NA TV GLOBO

Bolsonaro perde o controle e "atrapalha a dinâmica do debate" no primeiro bloco

Encontro dos presidenciáveis ocorre horas após a divulgação de pesquisa Datafolha que prevê vitória de Lula no 1º turno

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.) e Jair Bolsonaro, os principais candidatos ao Palácio do Planalto - Reprodução/Twitter

No primeiro bloco do debate entre os presidenciáveis, promovido pela TV Globo, na noite desta quinta-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, se descontrolou e foi interrompido pelo mediador, o jornalista William Bonner, enquanto gritava no estúdio da emissora. 

O descontrole começou no final do diálogo entre Bolsonaro e o candidato Padre Kelmon (PTB), quando o mandatário afirmou que Lula "formou uma quadrilha". O petista pediu direito de resposta e afirmou que o presidente "mente todo dia" e pediu moderação no comportamento do ex-militar no debate. 

Bolsonaro teve um direito de resposta e atacou Lula, o chamando de "ex-presidiário" e "mentiroso". O presidente afirmou que os filhos do petista fizeram rachadinha em empresas públicas. 

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Lula, então, em outro direito de resposta, pediu que Bolsonaro se comporte e afirmou que levantará os sigilos de todos os decretos que o presidente publicou, pedindo 100 anos de segredo sobre questões ligadas ao presidente e sua família. 

Bolsonaro tentou interromper o debate gritando. Bonner, de sua posição, chamou a atenção do presidente. "O senhor está atrapalhando a dinâmica do debate."

O debate ocorre horas após a publicação da pesquisa do Datafolha que prevê a vitória de Lula em primeiro turno, com 14 pontos à frente de Bolsonaro.

Guerra de pedidos de direito de resposta

No primeiro bloco, Bolsonaro e Lula travaram uma guerra por direitos de respostas. O petista pediu o primeiro direito de resposta após ataque de Bolsonaro, que havia o chamado de "presidiário" e "mentiroso". A organização do debate analisou o pedido e concedeu o direito.

"Num debate entre pessoas que querem ser Presidente da República, o atual presidente tivesse um mínimo de honestidade. O mínimo de seriedade. Ele falar que eu montei quadrilha? Com a quadrilha da rachadinha dele que ele decretou sigilo de cem anos, com a rachadinha da família, sabe, do Ministério da Educação? Com barras de ouro? Ele falar de quadrilha comigo? Ele precisava se olhar no espelho e saber o que está acontecendo no governo dele", afirmou Lula

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Na sequência, Bolsonaro também se sentiu ofendido e pediu um novo direito de resposta, novamente concedido pela organização do encontro.

"Mentiroso! Ex-presidiário. Traidor da Pátria. Que rachadinha? Rachadinha é teus filhos! Roubando milhões de empresas! Após a tua chegada ao poder, que CPI é essa? Da farsa? Que você vem defender aqui? O que achou a meu respeito? Nada! Que dinheiro de propina? Não teve propina, propina teve o seu Carlos Gabas, do consórcio nordeste! Dos governadores amigos teus!", exclamou.

Depois, quando Bolsonaro trouxe o caso Celso Daniel ao palco do debate presidencial, em pergunta feita à senadora Simone Tebet (MDB), novamente houve pedidos de direito de resposta.

"Celso Daniel era meu amigo (…). Foi chamado da Prefeitura para tirar o meu programa de governo de 2002. A Polícia Civil deu [o caso] por encerrado, o Ministério Público deu [o caso] por encerrado, decidiram que era crime comum. E eu fui procurar o FHC para colocar [na investigação] a Polícia Federal. Você vem culpar o lula pela morte do Celso Daniel? Seja responsável, pare de mentir. Porque o povo não suporta mais", respondeu o petista.

Edição: Thalita Pires