Eleições 2022

RS: Comício de Lula e Edegar Pretto em Porto Alegre reúne cerca de 50 mil pessoas

Largo Glênio Peres estava lotado desde às 17h; ato "Todos Juntos pelo Rio Grande" reuniu lideranças e candidatos

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Lula realizou seu comício de campanha na capital gaúcha em frente ao Mercado Público - Foto: Ricardo Stuckert

Cerca de 50 mil pessoas, segundo organizadores, participaram do Ato Todos Juntos pelo Rio Grande nesta sexta-feira (16), em Porto Alegre, com a participação do candidato à Presidência Luis Inácio Lula da Silva (PT). O palco foi montado no Largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público. A estrutura restrita ficou completamente lotada. As imediações do Paço Municipal e das ruas do entorno também estavam cheias de apoiadores.

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Imediações do Mercado Público de Porto Alegre durante comício do candidato à Presidência Lula (PT) / Reprodução

Por volta das 16h, havia filas para entrar na área restrita em frente ao palco. A reportagem do Brasil de Fato RS estava presente no local e ouviu diversas pessoas. Enquanto isso, em torno das 17h, ocorria uma coletiva de imprensa do candidato à Presidência em um hotel da região central, próximo do local do comício.


Vista aérea do Largo Glênio Peres, em Porto Alegre, durante o comício de Lula. Organização estima 50 mil pessoas no Centro Histórico / Foto: Ricardo Stuckert

Nesse horário, a organização do evento já trabalhava com cerca de 40 mil pessoas no entorno do Mercado Público. Enquanto acontecia a coletiva de imprensa, o comício iniciou com falas de representantes de movimentos populares. Nove centrais sindicais lançaram um documento unitário em defesa da democracia e em apoio à candidatura Lula.

Também se manifestaram Roberto Robaina (PSOL) e Fátima Maria (PT) que integram a chapa coletiva ao Senado com Olívio Dutra (PT). Antes das falas dos dirigentes partidários e dos candidatos majoritários presentes, foi executado o Hino Nacional.

Candidatos saudaram unidade e a presença do candidato à Presidência

Candidato a vice-governador, Pedro Ruas (PSOL), afirmou que está cumprindo duas missões, uma de candidato, mas também como dirigente nacional de seu partido que, pela primeira vez, está apoiando um candidato que não é de seu partido para Presidência, governo estadual e para o Senado. "Muito obrigado ao PSOL por essa confiança", disse Ruas.

Lamentou a quantidade de pessoas que passam fome: "Nenhum de nós passa um dia sem encontrar pessoas pedindo ajuda para poder comer. Isso no RS, um celeiro histórico da agricultura e da pecuária. O Brasil inteiro passa por isso, nós sabemos o caminho para mudar essa situação", afirmou. Recordou que os governos estaduais de Leite e Sartori deram isenções fiscais para os ricos e não cuidaram da merenda escolar.


Edegar Pretto (PT) e Pedro Ruas (PSOL), candidatos a governador e vice, respectivamente. / Foto: Rafael Stédile

Por sua vez, o candidato ao Senado Federal Olívio Dutra (PT) defendeu que a política tem que ser a construção do bem comum, com o protagonismo das pessoas. "Não é uma troca de favores, queremos que as pessoas reflitam, votem com o coração e exerçam sua cidadania."

Olívio ressaltou que os governos precisam também ter base nos legislativos, para fazer as mudanças necessárias e "semear a esperança, distribuir a solidariedade e a participação, combater o ódio, e respeitar a diversidade e a riqueza cultural do nosso povo", frisou o candidato ao Senado.

Edegar Pretto (PT), candidato ao cargo de governador do RS, afirmou ter orgulho de estar na condição de disputar esse lugar, sendo que seu nome é uma opção do partido como parte de um processo para renovar a política.

"Saí da condição de jovem rural quando os movimentos populares acharam que alguém do cabo da enxada deveria pegar a caneta para fazer as leis, que era meu pai, e eu fui com ele. Eu que vim da roça, com orgulho, e nasci auxiliado por uma parteira, na luz de lampião. Disseram que um metalúrgico não podia ser presidente, que uma mulher não poderia ser presidente, mas nós sempre provamos o contrário. O RS chorou quando deram um golpe na senhora. Os golpistas também são machistas, mas agora nós vamos derrotá-los", destacou Pretto.

Lula afirmou que quer voltar para fazer mais

Lula (PT) saudou os companheiros em cima do palco e os apoiadores. Criticou a falta de apoio do governo federal para o estado. "Quero que vocês me digam uma obra que o Bolsonaro tenha feito no RS. Em todos os estados que vou eu faço essa pergunta." Afirmou também que seu governo foi o que mais fez obras no estado. "Esse estado era rico e agora está empobrecido. Porque acabaram com a indústria que nós recuperamos."

