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Com melancólicos 3%, Ciro Gomes perde a quarta eleição presidencial e sinaliza fim de carreira

Pedetista amarga pior resultado eleitoral de sua trajetória e vê PDT ter seu pior resultado nas urnas desde 1990

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ciro Gomes se filiou ao PDT em setembro de 2015 - PDT/Divulgação

Quando as urnas fecharam, neste domingo (2), confirmaram o pior resultado eleitoral da carreira de Ciro Gomes (PDT). Com apenas 3,04% dos votos e a quarta colocação entre os 13 presidenciáveis, esse foi seu pior desempenho nas quatro tentativas de chegar ao Palácio do Planalto.

Durante o processo eleitoral, Gomes deu sinais de que estava encurralado. Fora da disputa em todas as pesquisas e cenários desenhados pelos institutos, o pedetista precisou redesenhar seu espectro ideológico e posicionou sua candidatura à direita, se aproximando do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Gomes ignorou os alertas de especialistas e aliados sobre os riscos da nova postura e seguiu a toada de ataques ao PT e seu candidato, Luiz Inácio Lula da Silva, provocando uma debandada de votos.

Nos levantamentos do Datafolha, Ciro Gomes aparecia com 9% em julho, às vésperas do início das eleições. Na última pesquisa, no sábado (1º), somava apenas 5%, uma queda de quatro pontos, em apenas três meses.

A estratégia adotada na campanha e o mal desempenho nas pesquisas afastaram a ala brizolista do PDT, que se aproximou de Lula e declarou voto no petista.

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No dia da eleição, ao votar, Ciro afirmou que não deve mais disputar a presidência. "Eu pretendo parar por aqui. Se eu ganhar, eu quero trocar minha reeleição pela reforma que o país precisa ter e que foi jogada na lata do lixo em nome de projetos de poder trágicos para o país. E se eu não vencer, quero ajudar a juventude a pensar as coisas sem a suspeição de uma candidatura", afirmou.

Partido a reboque

O naufrágio de Ciro Gomes em 2022 provocou, também, o fracasso do PDT nas urnas. Dos onze candidatos aos governos estaduais lançados pela legenda, nenhum se elegeu ou sequer chegou ao segundo turno.

O mesmo ocorre no Senado. A sigla não elegeu nenhum senador nestas eleições, permanecendo com os três já conquistados no pletio anterior. Na Câmara, o PDT viu sua bancada cair: elegeu 17 deputados contra 28 na eleição de 2018.

No Ceará, berço político de Ciro Gomes, o PDT ficou fora do segundo turno. O amigo do presidenciável, Roberto Cláudio, não conseguiu vencer Elmano Freitas (PT), que se elegeu em primeiro turno com 54,02%. Cláudio terminou em terceiro, com 14,14%, atrás do bolsonarista Capitão Wagner (PL), que teve 31,72%.

A derrota veio após Ciro Gomes intervir na disputa interna do PDT, que já tinha decidido pela candidatura a reeleição de Izolda Cela, atual governadora do estado. O presidenciável, então, impôs a candidatura de seu aliado, levando a um racha na base aliada e ao lançamento da candidatura de Elmano pelo PT, com apoio do ex-governador Camilo Santana (PT), que se elegeu ao Senado com 69,76%.

Edição: Vivian Virissimo