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Crescimento da violência política é ‘gravíssimo’, diz Lula, que cobra investigação

Lula defende que polícias e Justiça Eleitoral investiguem se atos de violência contra petistas têm “orientação”

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Lula voltou a dizer que Bolsonaro "avacalhou" bicentenário da Independência - Reprodução/TVPT

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (9), no Rio de Janeiro, o candidato da coligação Brasil da Esperança à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou como “gravíssimo” o crime cometido por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro no Mato Grosso. Benedito Cardoso dos Santos, de 44 anos, defensor de Lula, foi assassinado na quarta (7) com golpes de faca e machado, após discussão com um colega de trabalho. O ex-presidente cobrou investigação desse e de outros crimes para conter a violência política durante o período eleitoral.

“Espero que a polícia esteja atenta, e a própria Justiça Eleitoral. Para ver se isso tem ordem, se tem orientação, se isso é uma estratégia de política”, afirmou Lula. Ele destacou que o Brasil não tinha essa cultura de violência política. “Isso aconteceu agora. Aconteceu em 2018, e acontece agora. E não é da nossa parte”, frisou.

Ele chegou a dizer que poderia mandar seu candidato a vice, o ex-governador Geraldo Alckmin, negociar uma “trégua” com Jair Bolsonaro (PL). Mas disse não acreditar em tal possibilidade. “O problema é que ele (Bolsonaro) não vai reconhecer que é da parte dele. Então como se pode fazer uma trégua?”

“Isso está virando rotina”, lamentou o candidato. “Tenho muitas notícias de provocações, em pontos de ônibus. Esses dias fiquei sabendo de um pastor que pediu para um cara não votar no PT. Se votasse, seria expulso da igreja. Outro dia, tinha uma fazendeira dando orientação para que quem votasse no PT fosse mandado embora”, exemplificou.

Nesse sentido, Lula criticou ainda a flexibilização do acesso às armas de fogo. “As pessoas estão sendo induzidas a uma violência exacerbada”, afirmou. E disse que Bolsonaro não se dá conta de que está “armando o crime organizado”. “Esse país está caminhando para uma selvageria”, ressaltou.

Escândalo imobiliário

Lula comentou ainda reportagem que comprova que o presidente e sua família compraram 51 imóveis com dinheiro vivo. Na semana passada, ao comentar outro episódio, de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria atrapalhado investigações envolvendo Jair Renan Bolsonaro, o presidente afirmou: “Não comparem meus filhos com os filhos do Lula”. Lula, então, rebateu.

“Esse cidadão, toda vez que pensar em falar nos meus filhos, ele tem que lavar a boca. Porque ele sabe os filhos que tem. Quando eu era presidente não decretei sigilo de 100 anos para ninguém que era acusado. Nem de 10, nem de um”, disse. Ele ainda citou que todos os seus filhos foram alvo de operações de busca e apreensão “e até hoje não acharam um alfinete”.

“Já sobre os filhos dele, está escancarado pela matéria feita pelo UOL. Está escancarado”, disse Lula, sobre as transações imobiliárias suspeitas da família presidencial. “Quero saber o que ele tem de tão importante para decretar sigilo de 100 anos. Será que é para esconder o que o Queiroz fez? Será que é para esconder a rachadinha? Ou será que é para esconder a compra de imóveis com 26 milhões em dinheiro vivo? Isso tem que ser investigado”, afirmou. Lula voltou a dizer ainda que, se eleito, vai quebrar todos os sigilos impostos por Bolsonaro.

“Imbrochável’

Por outro lado, Lula atacou Bolsonaro mais uma vez por ter transformado as celebrações do bicentenário da Independência em ato de campanha. “Acho triste que um presidente da República tenha a pachorra de avacalhar um ato nacional, uma data que é um patrimônio do nosso povo. Nos 200 anos da Independência, o presidente deveria ter feito um discurso prometendo o futuro para o povo brasileiro. Ninguém quer saber se ele é imbrochavel ou não, isso é problema dele”.

Sobre a fala do dia anterior, em que Lula afirmou que as manifestações de Bolsonaro lembravam uma reunião da Ku Klux Klan, o ex-presidente disse que se referia às pessoas que acompanhavam o presidente no palanque, e não aos seus apoiadores. “O palanque de Copacabana, só vi pela televisão, era supremacia branca. Até comparei que parecia um pouco a Ku Klux Kan, só faltou o capuz.”

‘Cópia malfeita’ de Trump

Ao fim, perguntado por um jornalista da imprensa estrangeira sobre as comparações entre Bolsonaro e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, Lula disse que “Bolsonaro é um pouco pior”. “Ele é mais grosseiro, menos civilizado. É uma cópia malfeita. Ele tenta copiar as coisas que o Trump faz. E nós não precisamos de gente assim governando o país, nem os Estados Unidos”.

Lula disse ainda que declarações grosseiras e atos “sem explicação” de Bolsonaro fazem parte da agenda definida por Steve Bannon, ideólogo da extrema direita norte-americana. “Quanto menos explicação, mais a imprensa dá destaque. E quanto mais destaque, é o que ele quer. Ele não faz nenhuma opção pelo razoável, então eu acho muito parecido (com Trump)”, afirmou. Bannon foi preso esta semana. Ele é denunciado por desvio de US$ 1 milhão de uma campanha por recursos para construção de muro separando os EUA do México.