Ronda Política

Delegado do caso Ribeiro é alvo da PF; homem que usou imagem de Lula como alvo é investigado

Bruno Calandrini acusou a PF de perseguição depois de ter declarado que houve interferência na prisão de Milton Ribeiro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Segundo o delegado Bruno Calandrini, o ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL) foi recebido nas dependências da PF "com honrarias não existentes na lei" - Alan Santos/PR

O delegado da Polícia Federal (PF), Bruno Calandrini, acusou o alto comando da corporação de perseguição após dizer que a PF interferiu na investigação que levou o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro à prisão preventiva, em junho deste ano.

Calandrini afirmou que, durante a prisão, uma ordem superior impediu com que o ex-ministro fosse transferido de São Paulo a Brasília. O delegado disse que houve "interferência na condução de investigação" e que não tem "autonomia investigativa e administrativa para conduzir o Inquérito Policial deste caso com independência e segurança institucional". Segundo Calandrini, o ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL) foi recebido nas dependências da PF "com honrarias não existentes na lei".


Arilton Moura é um dos pastores com trânsito livre no MEC e relação próxima com o ministro Milton Ribeiro / LUIS FORTES/MEC

Uma sindicância, que foi aberta para investigar se houve interferência, concluiu que as declarações não têm fundamento e propôs a abertura de um procedimento administrativo disciplinar contra Calandrini. O processo pode resultar na demissão do delegado.

Ele afirmou que a medida é uma forma de tirar o foco da investigação sobre o ex-ministro. "A instauração de um procedimento administrativo concomitante à investigação é algo que tem caráter perseguidor. É uma forma de desestabilizar e trazer preocupações outras que tiram o meu foco", declarou Bruno Calandrini ao Metrópoles.

Apesar das acusações de interferência, as investigações contra o ex-ministro estão mantidas. Ele é acusado de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência num suposto esquema de propina para a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a prefeituras, intermediado pelos pastores lobistas Gilmar Santos e Arilton Moura.

Empresário bolsonarista que praticou tiro ao alvo com imagem de Lula será investigado pela PF 

A Polícia Federal abriu, nesta quinta-feira (22), uma investigação contra o empresário bolsonarista Luiz Henrique Crestani, que utilizou uma imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) numa prática de tiro ao alvo.

O delegado da corporação Andrei Augusto Passos Rodrigues afirmou, em ofício à Corregedoria-Geral da Polícia Federal, que a apuração é necessária diante do "teor das mensagens publicadas em redes sociais envolvendo o candidato à Presidência da República e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob proteção legal da Polícia Federal".

Crestani gravou e publicou o vídeo da prática em suas redes sociais. Sua esposa, que também aparece no vídeo praticando o tiro ao alvo, também será investigada.

"Vamos inaugurar hoje aqui, eu e a Patrícia, minha esposa, um alvo novo do clube de tiro. Qual que é o ladrão? Eu tô na dúvida agora. Vamos ver onde que a arma pega", disse Crestani durante o vídeo.

Após a repercussão, o bolsonarista retirou o vídeo das redes e publicou uma nota sobre o caso. "Este desenho utilizado na prática de clube de tiro está restrito às atividades internas e não deve ser entendido com qualquer outra conotação, sendo apenas usado em caráter recreativo, sem cunho político", afirmou.

"Manifesto de maneira pública que embora nossa posição política seja antagônica, isto não significa em hipótese alguma que incitamos a prática de atos que desrespeitem os valores legais constituídos em nosso país", disse ainda. "Que vença o melhor", concluiu.

PGR pede ao STF arquivamento de pedido contra Bolsonaro sobre Petrobras 

A vice-procuradora geral da República, Lindôra Araújo, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (22), o arquivamento da investigação contra o presidente Bolsonaro por suposta interferência na gestão da Petrobras.

Araújo argumentou que não há "mínimo elemento a sustentar a existência de ilícito penal e, consequentemente, a viabilizar a tramitação da presente petição, razão pela qual o Ministério Público Federal requer a juntada aos autos da ata de audiência, dos vídeos com as oitivas e das respectivas degravações; o arquivamento da petição por absoluta falta de justa causa para a instauração de investigação criminal".

O caso foi aberto a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), depois que o portal Metrópoles divulgou um áudio em que o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, diz ter mensagens que podem incriminar Bolsonaro.

"No meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras", teria afirmado Castello Branco em um grupo de economistas no WhatsApp em resposta a Rubem Novaes, ex-presidente do Banco do Brasil.


Roberto Castello Branco / Mauro Pimentel/AFP

"Se eu quisesse atacar o Bolsonaro não foi e não é por falta de oportunidade (sic). Toda vez que ele produz uma crise, com perdas de bilhões de dólares para seus acionistas, sou insistentemente convidado pela mídia para dar minha opinião. Não aceito 90% deles [dos convites] e quando falo procuro evitar ataques", afirmou Castello Branco. "No meu celular corporativo tinha mensagens e áudios que poderiam incriminá-lo. Fiz questão de devolver intacto para a Petrobras."

