chuva de Fake news

É falso que o MST esteja bloqueando o rio São Francisco, como espalham perfis bolsonaristas

Um vídeo com homens pondo sacos de areia no leito de um rio é usado para disseminar mentira contra Movimento Sem Terra

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

A notícia falsa começou a ser disseminada neste domingo (23), a uma semana da eleição - Camila Shaw

Está circulando nas redes sociais um vídeo sem data e sem crédito, em que homens - sem qualquer roupa do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) - colocam sacos de areia no canal de irrigação de um rio. É mentira a alegação dos veiculadores do vídeo de que o MST estaria bloqueando o Rio São Francisco para impedir que água chegue ao povo nordestino. 

Em nota, o MST avalia que informações falsas sobre o movimento estão numa crescente nestes dias que antecedem o segundo turno da eleição presidencial. "Não temos nenhum conhecimento sobre o fato retratado no vídeo difundido. O vídeo, aliás, nem deixa claro que se trata de um protesto ou algo do tipo, mais parecendo uma obra para estabelecer a travessia entre as margens", afirma.

Publicações espalhando o conteúdo - chamando o movimento de “terrorista” ou de “braço armado do PT” - têm, como de praxe em fake news, tom alarmista e falta de citação de fontes confiáveis.  

O último registro de um protesto do MST no Rio São Francisco data de quase uma década atrás e foi feito, justamente, para lutar por acesso à água para a população nordestina. 

Em abril de 2013, integrantes do movimento ocuparam temporariamente um canal de irrigação construído pelo governo do Ceará para dar suporte à transposição do Rio São Francisco.  

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Como mostra uma reportagem da época publicada na Folha de S. Paulo, o funcionamento do canal não foi interrompido na ocasião. O ato visava cobrar ações para atenuar os efeitos da pior seca em 50 anos que o Nordeste vivia naquele período.  

Criticando a política hídrica do governo cearense, então sob gestão de Cid Gomes (PDT), o MST denunciou, na época, que ela privilegiava o agronegócio em detrimento da agricultura familiar e, por meio do ato, reivindicou uma reunião com o governador. 

Edição: Rodrigo Durão Coelho