Disputa

Fortalecer laços com China é "prioridade incondicional" , diz autoridade russa

Presidente dos EUA, Joe Biden, diz ter alertado Xi Jinping que seria um "erro gigantesco" apoiar Moscou

São Paulo (SP) |
Navio russo participa de exercício militar conjunto com a China - Kirill Kudyyavtsev / AFP

O secretário do Conselho de Segurança Nacional da Rússia, Nikolai Patrushev, afirmou nesta segunda-feira (19) que o fortalecimento da parceria com a China é uma "prioridade incondicional da política externa da Rússia".

Ao participar de uma reunião com Guo Shengkun, um alto funcionário do Partido Comunista da China, Patrushev disse que, nas condições atuais, os dois países "devem mostrar uma prontidão ainda maior para o apoio mútuo e o desenvolvimento da cooperação".

Durante as consultas sobre segurança estratégica, os representantes de ambos os países concordaram em reforçar a cooperação de seus ministérios de Defesa, com ênfase na realização de exercícios e patrulhas conjuntas, bem como no fortalecimento de contatos entre o Estado Maior.

"Foi manifestado interesse mútuo em manter um alto nível de cooperação técnico-militar", diz o comunicado do serviço de imprensa do Conselho de Segurança Nacional da Rússia

Desde o início da guerra na Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, tem orientado a política externa do país para uma aproximação maior com a China, à medida que o conflito e as severas sanções do Ocidente provocaram um isolamento sem precedentes de Moscou em relação aos Estados Unidos e a União Europeia.

No início de fevereiro deste ano, antes da intervenção russa na Ucrânia, Putin e Xi Jinping declararam uma parceria "sem limites" em diversas áreas, demonstrando um estreitamento de posições sobre o combate à hegemonia dos EUA no mundo e uma posição crítica diante do expansionismo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

No entanto, durante a cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês), realizada na semana passada no Uzbequisão, Putin afirmou que entendia que o líder chinês tinha preocupações e dúvidas sobre o conflito. A declaração foi vista como um sinal que Pequim tem reservas em relação à forma como Moscou vem conduzindo a operação militar na Ucrânia. 

Biden diz ter alertado China sobre apoio a Moscou: 'erro gigantesco'

Ainda durante a cúpula da SCO, o presidente russo aproveitou a ocasião manifestar apoio à China na questão de Taiwan, condenando "as provocações dos Estados Unidos" e defendendo o princípio de "uma só China".

As autoridades de Pequim consideram Taiwan como parte da China, enquanto o território de 23 milhões de pessoas se considera independente.

No último domingo (18), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou que fez um alerta ao líder chinês Xi Jinping que seria um "erro gigantesco" violar as sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia.

Biden disse que conversou com Xi depois que o líder da China se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, durante os Jogos Olímpicos de Inverno em fevereiro. A Rússia iniciou o que chama de operação especial militar na Ucrânia logo depois, em 24 de fevereiro.

"Eu disse: ‘Se você acha que os americanos e outros continuarão a investir na China com base na violação das sanções que foram impostas à Rússia, acho que está cometendo um erro gigantesco. Mas a decisão é sua'", disse o líder dos EUA à emissora americana CBS.

Edição: Thales Schmidt