Sobre investimentos em políticas sociais, disse que irá aumentar o gasto público. "Eles falam que investir na educação é gasto, eu digo que é investimento. Na saúde também. Construir universidade não é gasto, pagar salário de professor não é gasto, de médico, de enfermeira."


Lula em Porto Alegre: "Quero voltar a ser presidente para fazer mais" / Foto: Ricardo Stuckert

Também abordou o tema da agricultura e sua relação com o meio ambiente. "Mandam eu conversar com o agro, eu respeito o agronegócio. Alguns deles não gostam de nós porque eles sabem que vai acabar essa história de invadir a Amazônia, não vamos deixar ter garimpo em terra indígena. A gente vai cuidar da questão climática com muito mais carinho."

Sobre a segurança pública, recordou que o RS já contabiliza 76 mulheres assassinadas, recordando o feminicídio de Débora Moraes, militante do Movimento dos Atingidos Por Barragens.

Falou do combate à pobreza e de seus motivos para continuar na política. "A fome é uma falta de vergonha na cara das pessoas que governam este país. Estou com 75 anos de idade, casado. Por que eu vou me meter de novo vez na política? Quem nasce pra luta não pode ficar em casa. Eu voltei, pois acredito que agora a gente vai fazer mais e melhor do que a gente já fez."

Finalizou ironizando seu principal adversário, o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). "Ele me chama de ladrão, mas não fui eu que comprei 51 imóveis, pagando com dinheiro vivo, nem decretei sigilo de 100 anos. Podem esperar, que o 'Lulinha paz e amor' vai quebrar esses sigilos."


Região do entorno do Largo Glênio Peres esteve lotada para receber Lula (PT), candidato à Presidência / Foto: Rafa Stédile

 

Dirigentes partidários estiveram presentes

Diversos apoiadores partidários e lideranças políticas estiveram presentes. A ex-presidenta Dilma Rousseff cumprimentou as mulheres e disse que esta eleição mostra duas coisas: a força política das mulheres e a sua consciência elevada que não se deixam convencer porque ele é o pior presidente do Brasil.

Por sua vez, Manuela Dávila, vice-presidenta nacional do PCdoB, saudou os presentes, mas principalmente os apoiadores presentes. "Vocês dão para nós a certeza de que a história se faz com as próprias mãos." Afirmou que essa noite deve ser uma reflexão para pensar a história do país.


Manuela D’Avila pontuou que os próximos 15 dias deverão ter um papel crucial da militância / Foto: Katia Marko

"Candidato não faz milagre, quem constrói a nossa história são vocês, que nos próximos 15 dias irão construir os resultados nas ruas. Vamos honrar os quase 700 mil brasileiros que não estão mais conosco, que morreram na pandemia. Serão 15 dias de gás por quatro anos de paz."

Se referindo a Olívio Dutra, o senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP) afirmou que será uma alegria receber um dos melhores homens públicos que o RS emprestou para a República, junto de Paulo Paim, no Senado. Também citou que nos próximos 15 dias está em jogo não as eleições, mas a própria democracia.

Paulo Paim criticou o atual governo federal. "Aquele mentiroso fica falando na história dos R$ 600,00, sendo que o projeto dele era de R$ 200,00. Também cortou 95% dos recursos do Casa Verde Amarela, tirou dinheiro da saúde, da ciência e tecnologia, da educação. Mas o presidente Lula há de assumir em primeiro de janeiro e vamos renegociar tudo."

O ex-governador Tarso Genro recordou feitos de seu governo: "Tudo o que fizemos juntos foi porque continuamos o governo de Olívio, mudamos este estado para melhor. Agora com a volta do presidente Lula, que vai honrar a presidenta Dilma, temos que eleger um enorme contingente de deputados e senadores para dar para o RS de volta tudo o que nós conquistamos".

Integrantes da Federação Brasil da Esperança, o Partido Verde (PV) esteve representado pelo seu dirigente partidário Márcio Souza, que protestou pela população brasileira que chora de fome. "As eleições deste ano são uma esperança para o Brasil voltar a ter um futuro promissor."

O presidente nacional do partido Avante, Luís Tibe, disse que seu partido sente vontade de "pegar de volta a bandeira do nosso país, por isso Avante está junto com Lula. Vamos resgatar o nosso país, o amor pelas pessoas e o respeito pela nossa gente".

Apoiadores lembraram feitos de Lula enquanto presidente

A aposentada Maria Helena Silva, 70 anos, afirmou que foi ao comício, pois acredita em Lula. "Ele foi jogado na prisão, mas saiu de lá isento, com mais força ainda, para lutar pelo trabalhador", disse.


