores do Statens Serum Institut (SSI), da Dinamarca. Eles identificaram que a BA.2 pode causar a reinfecção de pessoas recuperadas da Covid-19 no intervalo de 20 dias.

Usando sequenciamento genômico, eles selecionaram os casos de reinfecções pela BA.2 dentro do prazo de 20 a 60 dias após as infecções iniciais com BA.1 (a cepa “original” da ômicron). De um total de 187 casos de reinfecção, foram identificados 47 pela BA.2 logo após uma infecção por BA.1. Os casos ocorreram principalmente entre pessoas jovens e não vacinadas. A maioria desenvolveu doença leve, sem necessidade de hospitalização, e também não houve relatos de mortes.

“Por quanto tempo estamos protegidos depois de uma infecção por covid? Para a delta, a proteção era em média de três meses. Com a ômicron e as novas subvariantes, isso mudou. Há relatos de reinfecção em até 20 dias”, comentou a epidemiologista Denise Garrett, pelo Twitter. Ela lembrou, no entanto, que a proteção conferida por uma infecção em vacinados é maior e mais duradoura que em infectados não vacinados. Assim, a reinfecção entre vacinados, embora ainda ocorra, é muito menos comum. “Vacine-se, mesmo se já teve covid”, apelou.