Debate em SP

Tarcísio mente para justificar atraso de oxigênio em Manaus, denunciado pelo Brasil de Fato

Discussão sobre denúncia revelada em reportagem do Brasil de Fato ocupa boa parte do 1º bloco do debate em SP

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputam o segundo turno das eleições para governador de São Paulo - Reprodução

O primeiro bloco do debate entre candidatos a governador de São Paulo, na Rede Globo, na noite desta quinta-feira (27), teve boa parte do tempo ocupado por uma discussão de um caso revelado em reportagem do Brasil de Fato, que mostrou que um erro logístico cometido em janeiro de 2021, por Tarcísio de Freitas (Republicanos), então ministro da Infraestrutura e oponente de Fernando Haddad (PT), atrasou em até 66 horas a chegada de 160 mil m³ de oxigênio a Manaus (AM). 

O candidato petista lembrou, durante o embate, que a Força Aérea Brasileira (FAB) não disponibilizou aeronaves para transportar o oxigênio de Porto Velho (RO) até Manaus (AM). O ex-ministro bolsonarista tentou argumentar dizendo que aviões não poderiam transportar a quantidade necessário de tubos de oxigênio. Porém, à época, o próprio governo federal optou que a empresa White Martins levasse oxigênio hospitalar de avião ao estado, e não a FAB.

A decisão equivocada de Tarcísio, citada por Haddad, se deve ao fato de que o meio mais rápido de transporte de oxigênio para a capital amazonense teria sido a hidrovia do rio Madeira, mas o governo federal optou pela rodovia BR-319, que estava intrafegável naquela época do ano. As conclusões são de um artigo científico cujo teor foi conhecido pelo Brasil de Fato. O estudo foi produzido pelo biólogo Lucas Ferrante, mestre e doutor em Biologia (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). 

:: Decisão equivocada de Tarcísio atrasou envio de oxigênio a Manaus durante pico da pandemia ::

O assunto surgiu no debate de Rede Globo depois de Tarcísio reclamar de ser alvo de supostas mentiras por parte do petista. O ex-ministro bolsonarista disse que a campanha de Haddad – que já havia citado a denúncia trazida pela reportagem do Brasil de Fato em seu programa eleitoral televisivo – teria mentido a respeito da extensão da estrada de terra utilizada para transportar os cilindros.

"Não tem 900 quilômetros, tem 450 quilômetros", disse. Haddad indagou Tarcísio o porquê, mesmo diante da urgência, não ter optado por outros meios de transporte como avião. Tarcísio afirmou que mesmo levando 4 dias pela estrada sem pavimentação, ainda seria a melhor opção quanto ao prazo, já que pelos rios o tempo seria maior, e disse que "Foi uma decisão correta levar o oxigênio via estrada". Na época, porém, a própria FAB divulgou que fez o trajeto com seus aviões e chegou a transportar mais de 24 toneladas de cilindros de oxigênio para a capital amazonense.

Nesta semana, na televisão, a campanha de Haddad atacou Bolsonaro pela gestão na pandemia, exibiu trechos do presidente ironizando vítimas da covid com dificuldade para respirar e afirmou que Tarcísio foi “um dos responsáveis pela falta de oxigênio em Manaus”. “Falta sensibilidade. Quem não deu conta da pandemia, não dará conta de Estado que ele nem conhece”, disse o programa.

Edição: Rodrigo Durão Coelho