eleições 2022

Como votaram e o que pensam os candidatos ao Senado que lideram pesquisas em Pernambuco?

Veja a trajetória dos três candidatos que melhor pontuam: Teresa Leitão (PT), André de Paula (PSD) e Gilson Machado (PL)

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Na sequência: Teresa Leitão (PT), André de Paula (PSD) e Gilson Machado Neto (PL) - Reprodução

Os três melhores colocados na disputa pelo Senado em Pernambuco vêm de cargos e trajetórias políticas distintas. A petista Teresa Leitão estava no mandato de deputada estadual, enquanto André de Paula (PSD) era deputado federal e Gilson Machado Neto (PL) concorre após chefiar o Ministério do Turismo do Governo Bolsonaro. 

Os números mais recentes da pesquisa realizada pelo IPESPE com a Folha de Pernambuco e divulgada nessa terça-feira (13), mostram Teresa isolada na liderança com 20% das intenções de votos. Já André e Gilson aparecem tecnicamente empatados pela margem de erro de 3,2 pontos percentuais, com 12% e 11%, respectivamente.

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O Brasil de Fato Pernambuco compilou e elencou atividades e propostas dos postulantes que indicam o perfil de cada um. Conheça os candidatos, o que pensam e como votam:

André de Paula (PSD)

Advogado por formação, o ex-deputado federal André de Paula é o candidato a senador da chapa “Pernambuco na Veia”, encabeçada por Marília Arraes, que está no Solidariedade. Estava em seu sexto mandato no cargo, era líder do PSD na Câmara dos Deputados e ocupava a 2º vice-presidência da Casa. 


André de Paula (PSD) é deputado federal há seis mandatos, sempre convicto no posicionamento à direita / Câmara Federal

Entre setembro de 2019 e agosto de 2022, André de Paula votou em 88% das vezes alinhado o Governo Bolsonaro, de acordo com levantamento Radar do Congresso, do Congresso em Foco, que coloca o PSD como um dos partidos que compõem a base governista na Câmara. 

A ferramenta Basômetro, do Estadão, calcula também a taxa de governismo nos mandatos anteriores. Com Michel Temer (DEM), o alinhamento chegou a 96%. Já os votos de André de Paula favoráveis ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem Marília Arraes declarou apoio, foram de apenas 30% no primeiro mandato, e 28%, no segundo.

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Já o Quem foi Quem, plataforma do Departamento Intersindical Assessoria Parlamentar (Diap) que compila o posicionamento dos parlamentares brasileiros, classificou que André de Paula votou "100% contra os direitos dos trabalhadores". A análise é feita com base nas votações de mérito em questões de interesse da classe trabalhadora. 

André de Paula votou a favor do Impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e do Teto de Gastos (PEC 55), no mesmo ano; em 2017 votou "sim" pela Terceirização (PL 4.302/1998) e também pela Reforma Trabalhista e da Previdência (PLP 19/19), em 2019; em 2021 foi favorável à Autonomia do Banco Central e esteve ausente nas votações da Privatização da Eletrobras e do Projeto de Lei 948/2021, que permitira que empresas competissem com o SUS por vacinas.

De Paula foi autor de 30 propostas no Plenário neste ano. O candidato foi eleito pela primeira vez como deputado federal em 1999, pelo PFL, que posteriormente se tornou o DEM. A mudança para o PSD aconteceu em 2015. 

Teresa Leitão (PT)

A ex-deputada estadual Teresa Leitão deixou o seu quinto mandato consecutivo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para se tornar a candidata de chapa de Lula para o Senado, fechada na coligação Frente Popular de Pernambuco. 

Formada em pedagogia, Teresa entrou na política através do movimento sindical em 1984, tendo sido presidente, em 1993, do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe). A sindicalista é filiada ao PT desde os anos 2000, e foi eleita pela primeira vez em 2002.


Teresa Leitão é professora da rede estadual, presidiu o Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sintepe) e desde 2002 é deputada estadual / Ricardo Stuckert

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No seu último mandato na Alepe, Teresa foi autora de 202 projetos de lei, como o que originou a  Lei de Combate à Violência Obstetrícia (16.499/2018), que define o que é violência obstetrícia, garante proteção à gestante, à parturiente e à puérpera e estabelece  boas práticas para a atenção à gravidez com enfoque na humanização. A ex-deputada também aprovou lei que acrescentou à Política da Pesca Artesanal (lei 17.923/2022) novas medidas protetivas às mulheres marisqueiras, no âmbito do combate à violência de gênero e da promoção de educação e saúde. 

Ainda há projetos assinados por Teresa Leitão que estão com a tramitação em Curso na Assembleia, a exemplo do que cria o Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa (PL 642/2019): projeto propõe a promoção de políticas públicas em saúde, educação, cultura, segurança pública, direito à vida, acesso a trabalho, renda e à terra, além de indicativos para mulheres e juventudes e o Projeto de Lei Ordinária 3384/2022: Elenca diretrizes para as políticas de apoio à agricultura urbana e periurbana em Pernambuco.

Gilson Machado Neto (PL)

Ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto é sanfoneiro, veterinário, produtor rural e proprietário de uma pousada no litoral de Alagoas. Agora, é o candidato do presidente Jair Bolsonaro no pleito da vaga ao Senado por Pernambuco, na chapa “Bora mudar Pernambuco”, do PL.


Jair Bolsonaro e Gilson Machado, quando ainda era Ministro do Turismo) / Reprodução/YouTube

Com um currículo sem experiência em gestão pública, Gilson teve sua primeira participação direta na política quando assumiu cargos executivos no Governo Bolsonaro, em 2019. Ele conheceu Jair Bolsonaro quando ele ainda era deputado federal e, desde então, virou amigo pessoal da família. Além de acompanhar o chefe do Executivo nas pescarias, também é próximo dos filhos Flávio e Eduardo Bolsonaro, respectivamente senador e candidato a deputado federal.

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Fez parte da equipe de transição e ganhou o primeiro cargo após a eleição do presidente, na secretaria de Ecoturismo e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente. A nomeação durou pouco: à época, repercutiu a notícia de que Gilson havia sido multado previamente pela instalação irregular dos bangalôs de sua pousada na Área de Preservação Ambiental (APA) da praia de São Miguel dos Milagres.

Foi presenteado com o comando do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) em maio de 2019. Com sua amizade com o presidente, Gilson conseguiu aumentar em quinze vezes o orçamento da Embratur para 2020, o ano mais duro da pandemia da covid-19 no Brasil.

De acordo com reportagem da Veja, o recurso que era de R$ 34 milhões em 2019 passou para R$ 500 milhões - tudo isso enquanto o governo cortava orçamentos de outras pastas sob o pretexto de "diminuir o tamanho do Estado". O valor é mais da metade de toda a verba do Ministério do Turismo (MTur). O aumento do repasse de verba foi conseguido através de uma Medida Provisória (MP) assinada por Bolsonaro. 

Em dezembro de 2020, foi escolhido para ser ministro do MTur. Em março, na saída da pasta para assumir a pré-candidatura ao Senado, Machado Neto fez um balanço da sua gestão e destacou duas medidas do Ministério adotadas para auxiliar na recuperação do setor em meio à pandemia.

A primeira é o Programa Turismo Seguro, que  visa a adoção de políticas públicas para "ampliar a sensação de segurança nas atividades turísticas". O ex-ministro também ressaltou que o MTur entregou 706 obras de infraestrutura em 2021, com investimento próprio de R$ 866 milhões somado ao R$ 1,8 bilhão adquirido via financiamento contratado pelo Fundo Geral de Turismo durante pandemia. 

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Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga