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Trump e Bolsonaro, signos de retrocesso histórico

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Para eles, a família só podia ser fortalecida se as mulheres não tivessem direitos iguais aos dos homens, nem no mercado de trabalho e nem com relação a seu próprio corpo. - Alan Santos/PR
Bolsonaro lotou todos os órgãos públicos com militares incompetentes

O trumpismo e o bolsonarismo são uma regressão humanista da sociedade moderna, em mais de cem anos, isto é, eles propõe um retorno aos primórdios do século XX nos EUA e no Brasil.

Preconceitos

Até a primeira metade do século XX, a democracia que norteou a fundação do Estado americano não removeu a velha ordem patriarcal em que a mulher deveria permanecer reclusa em casa. Uma mulher capaz de sustentar-se e de sustentar os filhos era uma ameaça ao casamento, pois este era uma instituição central, na qual os proprietários do mundo controlavam as pessoas que trabalhavam.

A homossexualidade também representava uma ameaça aos senhores, porque homens que não têm mulher, nem filhos para cuidar, não eram obedientes como os pais de famílias. Muitos não gostam de pobres, partindo do velho princípio puritano de que se você é bom, Deus irá enriquecê-lo. O que obviamente não é verdade.

Os “donos da pátria” buscam o seu fortalecimento, através da solidificação da família. Para eles, a família só podia ser fortalecida se as mulheres não tivessem direitos iguais aos dos homens, nem no mercado de trabalho e nem com relação a seu próprio corpo.

Do centenário da independência (1922) a ditadura militar

Em 1922, com a comemoração do primeiro centenário da Independência, boa parte da intelectualidade deu ao nacionalismo um caráter libertário da mentalidade colonialista. Buscaram uma nova estética que pudesse dar às artes brasileiras uma face própria.

No decorrer de todo o século XX, os intelectuais e artistas prosseguiram lutando pelos valores humanistas, combate aos preconceitos; desenvolvimento das ciências sociais e das artes de vanguarda.

Ditadura militar foi um hiato na trajetória de conquistas sociais

Na contramão do progresso humanista houve muita reação das elites do poder em defesa do establishment: os neofacistas com o nome de integralistas, (camisas verdes); o verde-amarelíssimo da União Democrática Nacional (UDN); a articulação Tradição, Família e Propriedade (TFP) e outros. 

Mas a partir da instalação da ONU, da proclamação dos direitos humanos e instalação da UNESCO, houve um combate contra todos os preconceitos e os ideais democráticos prevaleceram.

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A ditadura militar (1964-1885) foi um hiato na trajetória da democracia e conquistas sociais. A resistência à ditadura teve como lema principal a volta da democracia, não só política, mas a mobilidade social das classes subalternas, consolidadas pela Constituição Federal de 1988.

Trump

Dunald Trump, presidente dos EUA de 2017 a 2021, desde início de seu mandato tomou medidas no sentido de anular concepções e medidas democráticas.

Revogou benefícios sociais concedidos pelo Congresso e por Barack Obama, em face da crise de 2007/2008; relaxou normas ambientais para beneficiar produtores de petróleo; incentivou a aquisição de armas por civis e provocou aumento da violência policial contra pobres e negros; colocou em evidência o fascínio pela manutenção do país na condição de potência universal; tirou os EUA do acordo de Paris sobre o meio ambiente e aumentou o conflito diplomático com a China.

Praticamente, sua política faz renascer a chama da guerra fria e o conservantismo nos EUA.

Bolsonaro

Jair Bolsonaro, eleito em 2018 como presidente da República do Brasil, aproveitando-se do caos político provocado pela operação lava-jato, é o pior mandatário da República, desde Deodoro da Fonseca (1889/1891).

O governo dele só encontra similar no do Marechal Hermes da Fonseca, de 1910 a 1914, desde sua campanha eleitoral, na qual dividiu a sociedade em civilistas e militaristas.

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Bolsonaro lotou todos os órgãos públicos com militares incompetentes, em prejuízo para o tesouro e para os serviços públicos. Submeteu ministros e servidores públicos a humilhantes demissões sumárias, simplesmente porque estes optaram pelo cumprimento da lei e não aos seus interesses escusos.

Incentivou a posse de armas por civis o que redundou em aumento da violência policial e civil; empoderamento de milicianos e empresários do agronegócio. Pautou-se pelo negacionismo com relação à cultura progressistas e ciências de um modo geral. Agiu na contramão da modernidade negando princípios éticos estabelecidos. Desde o início de seu mandato declarou que ia impedir o IBAMA fiscalizar e multar empresas e indivíduos transgressores das normas de controle do meio ambiente.

Antônio de Paiva Moura é professor de História, aposentado da UEMG e UNI-BH. Mestre em História pela PUC-RS.

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

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Edição: Elis Almeida