Maria Helena Silva de Oliveira, 70 anos, aposentada, mas trabalha ainda com calçados: "Estou aqui porque eu acredito no presidente Lula, que foi jogado na prisão, mas saiu de lá isento" / Foto: Fabiana Reinholz

Luiza de Souza, do povo tradicional de matriz africana, estava no comício para levar a força da esperança contra o que considera um "desgoverno", que está "trazendo fome e desemprego para o nosso país". Segundo ela, levou sua filha pequena, pois está em luta pelo seu futuro.


Luiza Maffei, do povo tradicional de matriz africana: "Estamos aqui para trazer a força da esperança, contra este desgoverno que vem trazendo a fome e o desemprego" / Foto: Fabiana Reinholz

Nelson Mendes é liderança indígena da Lomba do Pinheiro, bairro da zona Leste da capital gaúcha. Foi levar seu apoio ao líder petista, pois Lula apoiou as comunidades indígenas. Em sentido contrário avalia que "Bolsonaro fez tudo que não é bom para a nossa comunidade, por isso vamos apoiar e votar no Lula".


Nelson Mendes, liderança indígena da Lomba do Pinheiro: "Hoje estamos para dar o apoio para o Lula, o Bolsonaro fez tudo que não é bom para a nossa comunidade" / Foto: Fabiana Reinholz

A estudante de 18 anos Taila Rodrigues Correia lembrou que quando era pequena os jovens negros estavam sendo mais inseridos nas universidades. "Eu sou negra, Lula fez os negros e os pobres andarem de avião, terem uma vida melhor e terem comida melhor na mesa. É por isso que estou aqui, porque acho que os pobres e os negros têm que ter comida na mesa, têm que ter educação de qualidade e trabalho digno."


Taila Rodrigues Correia, 18 anos, estudante: "Lembro que quando eu era pequena e o Lula era presidente, ele inseriu os negros nas universidades" / Foto: Fabiana Reinholz

Ezequiel Souza, professor da rede estadual, morador de Montenegro, acredita que vivemos um momento histórico e que é hora de os trabalhadores retomarem o poder, para voltar a um crescimento de políticas sociais, sem exclusão e desigualdade social.

"Hoje vivemos um período de extremos ataques à educação. Tivemos instituições destruídas, entidades destruídas com os cortes, vivemos um momento difícil", avalia.


Ezequiel Souza, professor da rede estadual de Montenegro: "Estamos aqui porque apontamos lápis e não armas" / Foto: Fabiana Reinholz

O trabalhador da indústria Vilmar Rodrigues César, morador de Campo Bom, disse que a eleição de Lula deve melhorar o estudo das crianças e da juventude. "Estou aqui agarrado na mão dos meus companheiros para colocar nosso presidente lá em Brasília. A indústria, depois que entrou este Bolsonaro, só andou pra trás".


Vilmar Rodrigues César, industriário de Campo Bom: "A indústria, depois que entrou este Bolsonaro, só andou pra trás" / Foto: Fabiana Reinholz

Coletiva abordou violência política, educação e agricultura

Na coletiva de imprensa realizada no Hotel Plaza São Rafael, Lula citou que foi governante do país enquanto governos de partidos opositores governavam o RS. Nesse sentido, disse que nunca se importou com isso, mas sim com as condições do povo e financeiras do estado, e do país para realizar os investimentos.

Lula foi questionado sobre temas relacionados à educação, Previdência social e a disputa política. Questionado sobre os resultados do IDEB, afirmou que irá investir na merenda escolar para as crianças se alimentar melhor.


Coletiva do candidato à Presidência Lula (PT), em Porto Alegre, antes do comício de campanha / Reprodução

Sobre o tema da Seguridade Social e a quantidade de filas do INSS afirmou que quando foi eleito em 2003, decidiu zerar as filas. "Tinha programa de rádio só pra cobrir aquelas filas", disse Lula. Citou mudanças nos critérios para aposentadoria para agilizar o processo e investimentos no Instituto Nacional.

Em relação ao apoio aos agricultores, ressaltou que seu governo teve incentivos para a compra de máquinas e renegociações de dívidas. Também afirmou que dará apoio para a produção de alimentos saudáveis, com menos agrotóxicos, ao mesmo tempo que combaterá a destruição ambiental.

Finalizando, um repórter questionou sobre os últimos dias da campanha que devem guardar episódios de violência política e desinformação: Lula respondeu que deve tratar a campanha com seriedade, para se eleito, conduzir o país de volta à normalidade. "As pessoas têm que voltar a conversar, dialogar. Aprender a divergir de forma civilizada."

Destacou também que o presidente precisa explicar os imóveis comprados com dinheiro vivo e que, se eleito, fará um governo "sem tapete para esconder a corrupção".


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Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko