Imagens obtidas com exclusividade pela reportagem do Brasil de Fato Paraná mostram que computadores de algumas escolas públicas em Curitiba (PR) têm acesso a sites adultos. As imagens contrariam a versão que a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR) passou a veículos de imprensa na última semana, ao afirmar que apenas algumas escolas rurais teriam problemas de segurança no acesso à internet nos laboratórios de informática. Na última segunda-feira (12), a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES) denunciou que as escolas públicas do Paraná estavam desprotegidas de filtros de segurança.
De acordo com a UPES, a falta de proteção acontece tanto nos laboratórios usados pelos estudantes frequentemente, como no Educatron, equipamento que foi obtido pelo governo do Paraná com aparelhos de televisão de tela plana com webcam e ligação à internet wi-fi.
"Os estudantes da rede pública do Paraná não têm nenhum tipo de proteção ou filtro quando acessam os computadores das escolas estaduais. As máquinas não têm ferramentas que impeçam os alunos de acessar conteúdos como pornografia, sites de apostas, salas de bate-papo para encontros sexuais, entre outros", cita a nota da entidade. A UPES ainda revela que "os computadores de uso comum não exigem algum tipo de identificação com login e senha para acesso às máquinas."
Em nota divulgada na terça-feira (13), a SEED afirma que as escolas da rede pública contam com filtro de conteúdo instalado na rede de computadores, no entanto, "297 colégios da rede estadual, equivalente a 14% do número total de colégios, ainda não estão ligados à internet contratada pelo Estado e administrada pela Celepar", cita a secretaria. O órgão ainda afirma que a maioria destas escolas são em áreas rurais, e que estariam contratando provedor próprio. "A maioria dessas instituições está na zona rural e costumava contratar um provedor local de internet, com eficiência menor desse filtro", afirma. A secretaria ainda prometeu resolver o problema até o final do atual ano letivo.
No entanto, escolas públicas grandes de Curitiba também estariam com o mesmo problema exposto pela UPES. Vídeos obtidos com exclusividade pela reportagem do Brasil de Fato Paraná mostram que nos laboratórios de informática destas escolas os computadores não possuem filtro de segurança algum.
No Colégio Estadual do Paraná (CEP), no centro da capital, imagens mostram um internauta acessando sites com conteúdo pornográfico, site de apostas, de relacionamento e até marcando um encontro casual por um chat, dentro do laboratório de informática. O CEP é a instituição de ensino pública mais antiga do Paraná e com maior quantidade de alunos matriculados, cerca de 3700, nos ensinos fundamental, médio e profissionalizante.
De acordo com a presidente da UPES, Mariana Chagas, são diversas escolas que estão sem proteção. “A gente tem estudantes de fundamental 1 podendo acessar sites adultos, dentro de colégios públicos estaduais. Já protocolamos denúncias no MP [Ministério Público] e também na SEED. Queremos que os estudantes tenham educação de qualidade e as ferramentas seguras para isso”, disse.
Resposta da Secretaria de Educação
A SEED-PR foi questionada pela reportagem do Brasil de Fato Paraná sobre o acesso livre à internet dentro de colégios grandes em Curitiba, como o CEP.
Em nota, a secretaria voltou a afirmar que são apenas 14% das escolas do estado que estão sem acesso à rede da Celepar e que, no caso do CEP, “em um dos laboratórios da instituição, com curso de Informática, as máquinas precisam de uma maior liberdade para instalação de programas e pode ter ocorrido de alguém ter driblado esse filtro utilizando VPNs em algum equipamento.”
A SEED ainda conclui que “tanto a secretaria quanto o Colégio atuam para obter o melhor equilíbrio entre uma boa performance educacional e o zelo ao conteúdo com liberdade de acesso.”
