democracia abalada

Datafolha: 56% dos eleitores acreditam que Bolsonaro tentará um golpe

Entre os bolsonaristas, apenas 6% creem nas ameças do presidente; 54% relatam ter sofrido ameaças por falar de política

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
No dia 18 de julho, Bolsonaro atacou o sistema eleitoral brasileiro em reunião com 40 embaixadores - CLAUBER CAETANO / BRAZILIAN PRESIDENCY / AFP

A maioria dos brasileiros leva a sério as ameaças golpistas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo dados da pesquisa Datafolha divulgada nesta semana, 56% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro pode tentar um golpe, contra 37% que não crê na possibilidade.

Curiosamente, os bolsonaristas se mostram mais céticos quanto à possibilidade do presidente levar a cabo as constantes ameaças que faz contra a democracia e as eleições. Entre as pessoas que declaram votar em Bolsonaro, 90% não acreditam no golpe, e apenas 6% veem o presidente agindo nessa direção. 

Entre o eleitorado de Lula, a situação é vista com maior gravidade: 58% creem em uma tentativa de golpe e 35% a descartam.

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Quando perguntados se os ataques de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal e à Justiça eleitoral devem ser levados a sério, 56% acreditam que sim, contra 36% que não mostram preocupação. 

Novamente, o problema é visto com mais seriedade pelos eleitores de Lula. Entre eles, 61% entendem os ataques do presidente contra as urnas eletrônicas e a Justiça eleitoral como algo sério, enquanto 33% não dão tanta importância. Entre quem declara votar em Bolsonaro, 50% consideram as ameaças algo que merece atenção, contra 40% que têm opinião contrária. 

Clima de tensão

O Datafolha também avaliou como o clima mais agressivo afetou a relação das pessoas com a política no dia a dia. Segundo a pesquisa, 54% dos eleitores afirmaram ter vivido alguma situação de constrangimento, ameaça física ou verbal em razão de suas posições políticas nos últimos meses. 15% disseram já ter recebido ameaça verbal e 7%, física. 

O clima levou 49% dos eleitores a deixar de conversar sobre política com amigos e familiares para evitar conflitos nos últimos meses.  

Como esperado, o contingente é mais alto entre simpatizantes do PT (63%), eleitores de Lula (58%), mais instruídos (62%), que reprovam o governo Bolsonaro (62%), autodeclarados pretos (60%) e homossexuais e bissexuais (65%).

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Os lulistas também são os que mais deixaram de conversar sobre política com amigos ou família. 54% dos que declaram voto no ex-presidente disseram ter evitado o assunto, contra 40% entre os apoiadores de Bolsonaro. 

Também são os eleitores do PT que mais relatam ter recebido ameaças verbais: 19% entre os lulistas contra 12% entre bolsonaristas.

A pesquisa Datafolha, contratada pela Folha, ouviu 2.556 pessoas em 183 cidades do país entre quarta (27) e quinta (28). A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-01192/2022. 

Edição: Nicolau Soares