MEIO AMBIENTE

Aumento de incêndios preocupa moradores na região da Serra do Cipó (MG)

Segundo brigadista, desde maio deste ano, já foram mais de 300 horas de combate direto ao fogo

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Além do período de seca e baixa umidade do ar, a população relata práticas de queimadas criminosas - Agência Brasil

O aumento de focos de incêndio na Serra do Cipó tem deixado moradores de Santana do Riacho, município de Minas Gerais, em estado de alerta. Além do período de seca e baixa umidade do ar, a população relata práticas de queimadas criminosas.

No fim do mês passado, foi preciso adentrar áreas de difícil acesso para combater o fogo na região da Lapinha da Serra. O incêndio, que começou no dia 19 de agosto, e só foi totalmente controlado três dias depois, carbonizou uma das nascentes do território.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Antes mesmo de terminar totalmente o enfrentamento ao fogo na Lapinha da Serra, a Brigada Cipó, que reúne voluntários no combate aos incêndios, foi acionada devido a outro foco de queimada.

Dessa vez, a área atingida foi a região do Alto Palácio, considerada um “santuário”, devido à presença de espécies endêmicas do Cerrado. Os brigadistas relatam que o incêndio foi criminoso e só conseguiu ser controlado no dia 25 de agosto.

Sérgio Teixeira dos Santos, funcionário do Parque Nacional da Serra do Cipó e coordenador da brigada, afirma que episódios como esses têm se tornado cada vez mais recorrentes.

“Os incêndios têm aumentado muito. Desde maio deste ano, nós tivemos mais de 25 combates diretos ao fogo. Ao todo, foram mais de 300 horas de combate direto”, conta Sérgio.

Falta de informação e fiscalização

A prática de incêndio florestal é considerada crime ambiental pelo artigo 41 da Lei nº 9.605/98, que dispõe sobre as sanções derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Ainda assim, dados demonstram que a maioria dos incêndios nesta época do ano são provocados pela ação humana.

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Entre os fatores que contribuem para a ampliação das queimadas, Sérgio avalia que a falta de informação à população aparece como um dos principais. “Tem a ver com a pessoa usar o fogo sem instrução. Nós vamos fazer um trabalho, envolvendo os produtores rurais, para terem a consciência de não usar o fogo desordenadamente”, relata.

“O fogo não é nosso inimigo. Nós dependemos dele no dia a dia. Mas, temos que usar da forma correta e consciente, sem prejudicar a natureza. Nós defendemos um bem que é comum a todos”, completa. 

Na última sexta-feira (2), o Sindicato dos Servidores Estaduais do Meio Ambiente e da Arsae de Minas Gerais (Sindsema) lançou a campanha “Alerta Minas”, com objetivo de informar a população sobre os riscos das queimadas.

Para a presidenta do sindicato, Regina Pimenta, os impactos diretos vão além da destruição de florestas, parques e unidades de conservação. “Envolve muitos outros prejuízos como a falta de energia, o comprometimento da qualidade da água e do ar, a morte de animais e outros”, afirma.

Para os brigadistas, outro fator que contribui para o aumento de incêndios é a crescente flexibilização da fiscalização, por parte do governo federal. Em 2020, a Organização das Nações Unidas (ONU) chegou a sugerir que o Brasil fosse investigado internacionalmente, entre outros motivos, devido à política ambiental da gestão de Jair Bolsonaro.

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Daniel Guimarães afirma que a Brigada Cipó, da qual ele também faz parte, é uma maneira de contrapor à atual política do governo. “Nossa brigada surgiu em 2020, ano em que o governo enfraqueceu as instituições e influenciou nas irregularidades. Essa foi a forma da população se organizar e lutar contra esse governo”, explica.

Outros focos

Em 29 de agosto, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais afirmou que atendeu a quase 350 chamadas sobre incêndios, em apenas 24 horas.

Na capital mineira, apenas no fim do mês passado, foram identificadas queimadas no Mirante do Bairro Buritis, nos Parques Linear e Forte Lauderdale, e na Mata do Planalto.

Contribua

Para seguir realizando seu trabalho, a Brigada Cipó busca apoiadores e doações financeiras. O valor arrecadado é convertido em materiais utilizados no combate direto aos incêndios e nas ações de conscientização.

Doações via pix: [email protected]

Para se voluntariar:

(combate direto ao fogo, comunicação, divulgação e outras)

(31) 9 9770-9328 - Sthepanie

(31) 9 9286-8166 - Bruna Mara

Fonte: BdF Minas Gerais

Edição: Larissa Costa