Soraya Thronicke suspende campanha por falta de dinheiro 

A presidenciável Soraya Thronicke (União Brasil) anunciou que paralisou a campanha eleitoral depois que o seu partido deixou de repassar os recursos prometidos para financiar atividades já previstas, segundo apuração do jornal Folha de S. Paulo.

Duas das razões para a suspensão dos repasses seriam a escassez de recursos para candidaturas femininas e a falta de transparência na gestão dos recursos. Hoje, o União Brasil detém o maior valor do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, com aproximadamente R$ 758 milhões para as campanhas de candidatos a cargos majoritários e proporcionais.


Soraya Thronicke (União Brasil) / Jefferson Rudy/Agência Senado

Além dos valores do fundo eleitoral, o partido tem mais R$ 250 milhões que restaram de campanhas anteriores. Do total, pelo menos 30% devem ser destinados a campanhas de candidaturas femininas, de acordo com a legislação.

Prefeito acusado de elo com PCC ataca Rodrigo Garcia nas redes sociais

O prefeito cassado de Embu das Artes (SP), Ney Santos, atacou em suas redes sociais o governador Rodrigo Garcia (PSDB-SP), que concorre à reeleição. Ele responde por liderar uma organização criminosa ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e foi cassado por abuso de poder econômico na eleição municipal de 2020.

Garcia utilizou em sua campanha eleitoral um vídeo em que o seu adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), faz um agradecimento a Ney. Em reação, o ex-prefeito publicou em suas redes sociais que era parceiro e tinha contato intenso no Palácio do governo estadual.

"Por que não olha para dentro de sua própria casa, como por exemplo para seu irmão Marco Aurélio Garcia, que deve muita explicação à polícia e ao povo paulista, ou o senhor quer que eu exponha detalhes do que ele fez ao seu pedido e ainda está fazendo nesse exato momento?", escreveu Santos. Marco Aurélio Garcia foi condenado por lavagem de dinheiro no esquema que ficou conhecido como "máfia do ISS", que desviou mais de R$ 500 milhões dos cofres da Prefeitura de São Paulo.

"Já deixo público e claro que nenhuma ameaça irá me abalar, pois confio em Deus, e que todos saibam que se acontecer qualquer coisa comigo ou com meus familiares a culpa é sua Rodrigo Garcia", completou Ney Santos.


Tarcísio de Freitas e Ney Santos / Reprodução

O Republicanos, partido ao qual o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas é filiado, destinou R$ 625 mil de sua verba pública para financiar Ely Santos, candidata à deputada federal e irmã de Ney Santos.

Ela responde na Justiça de São Paulo por um processo em que é acusada de fazer parte de uma organização criminosa e praticar lavagem de dinheiro. Santos chegou a ficar presa preventivamente entre 2016 e 2017 por dois meses.

No vídeo em que gravou ao lado de Ney, Tarcísio o parabenizou pela atuação como prefeito de Embu das Artes e disse que irá "trabalhar junto" com Ely na Câmara dos Deputados.

Petista questiona autodeclaração de Alessandro Vieira como pardo 

O senador Rogério Carvalho (PT) questionou a autodeclaração racial do também senador Alessandro Vieira (PSDB), que se diz pardo, em suas redes sociais. Ambos concorrem ao governo de Sergipe.


Senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) / Assessoria parlamentar

"Fiquei muito estarrecido com a informação que recebi de que o candidato Alessandro Vieira se declarou pardo. Uma pessoa que não me parece ter o biotipo pardo. Por qual motivo ele se declarou pardo? Será que é porque isso aumenta o valor do fundo partidário? Ele que combateu o fundo partidário, entrou no STF contra o fundo", disse Rogério, Carvalho em entrevista ao programa de rádio Jornal da Fan.

"Quando você diz que a pessoa é parda e ela tem acesso a cotas, seja do recurso eleitoral, seja de uma vaga na universidade, é para compensar toda a discriminação que essas pessoas viveram. Deixo a pergunta para a população sergipana: o senador Alessandro Vieira é pardo?", completou.

Depois, em seu perfil no Twitter, o petista publicou uma cópia da autodeclaração de Alessandro Vieira. "Para que não reste dúvida sobre o questionamento que eu levantei, aqui está a ficha do candidato Alessandro Vieira na Justiça Eleitoral. Na sua opinião, Alessandro é pardo? Porque o candidato se declara pardo? Qual o motivo? A sociedade sergipana quer entender", disse.

Em nota, Vieira disse que sempre se identificou como pardo. "Assim como a maioria da população, eu sempre me identifiquei como pardo e tenho muito orgulho de ser fruto dessa mistura de povos que formou nosso país", disse Vieira.

Edição: Nicolau Soares