Economia

EUA confirmam maior alta na taxa de juros desde 1994

Tentativa de combater a alta nos preços ocorre em momento que o país registra a maior inflação em mais de 40 anos

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A taxa de inflação nos Estados Unidos aumentou em 8,6% no mês de maio
A taxa de inflação nos Estados Unidos aumentou em 8,6% no mês de maio - Marcello Casal Jr. / Abr

O Fed (Banco Central dos Estados Unidos) elevou nesta quarta-feira (15/06) a taxa básica de juros do país em 0,75 ponto percentual, o maior aumento desde 1994. A decisão coloca a taxa de juros de referência no intervalo entre 1,5% e 1,75%. No horizonte, está a possibilidade de a taxa acabar o ano entre 3,25% e 3,50%, o que seria o seu nível mais alto desde 2008. A bolsa de Nova York reagiu em alta à notícia.

A medida é uma tentativa de combater a alta nos preços em um momento em que o país registra a maior inflação em mais de 40 anos. Os preços no país vêm subindo acentuadamente, inicialmente devido a problemas na cadeia de suprimentos em razão da pandemia de coronavírus e, posteriormente, pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

A taxa de inflação nos Estados Unidos aumentou em 8,6% no mês de maio, atingindo o maior patamar em quatro décadas, segundo os dados divulgados pelo Departamento do Trabalho dos EUA.

Em um comunicado, o comitê de política monetária do Fed (FOMC, na sigla em inglês) disse que, apesar do aumento da taxa de juros, continua "fortemente comprometido" em fazer com que a inflação retorne ao patamar de 2% no longo prazo.

O FOMC observou que os efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia estão "criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e estão pesando sobre a atividade econômica global".

O presidente do Fed, Jerome Powell, admitiu que o aumento de 0,75 ponto percentual "é extraordinariamente importante", mas que, "na perspectiva de hoje, uma nova subida de 0,50 ou 0,75 parece muito provável" na próxima reunião, em 26 e 27 de julho.

Novas projeções de inflação e desemprego

De acordo com novas projeções, o Fed espera uma inflação de 5,2% este ano, em vez dos 4,3% que previa em março, e antecipou um crescimento mais fraco, de 1,7% - há três meses previa 2,8%. Quanto à taxa de desemprego, as novas previsões apontam para 3,7%, acima dos 3,5% anunciados anteriormente.

"A atividade econômica em geral se recuperou", considerou a Fed em um comunicado, mencionando "sólidos avanços no mercado laboral nos últimos meses e uma taxa de desemprego num nível baixo". Mas "a inflação permanece elevada, refletindo os desequilíbrios entre a oferta e a procura associados à pandemia, os preços da energia elevados e pressões sobre os preços mais amplas".

O banco central sublinhou que a invasão da Ucrânia e as sanções impostas à Rússia criaram "pressões adicionais para a subida da inflação que penalizam a atividade econômica mundial".

O anúncio da maior economia do mundo também ocorre em meio ao aumento da inflação e à incerteza econômica nos mercados ao redor do mundo. O Banco Central Europeu sinalizou planos para aumentar as taxas de juros pela primeira vez em 11 anos a partir de julho.