Cadê a bilheteria?

Autoatendimento do metrô do Rio: “A máquina é confusa e ninguém auxilia”, diz usuário

Passageiros enfrentam filas e dificuldades para comprar bilhete em diversas estações do principal transporte da capital

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Ao todo, o metrô tem 41 estações, três linhas em atividade e 14 pontos de integração em 58 km de extensão - Foto: Reprodução

O metrô é um dos principais meios de transporte na cidade do Rio de Janeiro. Antes da pandemia, o modal era responsável pelo deslocamento de cerca de 900 mil pessoas por dia. Ao todo são 41 estações, três linhas em atividade e 14 pontos de integração em 58 km de extensão.

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Apesar de ser considerado o melhor serviço de transporte de massa no Rio de Janeiro, as reclamações de usuários sobre atrasos, interrupções do serviço, fechamentos das bilheterias e falta de profissionais para auxiliar no autoatendimento durante a compra da passagem tornaram-se frequentes. 

O estudante Rafael Nascimento é morador do bairro de Paciência, na zona Oeste, e sempre utiliza o modal para visitar o pai com o irmão mais novo. O jovem não possui o RioCard (cartão do sistema de bilhetagem eletrônica do estado do Rio) e contou à reportagem que passou por problemas ao fazer a compra do bilhete em uma estação de autoatendimento do metrô em Coelho Neto. 

“O caixa está fechado, ai eu não sei o que fazer, tem que ir para as máquinas para usar o dinheiro. A máquina me deixa um pouco confuso e não tem um funcionário do metrô para auxiliar”, comenta Rafael que não possui cartão bancário e depende apenas do dinheiro para comprar o bilhete que custa R$ 6,50. 

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Além da dificuldade para utilizar a máquina, os passageiros alegam que, em horários de pico, formam-se filas longas para a compra do bilhete.

“Às vezes você não tem tempo de ficar na máquina e já está em cima para ir trabalhar, com a hora certa. É complicado e atrapalha realmente. Às vezes está lotado e não dá vazão. Abrir a bilheteria facilitaria a vida do trabalhador”, destaca o vigilante Alípio Melo, morador do bairro de Rocha Miranda, na zona Norte, que utiliza diariamente o metrô na estação de Coelho Neto.

O Brasil de Fato foi até o metrô e constatou que na terça-feira (5), no fim da tarde e início da noite, nas estações do Flamengo, na zona Sul; em Coelho Neto, na zona Norte e na Carioca, no centro da capital fluminense, as bilheterias do Metrô Rio não estavam funcionando. 

Todas as três estações estavam com cartazes escrito “fechadas”. Na Carioca, houve a orientação de uma funcionária da empresa para ir ao terminal de autoatendimento para efetuar a compra do bilhete. Havia um funcionário auxiliando os passageiros com o serviço nas máquinas. Porém, nas estações do Flamengo e Coelho Neto não havia nenhum profissional nos terminais de compra por dinheiro ou cartão. 

Interrupções nas viagens

Outra falha recorrente apontada por passageiros durante as viagens são as interrupções dos serviços. Na quarta-feira (29), usuários reclamaram que entre as estações de São Cristóvão e Cidade Nova, na linha 2, as composições pararam sob a alegação de falta de energia. O problema foi relatado nas redes sociais do metrô.

 

 

Lucimar Pimenta é trabalhadora doméstica. Ela conta que em condições normais, leva 1h20 da sua casa em Guadalupe, na zona Norte do Rio, até o seu local de trabalho no Leblon, na zona Sul da cidade, mas que tem chegado atrasada no serviço com mais frequência devido à interrupções na viagem. 

“A maior parte dos problemas é que [o trem] para nos ramais e demora. Hoje [5] mesmo parou em Triagem e ficou 45 minutos parado e a gente que tem horário para pegar no trabalho fica difícil. Muita das vezes eu já cheguei atrasada”, desabafa. 

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O Brasil de Fato procurou o Metrô Rio para um posicionamento sobre as reclamações dos usuários. Por meio de nota, a empresa informou que vem acompanhando a evolução tecnológica mundial, oferecendo canais digitais, como máquinas de autoatendimento em todas as suas 41 estações, recargas online por meio do seu site e aplicativo e a possibilidade da aquisição de passagens por aproximação, através da tecnologia NFC (Near Field Communication), tecnologia sem fios de troca de informações por aproximação). 

Segundo a concessionária, "nos horários de alta demanda, as bilheterias das estações funcionam para atendimento aos clientes".

Em relação ao bicicletário, a Metrô Rio informou que estuda permanentemente os locais estratégicos de instalação dos equipamentos de acordo com a necessidade de demanda de cada estação.

Sobre os intervalos de trens na linha 2, a empresa ressaltou que a operação segue em pleno funcionamento com a oferta máxima da frota de trens, em horário regular e com todas as estações abertas.

Nova empresa

A concessionária Metrô Rio é a responsável por operar e administrar as linhas 1 e 2 que circulam entre a zona Sul, Norte e Centro da cidade e desde 2016 opera a linha 4 que vai até a Barra da Tijuca, na zona Oeste. As expansões da rede metroviária e aquisição de novos trens são de responsabilidade do governo do estado. Em 2019, o Metrô Rio lucrou cerca de R$ 1 bilhão, em 2020 esse número também caiu, para R$ 600 milhões.

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A Metrô Rio fez parte do Grupo Invepar – Investimentos e Participações em Infra-Estrutura S.A, responsável também pela administração e operação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) até novembro do ano passado quando o Mubadala, fundo soberano de Abu Dhabi, assumiu o controle da concessão do Metrô Rio e Metrô Barra.

A operação foi avaliada em R$ 1,8 bilhão, houve troca de parte da dívida da Invepar com o Mubadala. O controle das duas empresas agora passou para a Hmobi, holding de investimentos em mobilidade urbana, na qual Mubadala detém 51,5%.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Mariana Pitasse