violência política

Conselho de Medicina vai investigar médico bolsonarista que assediou e intimidou pais no parto

Allan Rendeiro postou vídeo mostrando bebê recém nascido e rostos de pai e mãe enquanto pedia votos para Bolsonaro

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Médico constrangeu mãe e pai e expôs recém-nascido em sala de parto - Reprodução/Redes sociais

O Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) vai investigar a conduta do médico bolsonarista Allan Rendeiro, que postou nas redes sociais vídeo gravado em uma sala de parto. Na gravação ele mostra os rostos do bebê, da mãe e do pai, e repete frases como "já nasci 22 e vou votar Bolsonaro", como se estivesse falando em nome do recém-nascido. Além disso, ele pressionou mãe e pai a declararem voto em Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial.

Em nota, o CRM-PA afirmou que "efetivará todas as medidas legais previstas na Lei nº 3.268/57 e Resoluções do Conselho Federal de Medicina, a fim de apurar o fato". A lei em questão trata sobre as competências dos conselhos de medicina no país.

As imagens gravadas foram divulgadas pelo próprio médico em suas redes sociais. Diante da repercussão negativa do caso, ele apagou o post e restringiu acesso às publicações de sua conta na noite do último sábado (22). O vídeo, porém, já tinha viralizado e foi compartilhado em diversas contas e também em grupos de Whatsapp. O Brasil de Fato publica abaixo uma versão editada, em que os rostos das pessoas constrangidas não são mostrados.

Em entrevista ao site paraense Diário OnLine, Rendeiro minimizou o episódio, e disse que verificou "o aplicativo onde publico vídeos sobre o nascimento de crianças que tenho a felicidade de fazer o parto e pergunto aos pais se existe alguma objeção sobre publicar os vídeos. Existem centenas de vídeos publicados e não se coadunam com os dizeres a mim atribuídos". 

Sindicato protesta

Esta não é a primeira vez que o médico bolsonarista se envolve em situações que não condizem com a ética médica. Ele é servidor do Departamento Médico-Odontológico do Ministério Público do Estado do Pará (MP-PA). Em 2021, o Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Estado do Pará (Sisemppa) denunciou à administração do órgão condutas negacionistas de Rendeiro.

Após o episódio do parto, o Sisemppa publicou nota de repúdio contra o médico. "A filmagem e exposição de pessoas nas redes sociais pelo médico Allan Rendeiro, constrangendo-as a votar no candidato de predileção dele, revela postura antiética inaceitável, incompatível com as boas práticas da medicina e acentuada por elementos de machismo e misoginia, que atenta contra a dignidade humana da família dos pacientes e, especialmente, da mulher parturiente".

Edição: Thalita Pires