Paraná

FASCISMO NO BRASIL

Opinião. A luta de Bolsonaro é pela normalização do absurdo

Um dos comentários sobre a morte de Marcelo Arruda dizia “pouco importa o que aconteceu, eu sempre seguirei Bolsonaro”

Curitiba (PR) |
Bolsonaro simplesmente atira o país na falta de rumo e de projetos - Giorgia Prates

Mesmo quando estava claro que a Alemanha nazista perderia a guerra, Hitler ainda possuía fiéis seguidores. Enquanto muitos morriam nas frentes de batalha, os seguidores mais fiéis só pensavam em como seria terrível ter de viver numa Alemanha sem Hitler.

Nenhuma das atrocidades da guerra, das decisões mesquinhas que causaram tanta dor e sofrimento, foi capaz de mover esses corações de uma paixão desenfreada por Hitler. A paixão nos cega. Nos cega porque só enxergamos aquela pessoa. E tudo no mundo parece que é relacionado àquela pessoa.

Bolsonaro sabe disso, sabe que os apaixonados só pensam nele e tudo relacionam com ele. É por isso que você vai até a página de comentários de uma pessoa morta por um bolsonarista e os comentários são “mas e o Lula?”.

Um homem que ocupou o cargo de primeiro-ministro do Japão foi assassinado e quando Bolsonaro foi prestar suas condolências, ele não falava do assassinado e da dor dos familiares, mas de coisas relacionadas ao que pode atrapalhar o bolsonarismo.

Bolsonaro sabe que ele tem um séquito de apaixonados. Um dos comentários sobre a morte de Marcelo Arruda dizia “pouco importa o que aconteceu, eu sempre seguirei Bolsonaro”.

O texto que escrevo sequer deveria existir. Deveríamos agora estar lamentando a morte de uma pessoa e pedindo por formas de evitar que isso se repita. Devíamos estar repreendendo um homem que diz que o Brasil é dividido em amigos e inimigos, que em sua campanha dizia “vamos matar a petezada aqui do Acre!”.

Morreu um da petezada aqui do Paraná. O bolsonarismo está nos tirando as medidas. Em vez de lamentarmos mortes e tentarmos evitar mais mortes, estamos defendendo paixões. Como se discute com um apaixonado? Como fazer enxergar quem está preso em um feitiço? A luta de Bolsonaro é pela normalização do absurdo.

Nunca houve um governo tão corrupto, mas tudo é válido para quem é apaixonado por um homem que só é apaixonado por si mesmo. Bolsonarismo é fascismo. E fascismo é coordenação de ódios e paixões. É cegueira que se escolhe. A história não se repete, mas todas as vezes que um povo decidiu por esse caminho o resultado foi de muita dor e tristeza. O Brasil nunca foi tão triste.

E o Bolsonarismo continua sorrindo por ver os outros sofrerem.

Edição: Pedro Carrano