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MP avança contra família de presidente do Peru e acusa primeira-dama de corrupção

Promotor acusa familiares de Pedro Castillo de corrupção após presidente vencer duas tentativas de impeachment

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O presidente do Peru, Pedro Castillo, e primeira-dama, Lilia Paredes - Chandan Khanna / AFP

A crise política no Peru se aprofunda e começa a atingir familiares do presidente Pedro Castillo. O Ministério Público solicitou a proibição de viagens ao exterior pelos próximos 36 meses para a primeira-dama, Lilia Paredes, assim como dos seus irmãos Walter e David Paredes e do empresário Hugo Espino. Todos são vinculados a denúncias de uma suposta rede de corrupção dentro do atual governo. 

A cunhada do presidente, Yenifer Paredes, também está detida, de maneira preventiva, há 12 dias e a justiça decide nesta terça-feira (23) se atende o pedido de estender a prisão preventiva por 36 meses. No dia 10 de agosto, o MP também executou uma ordem de busca e apreensão no Palácio do Governo e prendeu José Medina, prefeito de Angía, na região de Chota, onde nasceu o atual presidente.

Este é um dos cinco expedientes abertos pelo MP peruano contra o atual mandatário.

O procurador Hans Aguirre acusa os investigados de fazerem parte de uma suposta rede criminosa dedicada a criar licitações públicas fraudulentas para facilitar empresas privadas na concessão de obras nos estados de Lima e Cajamarca.

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No início do mês, Castillo foi impedido pela justiça de viajar a Bogotá para acompanhar a cerimônia de posse presidencial de Gustavo Petro e Francia Márquez. Agora o chefe de Estado reitera que está sendo vítima de um caso de perseguição judicial.

"Com mentiras de suposta fuga, pretendem montar um pedido de impedimento de saída do país de minha esposa, Lilia Paredes. Alguém que é inocente não pode oferecer risco de fuga. Ela permanece no Peru, porque aqui estão sua família, seus filhos, irmãos, porque não tem nada a temer", publicou o mandatário.

E agregou que a primeira-dama está disposta a esclarecer acusações e entregará seu passaporte de forma voluntária. 

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O presidente já ofereceu depoimentos sobre o caso Ponte - Tarata III, uma das obras investigadas pelo MP, e volta a dar declarações no dia 5 de setembro pela investigação de supostas irregularidades na aquisição de combustível pela estatal PetroPeru.

"Lamentamos que agora os dirigentes sejam criticados e perseguidos por levantar sua voz exigindo justiça, educação e saúde para todos. Seguiremos trabalhando para gerar uma verdadeira mudança no país. As mentiras não irão derrubar esse governo", disse Castillo. 

Em resposta, a bancada parlamentar do partido Peru Livre solicitou o afastamento da Procuradora-Geral da República, Patricia Benavides Vargas, e sua inabilitação política por oito anos, acusando-a de abuso de autoridade e obstrução da justiça.

O pedido se baseia na decisão de Benavides de destituir outra promotora de justiça do MP que investigava a irmã da atual Procuradora-Geral, Emma Benavides Vargas. "Tudo indica que foi para obstruir a investigação que estava sendo realizada contra a sua irmã", apontam no pedido de afastamento.

Patricia Benavides assumiu o cargo em junho dizendo que o MP "deveria atuar com firmeza nas investigações penais para tomar decisões e mostrar aos cidadãos que somos um corpo de luta institucional contra o uso corrupto e abusivo do poder".

Agora o Congresso do Peru deverá votar o pedido do Peru Livre, antiga legenda do presidente Pedro Castillo.

* Com informação de RPP Noticias, La República, Telesur e Agência Andina.

Edição: Thales Schmidt