Eleições 2022

Felipe D’Avila declara R$ 24,6 milhões de patrimônio e é o candidato à presidência mais rico

Assim como ocorreu em 2018, o presidenciável mais rico é do Novo. Na outra ponta, Péricles (UP), é quem tem menos bens

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
A ideia do Estado mínimo é latente no programa de governo do novista Felipe D'Avila - Reprodução/Facebook

O Novo, mais uma vez, mostra que é o partido que representa a elite financeira do país e apresenta o candidato à Presidência da República mais rico. Luiz Felipe D’Avila informou à Justiça Eleitoral que possui R$ 24,6 milhões em patrimônio.

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Em sua declaração, D’Avila informa que é proprietário de duas casas, que somam R$ 3,1 milhões, além de participações em empresas que chegam a R$ 20 milhões e R$ 238 mil em aplicações de renda fixa.

Por restrições impostas pelo novo texto da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os candidatos não são mais obrigados a detalhar o patrimônio. Por conta disso, as declarações ficaram genéricas.

Essa é a primeira eleição que D’avilla disputa. Não, há, portanto, como comparar sua fortuna com outras declarações patrimoniais entregues à Justiça Eleitoral. O mesmo acontece com Roberto Jefferson (PTB), que divulgou bens no valor de R$ 745 mil.

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Em 2018, o presidenciável mais rico era João Amôedo, também do Novo, que declarou, na época, que acumulava R$ 425 milhões em bens. Henrique Meirelles, com R$ 337 milhões, era o mais próximo do novista.

Em 2022, o segundo colocado na relação dos mais ricos é Pablo Marçal, que pode não concorrer às eleições. O candidato do Pros, que declarou R$ 16,9 milhões em patrimônio, está no meio de um imbróglio do partido. Marcus Holanda comanda o setor da legenda que pretende alçar Marçal a candidato à presidência. Do outro lado, está Eurípedes Jr, liderança antiga do Pros, que pretende abdicar da candidatura e apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida eleitora.

Em terceiro está justamente o candidato petista, que acumula R$ 7,7 milhões em bens, seguido por Jair Bolsonaro (PL), R$ 3,3 milhões, Ciro Gomes (PDT), que declarou R$ 3 milhões, Simone Tebet (MDB), que tem R$ 2,3 milhões em bens e José Maria Eymael (DC), que possui R$ 1,5 milhão.

Abaixo de R$ 1 milhão estão Sofia Manzano (PCB), que declarou R$ 498 mil; Vera Lúcia (PSTU), com R$ 8 mil; Soraya Thronicke (União Brasil), que afirmou possuir R$ 783 mil e Leonardo Péricles (UP), que acumula R$ 197,31.

Crescimento patrimonial

Soraya Thronicke (União) é a presidenciável que mais acumulou riqueza, no último período. Entre 2018, quando declarou possuir R$ 10 mil e 2022, seu patrimônio cresceu 7.776%. Ciro Gomes, que declarou R$ 1,6 milhão na última eleição presidencial, teve um crescimento de 80%.

Simone Tebet, que em 2014 declarou possuir R$ 1,5 milhão, viu seus bens aumentarem 48% até a eleição desse ano. Bolsonaro, que tinha R$ 2,2 milhões em bens, teve evolução patrimonial de apenas 1,35%.

Leandro Péricles (-80%), Eymael (-74%), Vera Lúcia (-55%) e Lula (-7%) reduziram seus patrimônios, entre uma eleição e outra.


Trajetória

D’Avila costuma dizer que preza pelo conhecimento e que a população deve saber a história do próprio país. Como outros políticos brasileiros, a história da família do candidato do Novo representa, em certa medida, a história do Brasil. Ele é filho de Aluízio D’Avila e de Maria Christina Pacheco Chaves.

Sua mãe é filha do deputado federal João Pacheco e Chaves, quadro histórico do MDB que atuou para que o café se tornasse o principal produto brasileiro de exportação, quando foi presidente do Instituto Brasileiro do Café (IBC). Na política, o avô do candidato atuou na Comissão de Agricultura e Política Rural da Câmara dos Deputados.

João Pacheco e Chaves é filho de Jorge Pacheco e Chaves, bisavô de D’Avila. Jorge, por sua vez, é filho de Elias Antônio Pacheco e Chaves, trisavô de D’Avila. Elias era fazendeiro de café importante da República Velha e foi vice-prefeito da ainda província de São Paulo por duas vezes, nomeado por carta imperial. Neste cargo, trabalhou na defesa de políticas conservadoras.

Junto de seu cunhado, Antônio da Silva Prado, Elias fundou uma das principais empresas exportadoras de café do Brasil, a Companhia Prado e Chaves. Era dele também o Palácio dos Campos Elíseos, no centro da capital paulista, cuja arquitetura demonstra como vivia a classe dominante da época, sob influência europeia.

O candidato do Novo também é irmão do deputado estadual de São Paulo Frederico D'Avila, do Partido Liberal, o mesmo que abriga o presidente Jair Bolsonaro. Vice-presidente da Aprosoja Brasil, foi eleito "com a força do setor da agricultura e com o apoio da população do sul e do sudoeste paulista".

O caminho extenso pela árvore genealógica do empresário demonstra que ele pertence a uma família que representa de forma fidedigna parte da estrutura do país: donos de terras que exportam produtos brasileiros e que atuam, ao mesmo tempo, na política.

Mais de 100 anos após a morte do trisavô de D’Avila, uma parte da representação política no país segue esse mesmo modelo: 241 deputados e 39 senadores, de um total de 513 e 81 parlamentares, respectivamente, fazem parte da Frente Parlamentar da Agropecuária. A FPA, conhecida anteriormente como Frente Ampla Ruralista, tem como objetivo "estimular a ampliação de políticas públicas para o desenvolvimento do agronegócio nacional".

Apesar de nunca ter se candidatado a um cargo público anteriormente – nas eleições para o governo de São Paulo em 2018 seu nome chegou a ser cogitado dentro do PSDB, ao qual era filiado – a agenda pregada por D’Avila é de desenvolvimento do agronegócio.

"A agricultura do Brasil precisa voltar a ser a mais competitiva do mundo. E conciliar meio ambiente com agronegócio é o caminho para atrair investimentos, gerar empregos, desenvolver as regiões mais pobres e impulsionar a nossa economia", publicou em seu perfil no Instagram ao anunciar sua participação na AgriShow. O evento é uma das maiores feiras agropecuárias do mundo, que conta com a presença de empresários que têm peso no setor, como Blairo Maggi, conhecido como "rei da soja", que é dono do Grupo Amaggi, uma das grandes exportadoras de soja do país.

Edição: Thalita Pires