VOTO OBRIGATÓRIO

Peru realiza eleições regionais neste domingo com cerca de 70% do eleitorado indeciso

Cerca de 13 mil cargos deverão ser eleitos neste domingo com 70% do eleitorado de indecisos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Cerca de 24 milhões de peruanos e peruanas estão convocados a votar neste domingo (2) para definir os chefes do Executivo e Legislativo regionais - ONPE Peru

Neste domingo (2), cerca de 24 milhões de peruanos e peruanas estão convocados a participar das eleições regionais. Ao todo, serão eleitos 13 mil cargos entre governadores, deputados estaduais, vereadores e prefeitos regionais e distritais para um mandato de quatro anos, que inicia no dia 1º de janeiro. A votação começa às 7h e vai até às 17h (horário local), mas os eleitores foram divididos entre período da manhã e da tarde para não gerar aglomerações, por conta da pandemia de covid-19.

De acordo com as últimas pesquisas de opinião, a maioria do eleitorado permanece indeciso. Um levantamento da empresa Ipsos, realizado na segunda quinzena de setembro, apontou que 79% do eleitores não sabiam em quem votar para governador, 72% estavam sem candidato para prefeito de províncias e 67%, sem nome para prefeito distrital. 

O voto é obrigatório, mas desde 2002 há uma diminuição gradual na participação, chegando a 20% de abstenção nas últimas eleições regionais de 2018. As multas por não comparecer às urnas vão de R$ 125 a R$ 315, de acordo com a região do país.

A crise política também atravessa o contexto regional. Entre os 25 governadores eleitos há quatro anos, 24 estão sendo investigados por supostos crimes de corrupção e oito abandonaram o cargo após serem condenados pela justiça.

A região metropolitana da capital concentra 30% dos cidadãos peruanos. Para a prefeitura de Lima, há oito candidaturas, mas a disputa está entre Daniel Urresti, da legenda de centro-esquerda Podemos Peru, que faz parte da coalizão governante no âmbito nacional, e Rafael López Aliaga, ex-candidato à presidência pelo partido de extrema direita Renovação Popular. Ambos aparecem em empate técnico, com cerca de 24% de intenção de voto, segundo a última pesquisa de opinião da empresa Ipsos. 

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Em terceiro lugar está George Forsyth, que também foi candidato à presidência pelo partido Somos Peru. Já Yuri Castro, da antiga legenda de Pedro Castillo, o partido Peru Livre, está em último nas pesquisas com 2,1% da preferência.

A indefinição no interior do país é ainda mais acentuada. No estado do presidente Castillo, em Cajamarca, há sete candidatos para o governo regional. Entre eles estão os ex-congressistas César Vásquez, do partido de centro-direita Aliança pelo Progresso, Walter Benavides, do partido de direita Avança País, Felícita Tocto, pelo Somos Peru, e Jorge Spelucín, que disputa pelo partido Peru Livre. 

Desde julho deste ano, o governo vinha tentando aprovar no Congresso uma proposta de realização de plebiscito popular junto às eleições regionais para iniciar um processo constituinte no país, no entanto o projeto não foi adiante. O processo é considerado um termômetro para o governo de Pedro Castillo, que completa um ano e meio de gestão vencendo duas tentativas de pedido de impeachment.

Com resistência no Congresso, Castillo busca melhorar sua relação com os governos regionais para garantir estabilidade política ao seu mandato. Em projeto apresentado pelo Ministério de Economia, o Executivo propõe um aumento de 9% no orçamento público para 2023, um total de US$ 55 milhões (R$ 294 milhões), com aumento de 16% no repasse aos municípios e 38% no repasse aos estados para cumprir com o objetivo de "descentralizar" a gestão pública. 

Edição: Arturo Hartmann