Folclore

Crianças brincam com Saci e contam causos do menino mais levado do Brasil

Moleque mais travesso do país ocupa os estúdios do BdF para aprontar todas e celebrar seu dia, 31 de outubro

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Para valorizar histórias típicas da cultura popular brasileira, meninos e meninas contam causos do Saci no Radinho BdF - Ascom Votuporanga
Todos os dias ele ia na fazenda e deixava tudo muito bagunçado e o cavalo com nós na crina

Todo ano, sempre por nessa época, o moleque mais travesso do país ocupa os estúdios do Brasil de Fato para aprontar todas e celebrar seu dia, comemorado em 31 de outubro. Menino negro, de uma perna só, com um cachimbo na boca e uma carapuça mágica na cabeça: o Saci Pererê é um símbolo da cultura brasileira, protege florestas e adora pregar peças em adultos e crianças, nos quatro cantos do Brasil.

Para lembrar e valorizar estas histórias tão típicas da cultura popular brasileira, meninos e meninas contam causos do Saci Pererê na edição de hoje (19) do Radinho BdF, os mais engraçados, divertidos e misteriosos.

“Quando o meu tio Juca era pequeno, ele teve que ser batizado pelo irmão mais velho, porque o sétimo filho homem, se não for batizado pelo irmão mais velho, vira Saci”, diz Gustavo William Pereira Cassiano, que tem 10 anos e mora em São Luís do Paraitinga (SP). “O Saci gosta muito que falem que ele não exite, porque assim ele apronta mais.”

No campo ou na cidade ele está lá, pregando peças em todo mundo: puxa o rabo do porco, esconde a lição de casa, rouba os cachimbos de quem fuma, coloca açúcar no feijão, pega um pedaço de bolo sem pedir, esconde coisas importantes e morre de rir quando vê o pessoal procurando.

Quem nem sempre fica feliz com a chegada dele são os animais, em especial os cavalos. “Todos os dias ele ia na fazenda e deixava tudo muito bagunçado e os cavalos com nós na crina”, diz Marcos Oliveira Tenório, de 9 anos, que mora em Ilhabela (SP). Há 180 quilômetros dali, em São Luís do Paraitinga, Cauê Guimarães Ribeiro, de 4 anos, conta uma história parecida: “meu bisavô dizia que o Saci fazia trança no cavalo”.


Além de ser um dos personagens mais icônicos do folclore brasileiro, o Saci também se tornou símbolo da força e da liberdade dos negros / Gelédes/Reprodução

Direto do bambuzal

Diz a lenda que os Sacis nascem de dentro dos gomos de bambus típicos do Brasil, depois de sete anos de espera. Depois disso, eles estão prontos para colocar em prática todas as suas artimanhas, até completar 77 anos. Nessa idade eles viram cogumelos “orelhas-de-pau”.

É fácil encontrá-los de madrugada nas estradas, pedindo fumo aos viajantes. Quem jura que já encontrou o moleque, conta que ele tem as palmas das mãos furadas, de carregar as brasas do seu pito por aí.

“O Saci não faz maldade, ele faz travessuras. Nas cidades, por exemplo, ele esconde as coisas da casa em casa e até os arquivos salvos no computador. Uma vez ouvi a história de um bebê que foi deixado no canto enquanto os pais trabalhavam na roça e foi encontrado em uma tosseira de espinhos, sem nenhum arranhão. O Saci que colocou ele lá, para protegê-lo de uma onça!”, conta o José Osvaldo Guimarães, membro da Associação Nacional dos Criadores de Saci (ANCS).

A sede da organização fica em Botucatu (SP), uma das cidades consideradas capital nacional do Saci. Esse título é disputado também por São Luís do Paraitinga onde, todo ano, ocorre a Festa do Saci. Depois de dois online, em 2022 a celebração volta a ser presencial, com programação especial entre 22 e 30 de outubro. Uma das atividades é a Saciata, uma passeata em homenagem ao moleque.

Que o Saci é levado, todo mundo já sabe, mas com algumas pessoas ele gosta ainda mais de aprontar: quem derruba matas, polui rios e caça animais, pode esperar pelo menino. Ele muda os caminhos para que os caçadores se percam na mata, desarma armadilhas, some com ferramentas usadas para derrubar árvores e depois sai ventando no seu redemoinho.

“Para não ter problema com o Saci nós precisamos cuidar do ambiente, tanto da natureza, que temos que preservar, mas também no ambiente da nossa casa, da escola, do clube e da igreja, para que a gente tenha um ambiente muito saudável, onde as pessoas ouçam e contem histórias”, concluí Guimarães.

Diversão

A edição de hoje do Radinho BdF leva para o ar um dos autores que mais escreveu histórias sobre o Saci: Monteiro Lobato. O arte-educador Victor Cantagesso empresta a voz para contar “A Sacizada” e a “Onça”, duas histórias do clássico “O Saci”, publicado pela Editora Brasiliense.

Para completar a diversão, a Vitrolinha BdF põe para tocar “Saci Pererê”, de Jorge Ben Jor, “Saci”, do Baiana System, “Pererê Peralta”, do Carlinhos Brown e “Saci Pererê”, dos Girassonhos.


Radinho BdF comemora dois anos, com novidades especiais / Divulgação

Sintonize

O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.

Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].

O material é produzido pela equipe do Brasil de Fato e conta com aconselhamento de Juliana Doretto, professora da PUC de Campinas que estuda como as crianças e jovens aparecem nas notícias.

Edição: Camila Salmazio