ERROU por 273

No STF, Aras comete gafe ao dizer que existe apenas uma língua indígena no Brasil

Erro reflete ideias superficiais sobre os indígenas presentes população, muitas vezes difundidas por Bolsonaro

Brasil de Fato | Lábrea (AM) |
Augusto Aras mandou recado a indígenas em sessão do STF - Roberto Jayme/TSE

O procurador-geral da República Augusto Aras foi ao plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (6) e demonstrou desconhecimento sobre a diversidade étnica dos povos originários brasileiros. Ele discursava em defesa do governo federal durante julgamento da "pauta verde", quando decidiu mandar um recado aos indígenas. 

"Eu gostaria muito de poder falar na linguagem indígena. E não posso falar porque não sei. Mas gostaria de dizer com simplicidade: essa terra tem dono. Estes dono são os brasileiros que têm a responsabilidade de compartilhar esta defesa do meio ambiente com toda a comunidade planetária", declarou Aras.

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Segundo Censo de 2010, o Brasil tem 274 línguas indígenas faladas por indivíduos pertencentes a 305 povos diferentes. Antes da colonização, estima-se que o número de línguas nativas girasse entre 600 e 1000, com mais de 1000 etnias indígenas diferentes. 

Luta contra invisibilidade 

Nos últimos anos, organizações e lideranças indígenas vêm intensificando a luta contra uma compreensão superficial sobre os povos originários, que predomina entre a população brasileira e pode ser a causa de preconceitos contra os primeiros habitantes do Brasil. 

O estudo “Narrativas ancestrais, presente do futuro” da Amoreira Comunicação, publicado no início deste ano, revelou que boa parte da população desconhece a importância e a realidade dos indígenas. E revelou sentimentos que vão desde o antagonismo, desinteresse até rejeição aos direitos desses povos.

:: Pesquisa revela visões distintas da população brasileira sobre os povos indígenas ::

A pesquisa aponta que concepções errôneas são formadas a partir de fragmentos de informações, seja imprensa ou nas redes sociais. Muitas vezes os conteúdos que contribuem para a desinformação foram produzidos pelo presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. 

 

 

 

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho