Violência política

Presidente argentino declara feriado em repúdio ao atentado contra Cristina Kirchner

"A paz social foi alterada": presidente anunciou dia de mobilizações contra violência política para esta sexta (2)

Brasil de Fato | Buenos Aires, Argentina |
Alberto Fernández destacou o acontecimento como parte de uma campanha de ódio discursivo e político permanente. - Reprodução

O presidente argentino Alberto Fernández falou em cadeia nacional ainda na noite desta quinta-feira (1) após a tentativa de assassinato contra a vice-presidenta Cristina Kirchner. Declarou feriado para esta sexta-feira (2) diante da gravidade do ocorrido, em um dia que será tomado de mobilizações contra a violência política.

Um homem tentou disparar a uma distância de cerca de 20cm da cabeça de Cristina Kirchner em frente à sua casa por volta das 21h, em meio à mobilização de apoiadores que se instala no local há uma semana

"Este acontecimento é de uma enorme gravidade. É o mais grave desde que recuperamos nossa democracia", disse o mandatário. Em seguida, relacionou o fato à campanha midiática e política de discurso de ódio, do qual Kirchner é um alvo constante.

"Este atentado merece o mais enérgico repúdio de toda a sociedade argentina, de todos os setores políticos, de todos os homens e mulheres da República. Porque esses acontecimentos afetam a nossa democracia. Estamos obrigados a recuperar a convivência democrática que foi quebrada pelo discurso de ódio, disseminado por diferentes espaços políticos, judiciais e midiáticos da sociedade argentina. Podemos discordar, ter profundas discórdias, mas, sem uma sociedade democrática, os discursos que promovem o ódio não podem ter lugar porque cultivam violência, e não há possibilidade de que a violência conviva com a democracia."

Ele ainda disse que o país estava "diante de um acontecimento de gravidade humana extrema. Atentaram contra a nossa vice-presidenta e a paz social foi alterada". 

Enaltecendo a paz social e a democracia, Fernández chamou toda a sociedade a seguir o compromisso para que isso seja alcançado.

Durante a pandemia, diversos atos da oposição com bolsas funerárias e guilhotinas em frente à sede presidencial foram considerados motivadores de violência. Nas últimas semanas, a violência discursiva e midiática contra Cristina Kirchner voltou com intensidade após a reativação de um caso judicial que resultou no pedido de 12 anos de prisão e sua proscrição política, mesmo que sem provas contundentes que envolvam a vice no caso conhecido como "causa vialidad".

"É necessário desterrar a violência e o ódio do discurso político e midiático e de nossa vida em sociedade", disse. "Convoco a sociedade em geral a rechaçar toda forma de violência. Não aceitar e repudiar palavras desqualificadoras, ofensivas, que só nos dividem e fazem enfrentar."

Fernández ressaltou ter entrado em contato com a juíza a cargo do caso e disse ter solicitado o esclarecimento rápido e as responsabilidades correspondentes ao acontecido.

"Devemos firmar um compromisso permanente para erradicar o ódio e a violência da vida em democracia. Por esse motivo, declaro o dia de amanhã [sexta-feira] feriado nacional para que, em paz e harmonia, o povo argentino possa expressar-se em defesa da vida, da democracia e em solidariedade com a nossa vice-presidenta. O povo argentino quer viver em democracia e em paz. E nosso governo tem o firme compromisso de trabalhar todos os dias para que isso seja alcançado", concluiu.

Edição: Arturo Hartmann