Eleições estaduais

Cenário da eleição para governo da Bahia está em aberto, aponta cientista político

Para Cláudio André de Souza, candidatura de Jerônimo Rodrigues (PT) tem tendência a ganhar fôlego na reta final

Brasil de Fato | Feira de Santana (BA) |
Para Cláudio André de Souza, o alinhamento com os candidatos à presidente é um fator importante para a escolha do governador - Montagem

Na última semana, os diferentes resultados das pesquisas eleitorais sobre as intenções de voto para governador da Bahia levantaram dúvidas e questionamentos, tanto dos partidos quanto do público. No dia 24 de agosto, o Instituto AtlasIntel divulgou cenário em que o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, aparece pela primeira vez na liderança com 38% das intenções de voto, enquanto ACM Neto, do União Brasil, aparece com 35,6%. Com a margem de erro de dois pontos percentuais, o que se aponta é um empate técnico entre os dois políticos.

No mesmo dia, o DataFolha divulgou pesquisa com resultado bem distinto. Segundo o levantamento encomendado pelo grupo Metrópole, o candidato do União Brasil lidera a disputa com 54% das intenções de voto, uma ampla margem em relação ao petista, que acumula 16% das intenções do eleitorado. Resultado semelhante foi apontado pelo Instituto Ipec, que no dia 26 de agosto divulgou resultados que apontam ACM Neto com 56% e Jerônimo Rodrigues com 13% das intenções. Em ambas as pesquisas, a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Diferentes metodologias de análise

O cientista político Cláudio André de Souza analisa que uma das razões para a diferença nos resultados pode ser as diferentes metodologias utilizadas para a coleta de dados. “O que acontece é que o instituto AtlasIntel tem uma metodologia diferente de aplicação, é feita pela internet. Isso pode gerar uma perspectiva de chegar num público mais habituado à internet, diferente de outros que têm menos experiência em responder questionários online”, explica.

Além disso, a relação do candidato com o partido pode ser um diferencial para a resposta do público. "Eu acho que o que a pesquisa AtlasIntel encontra é uma tendência de crescimento de Jerônimo, porque ele já aparece na pesquisa mais à frente, mais próximo de ACM Neto. Quando se tem uma vinculação a Lula, a tendência é que Jerônimo apresente um crescimento significativo. Acho que vai ser dessa forma que a gente vai ver nas próximas rodadas, uma tendência de crescimento de Jerônimo independente do instituto de pesquisa”, aponta o professor.

A pesquisa AtlasIntel colheu as opiniões de 1,6 mil pessoas em 332 municípios, de 18 a 23 de agosto, por meio de recrutamento digital aleatório, com índice de 95% de confiança. A sondagem está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BA-05229/2022.

O Datafolha realizou 1008 entrevistas presenciais em 63 municípios dentro do nível de confiança de 95%. A pesquisa está registrada no TSE com os códigos BA-01548/2022 e BR-05675/2022.

Já o Ipec fez levantamento com 1.008 entrevistados de forma presencial entre os dias 23 e 25 de agosto. A pesquisa está registrada no TSE com o código BA-02873/2022 e o índice de confiança é de 95%. 

Reação dos partidos

Diante do resultado desfavorável, a Coligação Pra Mudar a Bahia, do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, tentou impedir a veiculação do levantamento do Instituto AtlasIntel, alegando descumprimento da metodologia. Em vídeo, ACM Neto chegou a ironizar a pesquisa, chamando-a de “pesquisa fake do PT na Bahia". No entanto, o Ministério Público Eleitoral julgou o pedido improcedente, justificando que a pesquisa preenche os critérios formais de registrabilidade.

Cláudio André relembra que o questionamento do resultado das pesquisas é comum nas eleições, mas que existem critérios para analisar o crescimento e queda das intenções de voto dos candidatos. “Em todas as eleições da redemocratização pra cá, nós temos políticos que contestam as pesquisas, então não é uma coisa muito nova. O que eu acho que a gente deve se atentar, do ponto de vista metodológico das pesquisas, é a checagem do alinhamento nacional, seja de Lula ou de Bolsonaro. E, ao mesmo tempo,  a questão do desconhecimento de Jerônimo parece ser um fator muito determinante pra ele não ter agora nesse momento um sucesso na intenção de voto.” 

Cenário em disputa

A partir dos diferentes cenários apontados pelas pesquisas, o cientista político analisa que a eleição para governador na Bahia ainda está em aberto. O alinhamento com os candidatos à presidente e o crescimento do ritmo de campanha podem ser alguns dos elementos de análise.

“O alinhamento nacional dá de fato uma demonstração de que a eleição está em aberto, exatamente pelo fato de que Lula pode transferir votos para Jerônimo e torná-lo vencedor nessas eleições. Claro que será contra um candidato muito bem avaliado como ex-prefeito de Salvador. Um candidato forte, que faz parte de uma elite política constituída há décadas na Bahia, que tem sido um herdeiro do espólio carlista”, aponta. 

“A grande questão é que, de fato, o PT tem um eleitorado que vai seguindo uma onda pró-Lula que mostra que a candidatura petista pode chegar com muito mais fôlego na reta final. Foi assim em 2006, em 2014, pode ser assim também agora, quando o partido apresenta um nome desconhecido, que nunca foi candidato. Então de fato é como se demorasse mais pra chegar num patamar mais competitivo”.

Com informações do A Tarde.

Fonte: BdF Bahia

Edição: Gabriela Amorim