confronto de ideias

Debate no Ceará é marcado por trocas de acusações entre os candidatos ao governo

Elmano disse ter orgulho da parceria com Lula e Camilo, Wagner se esquivou da imagem de Bolsonaro, RC foi o independente

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
No bloco com temas direcionados, Roberto Cláudio e Capitão Wagner deveriam apresentar propostas para a comunidade LGBTQIA+, mas o que se viu foi a falta de preparo dos candidatos para abordar o tema. - Divulgação

Os candidatos ao governo do Ceará Elmano Freitas (PT), Capitão Wagner (União Brasil) e Roberto Cláudio (PDT) participaram na noite desta terça-feira (27), do debate promovido pela TV Verdes Mares, o penúltimo antes das eleições do próximo domingo.

O confronto foi mediado pela jornalista Taís Lopes. Em quatro blocos, os principais nomes da disputa abordaram temas como segurança, saúde, meio ambiente, saneamento básico, infraestrutura e abastecimento. Seguindo as regras estabelecidas pela emissora, os candidatos fizeram perguntas entre si, em dois blocos com rodada de temas livres e nos outros dois blocos responderam perguntas com temas determinados pelo sorteio que aconteceu no estúdio, além das considerações finais.

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Críticas e trocas de acusações foram vistas durante todo o debate. Os embates sobre padrinhos políticos deram o tom do encontro entre os postulantes. Os candidatos chegaram a discutir por conta da nacionalização da campanha. Elmano Freitas apontou em diversas ocasiões, que o presidente Jair Bolsonaro é o padrinho político que Capitão Wagner tenta esconder.  Este, por sua vez, criticou Elmano por exaltar o ex-presidente Lula e o ex-governador Camilo Santana na sua campanha. Roberto Cláudio alegou ser um candidato independente e criticou os dois adversários, mas adotou um comportamento menos ofensivo. O pedetista não citou, em nenhuma oportunidade, as acusações que sua campanha fez nas últimas semanas contra a governadora Izolda Cela, acusando-a de usar verbas públicas para captar apoio dos prefeitos para a campanha de Elmano. Também não fez menção ao MST, depois da tentativa de criminalizar as iniciativas do Movimento e associá-las a Elmano, pois o candidato foi advogado do Movimento no início da sua carreira.  

As propostas apresentadas no debate já são conhecidas do eleitor. A saúde, por exemplo, foi abordada na primeira pergunta quando o candidato Roberto Cláudio quis saber as propostas de Elmano Freitas para o tratamento do câncer. Em resposta, o candidato do PT, falou que irá trabalhar no processo de interiorização da saúde, equipando os hospitais regionais para o tratamento de câncer, permitindo que os pacientes tratem não só o câncer, mas 90% dos problemas de saúde, sem sair das suas regiões. Já Roberto Cláudio, destacou sua experiência como médico e disse que pretende construir cinco hospitais regionais do câncer, com tratamento completo e leitos de internação, trabalhando de forma integrada aos hospitais que já existem nas regiões. A proposta do candidato do PDT é garantir que o cidadão diagnosticado tenha o início do tratamento garantido em até 60 dias em qualquer equipamento de saúde do estado.

Em seguida, ao perguntar para Capitão Wagner sobre suas propostas para o facilitar a locomoção das pessoas, Elmano ressaltou a criação do programa Vai e Vem Livre que isenta moradores da Região Metropolitana de Fortaleza de pagar passagem de ônibus. O candidato do União Brasil garantiu que também irá implantar um programa de gratuidade para passagem para a RMF e propôs a isenção do Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) de até 170 cilindradas para motociclistas.

A segurança também foi tema das perguntas entre os candidatos. Ao ser perguntado por Capitão Wagner, quais eram suas propostas, Roberto Cláudio enfatizou seu projeto de levar o raio para todos os municípios cearenses, com a formação de 1500 profissionais no primeiro ano de mandato. Também disse que irá fortalecer a capacidade de investigação da polícia civil, abrindo concurso para delegado, inspetor e escrivão e criando 14 delegacias regionais. Em paralelo, o candidato falou das propostas para capacitar e dar oportunidade para a juventude do Ceará.

Já Capitão Wagner destacou que a segurança pública é prioridade zero do seu governo. Disse que irá implementar a Força Estadual de Segurança, capacitar os profissionais e acabar com o domínio das facções usando a inteligência. Ele também garantiu que irá instalar um sistema de videomonitoramento para ajudar na identificação de suspeitos. A proposta de implementar o formato do FBI na segurança pública do estado foi citada, mas pouco explorada pelo candidato. Roberto Cláudio chegou a criticar o candidato do União Brasil, pois segundo denúncias e reportagem do Intercept Brasil, o ex-agente do FBI, George Piro, apresentado na propaganda política de Capitão Wagner, pediu aposentadoria em julho, depois de ser chamado para explicar porque não investigou um xerife acusado de corrupção em licitações para compra de kits de primeiros socorros, na Flórida, estado norte americano. O candidato do PDT lembrou participação de Wagner nos motins da Polícia em 2012 e 2020, em Fortaleza, e pediu aos eleitores que investiguem o passado dos candidatos.

No bloco das perguntas com temas direcionados, Roberto Cláudio e Capitão Wagner deveriam apresentar suas propostas para a comunidade LGBTQIA+, mas o que se viu foi a total falta de preparo dos candidatos para abordar o tema, além da generalidade das falas durante o debate. Embora os dois postulantes tenham lamentado o fato do Ceará ser um dos estados que mais mata LGBTQIA+ no país, Capitão Wagner chegou a colocar os quilombolas e a comunidade indígena, que ele tratou como índios, no mesmo grupo da comunidade LGBTQIA+ e não apresentou nenhuma proposta concreta para a área. Já  Roberto Cláudio, apesar da dificuldade de pronunciar a sigla corretamente, citou a criação de delegacias especializadas e casas de acolhimento como políticas do seu plano de governo.

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Fonte: BdF Ceará

Edição: Camila Garcia