77ª AGNU

Cuba defende erradicação de armas nucleares e fim dos bloqueios econômicos na Assembleia da ONU

"Resistiremos e lutaremos sem descanso até alcançar nossos sonhos de paz e desenvolvimento", disse o chanceler cubano

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ministro de Assuntos Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, denunciou os impactos do bloqueio econômico imposto pelos EUA na 77ª Assembleia Geral da ONU - ONU

O ministro de Assuntos Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, discursou no segundo dia de debates da 77ª Assembleia Geral da ONU e, novamente, usou a tribuna para fazer claras críticas ao sistema capitalista em crise. Em 20 minutos de intervenção, denunciou o aumento da fome, desemprego e miséria em todo o planeta a partir da emergência da covid-19.

"A humanidade nunca teve um potencial científico-técnico tão formidável, nem essa extraordinária capacidade de geração de riqueza e bem-estar e, no entanto, nunca antes o mundo foi tão desigual", denunciou.

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Rodríguez também advogou pela paz e criticou a corrida armamentista entre as potências econômicas mundiais."Nada justifica que a humanidade siga estando ameaçada pela existência de quase 13 mil armas nucleares. Defendemos a universalidade do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares", defendeu o chanceler cubano um dia após o presidente Vladimir Putin ameaçar com o uso de armas nucleares na guerra contra Ucrânia. 

O chanceler, no entanto, condenou as sanções unilaterais contra Rússia. E criticou as medidas coercitivas unilaterais como forma de desestabilização contra outros países da América Latina, como Venezuela e Nicarágua.

"A filosofia da guerra e da extorsão e os irracionais padrões de produção e consumo do capitalismo levam à hecatombe", adicionou.

Por fim, Bruno Rodríguez voltou a condenar o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos. "Durante mais de seis décadas resistimos a um bloqueio econômico, comercial e financeiro unilateral, recrudescido ao extremo a níveis sem precedentes desde 2019 e durante a pandemia".

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Há 30 anos, os representantes da ilha apresentam ao plenário da ONU um relatório sobre os danos causados pelo bloqueio econômico.

No documento apresentado no ano passado, o governo cubano denunciou um prejuízo acumulado, desde 1962, de US$ 147,8 bilhões (R$ 765 bilhões). Há dois meses, a administração Biden se comprometeu a voltar a emitir uma cota anual de 20 mil vistos a cubanos que queiram visitar os EUA na sua embaixada de Havana.

No entanto, na última semana, o Escritório de Aduanas e Proteção Fronteiriça dos Estados Unidos publicou uma nova normativa estabelecendo que turistas europeus e cubanos residentes no exterior que visitem a ilha devem ter um visto para ingressar no território estadunidense. 

O turismo é a principal atividade econômica de Cuba. Após reabertura da fronteira, durante os primeiros sete meses do ano, as atividades ligadas ao setor aumentaram cerca de 600% em 2022, com um total de 1,2 milhão de viajantes, a maioria vinda dos EUA, Espanha, Alemanha, França e Itália.

"O presidente dos EUA deveria ser consequente com Cuba a respeito do que ele reclama na ONU hoje sobre a soberania e a integridade dos Estados, incluindo os menores, a liberdade de navegação e as diferenças política. Deve terminar o bloqueio econômico", disse Rodríguez. 

A Organização das Nações Unidas (ONU) já votou 29 vezes a resolução que condena o embargo e exige seu levantamento imediato. No entanto, a Casa Branca mantém a decisão unilateral. 

Apesar de prometer retomar os diálogos e a diplomacia com Cuba, o governo Biden manteve as 243 medidas coercitivas impostas pelo seu antecessor, Donald Trump, e, em maio, voltou a incluir a ilha socialista na lista de países que contribuem com o terrorismo. 

"Até os funcionários do governo estadunidense não sabem porque Cuba foi incluída nesta lista", disse Carlos Fernández de Cossío, vice-ministro de Assuntos Exteriores. 

Edição: Arturo Hartmann