Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • Nacional
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • |
  • Política
  • Direitos
  • Opinião
  • Cultura
  • Socioambiental
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Bem Viver Cultura

Saber indígena

Alimento e cura: o poder ancestral do óleo de Batiputá

Povo Tremembé da Barra do Mundaú compartilha sua cultura e espiritualidade com as novas gerações

31.jul.2022 às 17h11
Fortaleza (CE)
Camilla Lima
óleo curativo

O óleo do Batiputá possui propriedades curativas, é utilizado na preparação de alimentos e em rituais do povo Tremembé da Barra do Mundaú - Frame do VT

O fruto é pequenininho, mas a potência do óleo que se extrai dele ultrapassa gerações. Batiputá o nome, planta nativa da Barra do Mundaú, no Ceará, que há mais de 300 anos vem sendo utilizado pelo Povo Tremembé: “para nós é reconhecido como o óleo milagroso que pra tudo serve, tudo cura. Então a gente diz que o óleo do batiputá é o óleo que alimenta e cura. Ele identifica quem somos porque ele é uma forma importante de conexão com o território sagrado, ele é uma forma importante de nos identificar enquanto povo naquele território”, explica a jovem liderança indígena, Mateus Tremembé. 

Pelos seus poderes curativos e espirituais, o óleo de Batiputá é usado em vários dos rituais da etnia, mas com o tempo, o Povo Tremembé descobriu também o sabor marcante e a acidez do óleo que virou ingrediente indispensável na culinária da comunidade. Como nos conta deliciosamente, Mateus: “a gente colhe o feijão, cozinha o feijão. Depois coloca uma colherzinha da banha do batiputá, coloca uma farinha e ali você faz um “molequezinho” (amassando com a mão) do feijão maduro e come, é uma delícia! O peixe frito no óleo de batiputá não tem comparação com o peixe frito em óleo industrializado, porque ele tem um sabor especial, ele tem um cheiro especial’’. 

Confira VT da matéria

Só que com o passar dos anos, seu uso foi diminuindo entre as novas gerações que já não participavam mais do ritual de confecção do óleo. Foi aí, que o Mateus Tremembé resolveu tornar o fruto objeto de pesquisa, com a ideia não só de resgatar a sabedoria ancestral sobre o uso do óleo de batiputá, mas também de perpetuá-la: “anteriormente à pesquisa, o óleo de batiputá era preparado somente pelas mulheres mais velhas e pelos homens mais velhos da aldeia, os agricultores. Não tinha a participação da juventude nesse processo, e isso me preocupou bastante porque eu já tinha 24 anos, na época, e me preocupava porque eu não sabia fazer o óleo do batiputá, minha mãe e meu pai sabiam, mas eu não sabia, isso não era uma obrigatoriedade, que o jovem soubesse fazer esse beneficiamento”, explica. 

A pesquisa foi elaborada junto com profissionais da Escola de Gastronomia Social, do Governo do Ceará, que adentraram o território indígena para ajudar a sistematizar o processo de extração e pensar maneiras de (re)unir as gerações em torno desse ritual. “Quando o Mateus chega no laboratório da escola, certamente ele pensa uma relação entre tradição e inovação, em como fazer os jovens do território compreenderem a importância do óleo do batiputá e fazerem a manutenção. A gente deu todo o suporte, eles se organizaram, fizeram a plantio, fizeram o colheita e hoje eu diria que a gente conseguiu fazer com que o saber, que era um saber centralizado entre os mais velhos, pudesse, de forma sistematizada, ser colocado em evidência entre os mais jovens”, pontua a coordenadora de Cultura Alimentar da escola, Vanessa Moreira.

Saberes perpetuados que significam não só um resgate da ancestralidade, mas também um ato de resistência, como salienta o ecólogo Jerônimo Villas Bôas, um dos mentores do Mateus no laboratório da Escola: “momentos como esse, em que uma jovem liderança, uma figura como o Mateus traz luz para um elemento simbólico e significativo da cultura, da biodiversidade e da espiritualidade dos Tremembé, eu acho que é sempre um momento em que se alivia uma perspectiva das tensões e permite que eles olhem pra dentro do próprio território. Os Tremembé lidam com uma série de desafios pra permanecer naquele território, é uma luta política e todos os mecanismos possíveis de valorização, de sistematização do conhecimento e que garantam que os jovens sigam entendendo a razão de existir naquele território e a amplitude do que significa aquele território, eles são fundamentais”. 

Mateus divide ainda algo potente diante do futuro e do resguardo da sabedoria ancestral de seu povo: “eu acredito que a importância de se preservar está, sobretudo, na sustentabilidade e no acreditar no amanhã, acreditar no futuro. E nós, enquanto Povo Tremembé, acreditamos que essa tradição precisa permanecer viva porque ela é a conexão nossa com o passado, mas sobretudo com o futuro, o futuro que nós acreditamos, e que nós queremos!”.

Ele lembra um ditado que lhe foi compartilhado pelo seu avô: “os troncos velhos da aldeia da Barra do Mundaú sempre falam que – nós somos os daquele tempo e os daquele tempo são os de hoje -, então se nós somos os daquele tempo precisamos consumir o que os daquele tempo consumiam para que nossa identidade, nossa espiritualidade e nossa ancestralidade permaneça viva’’. 
 

Editado por: Camila Garcia
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Dia Nacional do Funk

No fundo, a mensagem é ‘fique longe do crime’, diz musicólogo sobre letras do funk

90 dias sem justiça

Três meses após PM matar senegalês Ngagne Mbaye, ambulantes vão às ruas de SP pelo fim da Operação Delegada

ENERGIA

Nova medida provisória tenta evitar alta na conta de luz após derrubada de vetos

MORADIA

Moradores da ocupação Porto Príncipe fecham avenida em SP contra ordem de despejo

FLUXO DAS ÁGUAS

No Recife, oficina gratuita de dança desafia participantes a verem o corpo como água; inscrições se encerram neste sábado (12)

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.