DIREITOS

Bancos vão analisar pedido de inclusão do tema assédio sexual na convenção coletiva de trabalho

Comissão especial da Câmara dos Deputados aprova PEC do Estado de Emergência, mais conhecida como PEC Kamikase

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Trabalhadoras fizeram nesta semana protestos pelo país para que não se repitam episódios como os da Caixa - Sind. Bancários SP

Na terceira rodada de negociação relativa à campanha salarial, representantes do Comando Nacional dos Bancários conseguiram o compromisso das empresas de analisar a reivindicação de incluir na convenção coletiva um artigo específico sobre assédio sexual. O tema ganhou ainda mais força depois do episódio que resultou na saída de Pedro Guimarães da presidência da Caixa Econômica Federal, na semana passada.

“Os recentes casos de assédio sexual no sistema financeiro demonstraram a necessidade urgente de avançarmos nesta pauta, do combate ao assédio sexual e moral”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, integrante do Comando Nacional. “A série de denúncias divulgadas pela imprensa, de assédios promovidos pelo alto escalão da Caixa, determinou o afastamento de Pedro Guimarães da gestão do banco e está dando força às vítimas, para não se calarem. Inclusive, estamos recebendo mais relatos, que estão sendo apurados”, acrescentou.

Pela proposta dos bancários, as denúncias de assédio seriam apuradas por comissões bipartites, formadas por integrantes dos sindicatos e das empresas. “Queremos ter acesso a todas as denúncias envolvendo o trabalhador, inclusive no canal dos bancos. Isso também inclui acompanhar a proteção e assistência às vítimas e a punição dos culpados. As denúncias que aconteceram na Caixa deixaram claro a importância de ter transparência em todo o processo de apuração, com o acompanhamento dos sindicatos”, reforçou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, Ivone Silva, também coordenadora do Comando.

Realizada nesta quarta-feira (6), a terceira reunião discutiu o tema igualdade de oportunidades. Assim, os sindicalistas lembram que as mulheres ocupam 49% dos aproximadamente 400 mil postos de trabalho e recebem, em média, salários 23% menores que os dos homens. E há mais bancárias com ensino superior completo (78% do total) do que bancários (73%).

Além disso, as pessoas pretas são apenas 3,4% da categoria e as pardas, 21,3% – a classificação é adotada pelo IBGE. Mulheres negras recebem o equivalente a 58% dos rendimentos obtidos pelos homens brancos.

Contra o preconceito

“O debate da igualdade de oportunidades é muito mais que um debate interno da categoria, é um debate civilizatório”, ressaltou o secretário de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Elias Jordão. “E nós, enquanto uma das categorias mais organizadas do país, podemos e devemos dar a nossa contribuição à sociedade cobrando medidas mais efetivas dos bancos no combate a todo e qualquer tipo de preconceito e de violência, inclusive e principalmente no combate ao assédio sexual dentro do sistema financeiro.”

Também hoje, pela manhã, Juvandia e Ivone participaram de audiência pública contra o Projeto de Lei 1.043/19, que permite a abertura de agências bancárias aos sábados e domingos. O tema não deve ser posto em votação na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara durante o período eleitoral. Amanhã, outra audiência discute a Medida Provisória (MP) 1.116, editada em maio, que segundo os bancários prejudica o acesso aos jovens e reduz direitos das mulheres no mercado de trabalho.

Confira as principais notícias desta quinta (07/07), no áudio acima.

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