periferia na tela

DF: Festival Recanto do Cinema abre inscrições para mostra competitiva até o dia 9 de setembro

Proposta é dar visibilidade à produção audiovisual periférica, principalmente no recorte curta metragem

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Além da mostra de filmes, Festival terá seminários, rodas de conversas e palestras. - Divulgação

Estão abertas até o dia 9 de setembro as inscrições para a mostra competitiva de curtas metragens do 3º Festival Recanto do Cinema, que acontece nos dias 01 a 06 de dezembro de 2022 no campus do Instituto Federal de Brasília (IFB) do Recanto das Emas, no Distrito Federal.

O tema do evento nesta edição é "Futuros imagináveis e reorganização do sensível" que tem como proposta um convite a sociedade para repensar a amplitude do conceito de comunidade.

“O Festival Recanto do Cinema se propõe a dar visibilidade à produção audiovisual periférica, principalmente no recorte curta-metragem. A gente pensa e entende que o maior gargalo da produção de curtas é a distribuição e exibição desses filmes. Ainda mais se a gente for pensar na produção periférica. O festival tem o objetivo de ser uma janela para curtas metragens periféricos, mas não pensando só em territórios, mas também falando em subjetividades que acabam se tornando periféricas por não ser uma produção hegemônica”, diz Allex Medrado, professor do Instituto Federal de Brasília e um dos coordenadores do festival, a proposta do Recanto do Cinema é dar vazão a produções audiovisuais da periferia e também as subjetividades construídas em cima do olhar periférico.. 

O Festival é dividido em duas categorias: Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Brasileiros e em Mostras Especiais, que podem ser competitivas ou não, a depender das decisões das curadorias.

Na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens serão aceitos filmes produzidos a partir de janeiro de 2020 em qualquer formato e gênero (ficção, documentário, animação ou experimental), que se relacionem direta ou indiretamente ao tema do Festival e que tenham duração máxima de até 30 minutos. A inscrição é gratuita e deve ser feita pela página do festival na plataforma FilmFreeway.

Sobre o tema, Allex Medrado explica que desde a segunda edição a curadoria tem delineado temas para reflexão em sociedade e neste ano a proposta foi construída junto aos estudantes do Instituto Federal de Brasília.

“Na segunda edição a curadoria delineou o festival pensando sobre memória, identidade e territórios. Neste ano, elaboramos conjuntamente com os estudantes sobre como a partir do tema da segunda edição poderíamos continuar vislumbrando o futuro e reorganizar o sensível. Reorganizar o sensível é ter uma prática insurgente a partir do que está posto. Nesta linha podemos refletir sobre a conjuntura política do país, de como visualidades periféricas, negras, lgbtqia+, indígenas, pcd’s, e toda essa diversidade de sujeitos que fazem parte da sociedade gostariam, através do audiovisual, se conectarem com um modo de vida mais democrático, emancipado, justo e libertário ” diz.  

O evento além da mostra de filmes do estilo de curta metragem, terá o espaço LAB Recanto. “É a parte formativa do festival. Terá seminários, rodas de conversas e palestras. Estamos na fase de chamamento para a inscrição de filmes, mas os professores e estudantes já estão organizando e pensando nesse espaço formativo que breve será divulgado nas redes do evento”, explica Allex.

Premiação

Os júris das mostras competitivas serão compostos por estudantes dos cursos de Audiovisual do IFB - Campus Recanto das Emas e pelo público que receberá peso de voto como júri popular. A premiação será feita por categorias, sendo elas: destaque “Pega a Visão”, destaque “Sonzeira”, destaque “Corta Essa”, destaque “Que fita mano”, destaque “Tamo junto” e destaque “Re-existência”. Cada destaque receberá, além de troféu, uma quantia de R$1.000,00.

Um dos vencedores da edição passada foi o documentarista e fotógrafo baiano, Paulo Ferreira, que venceu na categoria júri popular com o filme “O Abebé Ancestral", produzido em 2019. 

O curta metragem de Paulo Ferreira aborda  a partir das vozes de Mãe Darabi, Olúkóso, e das performances da atriz Izadora Guedes, a história de Mejigã, sacerdotisa nigeriana que sofreu diáspora no século XIX e foi escravizada no Engenho de Santana (Ilhéus - BA), do qual escapou, resistindo e se tornando símbolo de empoderamento ao gestar uma dimensão Ijexá no Sul da Bahia.

"Moro em Itabuna, Sul da Bahia, e na minha região não é comum levar os filmes para os festivais de cinema. Fui classificado entre os mais de 250 filmes. A notícia gerou muita mobilização no meu curso da universidade e na região. Contei com votos de pessoas até mesmo que não me conheciam, mas viram o filme e acreditaram no ideal da ancestralidade e do amor de Oxum. Quando soube que ganhei, fiquei muito feliz, pois não é todo dia que uma narrativa contra-hegemônica é reconhecida. Todavia, o festival tem essa preocupação e cuidado, desde a curadoria", relata Paulo.

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Fonte: BdF Distrito Federal

Edição: Flávia Quirino