Reforma Agrária

MST inaugura agroindústria de derivados de milho sem transgênicos no Paraná nesta sexta (15)

No total, a agroindústria terá a capacidade de beneficiar 24 toneladas de derivados de milho não transgênicos por dia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Do milho, serão produzidos fubá, farinha de milho biju, canjica amarela e canjiquinha xerém, sob a marca Campo Vivo - Juliana Barbosa/MST

Nesta sexta-feira (15), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) irá inaugurar a agroindústria de derivados de milho livre de transgênicos da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), localizada no Assentamento Eli Vive, no distrito de Lerroville, a cerca de 50 quilômetros de Londrina (PR).

Continua após publicidade

No total, a agroindústria terá a capacidade de beneficiar 24 toneladas de derivados de milho não transgênicos e agroecológicos por dia, produzindo fubá, farinha de milho biju, canjica amarela e canjiquinha xerém, sob a marca Campo Vivo. Os resíduos serão transformados em reação para animais. Nos próximos cinco anos a agroindústria também deve ampliar a produção para quirerinha, canjica branca e flocão.

"A expectativa é que a gente tenha todos esses produtos, que além de muito gostosos, que sejam agroecológicos, com capacidade de venda e com preço justo e de fácil acesso para toda população", explica Fábio Herdt, presidente da Copacon e assentado na comunidade.

"Já iniciamos o processo de certificação da indústria para receber milho orgânico aqui de diversas áreas, não só do assentamento. Tem um raio de abrangência de 300 quilômetros, então é possível ter sócios em toda essa região", explica.  

Leia mais: Salvando nascentes e fazendo agroecologia: conheça o assentamento Eli Vive, do MST no Paraná 

Hardt também fala sobre a prioridade aos produtos de milhos orgânicos, pelo qual a agroindústria irá pagar 30% a mais em cima do valor original. Além disso, há um acompanhamento mais próximo do agricultor a fim de garantir a produção sustentável e de qualidade.

Hoje vivem 501 famílias distribuídas em 7,5 mil hectares no Assentamento Eli Vive, a maior área de Reforma Agrária em região metropolitana do Brasil. Entre as linhas de produção dos assentados, estão: leite, hortaliças, café, panificação, frutíferas e grãos, principalmente milho. Parte dos assentados, inclusive, já têm a certificação de produção orgânica e agroecológica.

A Copacon existe no assentamento desde 2015 e conta com cerca de 360 família associadas, de 13 municípios diferentes. Segundo Hardt, hoje são três linhas de comercialização dos produtos de assentados. Uma é a de hortifruti, que engloba hortaliças, frutas e tubérculos; a segunda é a dos feijões, preto e carioca, produzidos dentro do assentamento Eli Vive e em outros locais do Paraná; e a terceira linha é da agroindústria dos derivados do milho livre de transgênicos.

:: Agroecologia nas eleições: movimentos atuam para ampliar debate sobre o tema ::

Na última safra, a cooperativa comercializou 15 mil sacas de milho, 10 mil de soja e 10 mil de feijão preto e carioquinha. Toda semana, vende 15 toneladas de alimentos diretamente na Central de Abastecimento (Ceasa). Por mês, são 80 mil litros de leite. Os alimentos também são entregues ao Programa de Alimentação Escolar (PNAE), fazendo chegar 10 toneladas por semana a 100 escolas de Londrina e região.

A estrutura da agroindústria recebeu um investimento de cerca de R$ 5 milhões, sendo a maior parte de recursos próprios e do Programa de Financiamento Popular da Agricultura Familiar para Produção de Alimentos Saudáveis (FINAPOP), e de R$ 600 mil proveniente do governo paranaense.

Edição: Nicolau Soares