Filho é filho

Pais e filhos por adoção compartilham suas histórias no Radinho BdF

Quais as delícias e os desafios das famílias que nasceram por meio da adoção? Confira pela voz das crianças

Ouça o áudio:

No Brasil, 3.7 mil crianças esperam pela adoção e 33 mil adultos querem adotar - Canva Premium
Você passa a se ver como uma pessoa forte, acolhida e amada

Como é a sua família? Elas têm composições bem diferentes: uma mãe e um pai, duas mães, dois pais ou apenas um deles. As vezes é uma tia ou uma avó quem cuida da criança. Mas uma coisa todas elas têm em comum: o desejo de estar perto e cuidar umas com as outras. Por isso, no Brasil, todas as crianças têm direito a ter uma família e a conviver e ser educada por ela.

Mas nem sempre a mãe que ficou grávida do bebê e o pai querem ou podem ficar com a criança ao nascer. Quando isso acontece, o Estado procura outros adultos dispostos a cuidar daquele menino ou menina. E aí uma nova família se forma e eles começam a encontrar coisas que gostam de fazer juntos e a escrever sua própria história. E são elas que recheiam a edição de hoje (24) do Radinho BdF.

“Uma das primeiras coisas que meus pais me ensinaram quando me levaram para casa foi a nadar”, conta Bernardo, que tem 10 anos. “No meu primeiro dia eu lembrei que meus pais foram me buscar e eu dei um pulo de alegria em cima deles! Aí eu entrei no carro e meu dindo me um presente. Logo que eu chegue, nossa cachorrinha veio correndo para me receber. Depois nós fomos na piscina e eu fiquei com medo aí meus pais me ensinaram a nadar e hoje seu muito bom nisso.”


Principal queixa de quem está na espera pela adoção é a demora e a burocracia / Canva Premium

Desafios e delícias

Antes do Bernardo encontrar seus pais e o restante da família, ele viveu em um abrigo: uma casa de acolhimento onde as crianças ficam para serem cuidadas até o momento da adoção. Pela lei brasileira elas deveriam ficar nos abrigos no máximo por 18 meses, porém na prática esse tempo pode demorar muito mais. O Bernardo, por exemplo, chegou no abrigo com 4 anos e só foi para a família dele com 7.

Atualmente, 3.751 crianças e adolescentes esperam pela adoção no Brasil, segundo Conselho Nacional de Justiça. Do outro lado, 33.046 adultos esperaram para adotar uma criança. A diferença é tão grande que porque quase 70% das crianças disponíveis para adoção tem mais de 8 anos de idade e a a maioria das pessoas que querem adotar desejam crianças pequenas, menores de 5 anos, e principalmente bebês. Por isso a conta não fecha.

“A adoção é quando você olha pra si mesmo e vê uma pessoa sozinha, desamparada e fraca, até quem vem alguém olha você de um jeito diferente. Isso faz você também se olhar de um jeito diferente, como uma pessoa forte, acolhida e amada”, conta Bernardo.

Processo de adoção

Quando um adulto decide ter um filho por via da adoção, o primeiro passo é procurar a Vara da Infância e da Juventude da cidade onde mora, instituição responsável por fazer o cadastro da pessoa e dar as primeiras orientações.

A partir daí começa um caminho que pode ser longo e bastante burocrático. A principal queixa de quem está nesta espera é a demora e as burocracias enfrentadas. Por isso, o promotor de Justiça Sávio Bitencourt criou, junto com sua companheira, o Instituto Quintal de Ana, um espaço para acompanhar e acolher as famílias que estão esperando um filho ou uma filha através da adoção.

“O sistema jurídico é lento para reconhecer a necessidade de tirar criança da família biológica e encaminhar para a adotiva. Quanto mais rápido a gente fizer isso, menos a criança fica vulnerável”, diz. “Nós estamos lutando para que esse tempo encurte e a Justiça reconheça com mais agilidade quando a família de origem pode ou não ser recuperada. As vezes essas pessoas não tem condições de criar com responsabilidade e precisamos definir isso de forma mais rápida.”

Vitrolinha BdF

A criançada já pode começar a dançar ao som de “Família”, dos Titãs, “A Casa é Sua”, do Arnaldo Antunes, “Família”, da Rita Rameh e do Luiz Waack e “Amor de Adoção”, do Mundo Bita e do Milton Nascimento, que também é um filho via adoção.

Na hora da história, as crianças conhecem “Filho é Filho”, de Mari Muradas, lido pela própria autora, que também é filha por adoção.


Toda quarta-feira, uma nova edição do programa estará disponível nas plataformas digitais / Brasil de Fato / Campanha Radinho BdF

Sintonize

O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.

Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].

Edição: Camila Salmazio