Fake news

MST e secretaria de Segurança do MA desmentem que movimento teria ateado fogo em eucaliptos

Incêndio aconteceu no último sábado (3); MST denuncia disseminação de notícias falsas como tentativa de criminalização

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Acampamento Marielle Franco, no Maranhão, completou quatro anos de existência em junho de 2022 - MST-MA

O incêndio de uma pilha de eucaliptos na cidade de Itinga, no sul do estado maranhense, produziu também um rastro de notícias falsas. A tentativa foi de responsabilizar e criminalizar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que ocupa uma área cuja posse é reivindicada pela Viena Siderúrgica, a empresa que cortou os eucaliptos destruídos pelo fogo.  

A acusação de que as famílias do acampamento Marielle Franco do MST teriam incendiado as toras no último sábado (3) partiu, segundo a Revista Oeste, do empresário Cláudio Azevedo. Circula, desde então, em blogs e redes sociais. Presidente do Centro das Indústrias do Maranhão (Cimar) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), Azevedo teria informado à imprensa que “presenciou em tempo real a tentativa dos funcionários para apagarem o fogo do local”.  

Não só o MST nega a autoria do incêndio, como também o afirma o secretário de Segurança do Maranhão, Sílvio Leite. “Não temos nenhuma hipótese de que o MST seja o responsável. O que podemos afirmar é que o incêndio foi criminoso”, informou Leite para o jornalista Raimundo Garrone. 

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O secretário de Segurança desmentiu, ainda, versão que afirmava que a Polícia Militar, ao chegar para conter o fogo, teria sido recebida à bala pelos autores do incêndio. “Não houve nada disso. Quem esteve no local, após o ocorrido, foi a perícia técnica encaminhada pelo delegado regional Jair Paiva com o objetivo de elaborar um laudo”, afirmou.  

Criminalização 

Em nota, o MST considera a acusação “caluniosa”, reivindica a apuração da origem do fogo e afirma estar sofrendo uma tentativa de criminalização de sua luta. O acampamento Marielle Franco surgiu a partir da organização de famílias da região para, conforme diz o movimento, “reivindicar a criação do assentamento numa área grilada pela Viena Siderúrgica que pertence à gleba pública”.  

Com pouco mais de quatro anos de existência, a ocupação constituiu uma escola, igrejas, uma associação e um campo de futebol. “A comunidade é referência na produção e comercialização de alimentos e contribuiu para a reativação do mercado municipal de Itinga do Maranhão”, afirmam os Sem Terra.  

No último sábado (3), uma atividade na comunidade contou com a participação da secretária de Educação do município e representantes das escolas do campo da região. Em seguida, segundo o MST, “milicianos armados, que se identificam como policiais, entraram no acampamento para tentar reter ferramentas de trabalhos e motos”. Os acampados, organizados, conseguiram expulsar os homens do local.  

“Após este episódio”, denuncia o MST, “a empresa Viena Siderúrgica ameaça entrar de forma violenta para derrubar as moradias de aproximadamente 150 famílias que moram na comunidade”.  

O Brasil de Fato buscou contato com o empresário Cláudio Azevedo e com a empresa Viena Siderúrgica, mas não houve resposta até o fechamento desta matéria. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho