violência política

Pelo menos 4 episódios de violência contra militantes foram registrados nesta terça (27)

Na reta final da campanha eleitoral, agressões e ameaças a candidatos de esquerda e apoiadores seguem em alta

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Bolsonarista ameaça atirar em integrante da campanha da vereadora e candidata a deputada federal pelo Paraná, Carol Dartora - Divulgação

Apenas nesta terça-feira (27) foram registrados quatro episódios de violência política contra militantes e apoiadores de candidatos de esquerda no país. Os casos aconteceram em Curitiba (PR), Osasco (SP), Manaus (AM) e João Pessoa (PB). 

Médico bolsonarista ameaça atirar em petista durante panfletagem  

Um médico bolsonarista ameaçou dar um tiro no rosto de uma integrante da campanha de Carol Dartora (PT-PR), candidata a deputada federal em Curitiba, na tarde desta quarta-feira (27).  

De acordo com o boletim de ocorrência registrado por militantes do PT no 1º Distrito da Polícia Civil do Paraná, a integrante teria oferecido um panfleto da campanha de Dartora ao médico bolsonarista Ricardo Rosa, na rua Quinze de Novembro, na região central da capital paranaense. 

Em resposta, Rosa teria dito que daria um tiro no rosto da militante e cuspiria "na cara" dos outros petistas que estavam no local. Depois, o médico se deslocou até uma barraca de campanha do presidente Jair Bolsonaro. Questionado qual era o seu nome, o bolsonarista teria dito "Bolsonaro". Logo depois, Rosa foi conduzido à delegacia pela Guarda Municipal. 

Comitê de coordenador de Haddad em SP sofre ataque, e apoiadora é agredida 

O comitê de campanha do deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP), candidato à reeleição, sofreu um ataque nesta terça-feira (27), por volta do meio-dia. Ele também é coordenador de campanha da candidatura de Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo.  

De acordo com um relato feito pelo parlamentar, um homem que se identificou como bolsonarista invadiu o local, em Novo Osasco, bairro de Osasco, destruiu materiais de campanha e agrediu uma militante petista que estava no momento. A mulher registrou um boletim de ocorrência. O agressor fugiu do local.  


Materiais de campanha destruídos no comitê de campanha de Emídio de Souza / Reprodução/Twitter

"Infelizmente a onda de ódio chegou a Osasco e hoje atingiu a nossa campanha. Um bolsonarista invadiu o nosso comitê do Novo Osasco, agrediu uma apoiadora e destruiu materiais. Vamos tomar todas as medidas para que esse sujeito pague pelos crimes que cometeu. O fim está próximo, bolsonaristas. O amor vai vencer. Vocês não nos intimidam", afirmou Emídio de Souza em seu perfil no Twitter. 

Assessor de deputado do PT é agredido por bolsonarista 

Um militante da campanha do deputado federal Zé Ricardo (PT-AM), candidato à reeleição, teria sido golpeado na cabeça com uma barra de ferro por um suposto bolsonarista, em Manaus, segundo o parlamentar. O caso foi registrado no 19º Distrito da Polícia Civil.  

"Quero manifestar minha solidariedade ao companheiro Jari. Ele foi agredido hoje no bairro Redenção por um bolsonarista intolerante que o agrediu com uma barra de ferro. Não podemos aceitar a violência política, a intolerância gerada por um governo que infelizmente incentiva o ódio de violência. A democracia não aceita este tipo de ato", disse o parlamentar em vídeo gravado ao lado da vítima.  

Trabalhadora com camiseta de Lula sofre tentativa de agressão na Paraíba

Um participante de uma carreata de apoio a Bolsonaro em João Pessoa tentou agredir a auxiliar de cozinha Claudia S. em frente ao restaurante em que ela trabalha. A vítima, que vestia uma camiseta em apoio a Lula, conta que estava em horário de intervalo e acompanhava o evento acenando para os apoiadores do atual presidente, quando foi surpreendida com um homem vindo em sua direção.

"Ele queria vir para cima de mim, pegou no meu braço querendo rasgar minha roupa, aí eu peguei no pescoço dele dizendo que ele não iria rasgar minha roupa porque eu tinha o direito de vestir a roupa que eu quisesse", afirma. 

Uma testemunha que não quis se identificar contou que passeava com seu cachorro quando presenciou a agressão. "Ele chegou dançando, disfarçando, quando, do nada, partiu para cima da mulher. Eu cruzei a rua em disparo, nem pensei, para auxiliar. Ela tentou entrar pela porta de serviço no restaurante e o homem já estava em cima dela, e foi exatamente o momento em que eu cheguei, e o meu cachorro latiu, no que ele recuou", diz.

A vítima afirmou que não pretende prestar queixa. O agressor não foi identificado.

Outros casos

Além dos novos casos de violência, outras ocorrências tiveram desdobramentos nesta terça-feira:

Petista foi morto com 70 facadas por bolsonarista  

O exame de necropsia da Polícia Civil de Mato Grosso concluiu que o petista Benedito Cardoso dos Santos foi morto com 70 golpes de faca e machado pelo bolsonarista Rafael Silva de Oliveira, na noite de 7 de setembro, em Confessa, a 1.160 km de Cuiabá. Oliveira foi preso horas depois do assassinato.  


Em seu depoimento, bolsonarista confessou que desferiu 15 golpes de facas contra petista / Foto: Divulgação

O laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) informa que a maioria das perfurações foram feitas na cabeça e no pescoço. Além dos golpes, Oliveira tentou “decapitar a vítima com um machado". 

Boulos pede identificação dos PMs que tentaram prendê-lo 

O candidato a deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) pediu à Corregedoria da Polícia Militar (PM) que seja um aberto um inquérito para identificar os policiais que tentaram prendê-lo no último domingo (25). 

A tentativa de prisão ocorreu depois de uma discussão entre militantes do PSOL e do Movimento Brasil Livre (MBL). Um militante do movimento teria sido agredido por psolistas após provocar Guilherme Boulos durante uma atividade de campanha na Avenida Paulista, no centro de São Paulo.  


Guilherme Boulos / Foto: Carol Lima

Durante o ocorrido, o jovem do MBL procurou a polícia e acusou Boulos de agressão. A PM, então, tentou levar Boulos para a delegacia. No 4º Distrito Policial (DP), na Consolação, o caso foi registrado para negar que Boulos tenha agredido o jovem.  

De acordo com o relato de Boulos nas redes sociais, os policiais teriam tentado levá-lo à força para a delegacia com o objetivo de intimidá-lo, mas foram impedidos por advogados criminalistas que estavam no local. Segundo o artigo 236 do Código Eleitoral, candidatos a cargos eletivos não podem ser presos nos 15 dias que antecedem o pleito. 

Edição: Thalita Pires