Violência armada

Desejo de regras mais rígidas na venda de armas indica reação a tiroteios em série nos EUA

Último ataque ocorreu na segunda, em desfile do 4 de julho; suspeito de matar seis pessoas foi preso ainda no fim do dia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Policiais procuram por suspeito em Highland Park - Mark Borenstein / Getty Images via AFP

Mais um tiroteio em massa nos Estados Unidos. Durante um desfile em comemoração pela independência do país em Highland Park, em Illinois, nesta segunda-feira (4), um atirador abriu fogo do alto de um prédio com um rifle. Seis pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas.

Um suspeito foi detido ainda no final da segunda, após o incidente por uma equipe policial perto do local do crime e será investigado.

O governador de Illinois, Jay Robert Pritzker, do Partido Democrata, em coletiva de imprensa destacou estar "furioso" com as vidas perdidas e que este é o momento de discutir controles mais rígidos para a venda de armas. "Nós, como nação, continuamos a permitir que isso aconteça, enquanto celebramos o 4 de Julho apenas uma vez ao ano, tiroteios em massa se tornaram uma tradição americana semanal", disse Pritzker.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou por meio de comunicado estar "chocado" pela "violência armada sem sentido que mais uma vez trouxe sofrimento a uma comunidade". Biden ainda destacou que o país vive uma "epidemia de violência armada" e que há mais trabalho para ser feito por medidas de controle da venda de armas.

Em junho, os Estados Unidos aprovaram uma lei que aumentou a checagem de antecedentes para a venda de armas. A proposta de Biden e dos democratas, contudo, era mais ambiciosa e pretendia banir a venda de armas de assalto e carregadores de alta capacidade.

De qualquer forma, a lei aprovada reforçando a checagem só passou porque foi forjada em maio, logo após um atirador matar 19 crianças e dois adultos em uma escola primária de Uvalde, cidade com 15 mil habitantes no sul do estado do Texas. No mesmo mês, um homem branco de 18 anos matou a tiros dez pessoas num supermercado da cidade de Buffalo em um crime que as autoridades afirmam que teve motivação racista.

De acordo com pesquisa da Gallup, realizada antes da recente reforma legal, 66% da população dos EUA afirma que as leis que regulam as vendas de armas deveriam ser "mais rígidas", outros 25% defendem que elas deveriam continuar como estão e 8% que entende que elas deveriam ser "menos rígidas.

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O levantamento indicou que o apoio a regras mais rígidas para a venda de armas está em seu patamar mais alto desde março de 2018, mas ainda está longe do pico da série histórica da Gallup, de 1990, quando 78% da população afirmou que o país deveria ter regras mais rígidas para regular a venda de armas.

A Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), organização que trabalha pelo lobby das armas e de sua comercialização, publicou no dia 4 de julho que os EUA estavam comemorando sua independência apenas porque "seus cidadãos estavam armados".

A NRA também compartilhou uma publicação de Ryan Fournier, fundador da organização "Estudantes por Trump", que afirmava que a Associação Nacional do Rifle "é mais uma vez a única organização na América que é culpada por crimes que seus membros nunca cometem."

Edição: Arturo Hartmann