"pode ser crime"

Tarcísio leva bronca de Haddad por justificar apagar provas de caso com morte em Paraisópolis

Ex-ministro bolsonarista não condenou atitude de um integrante de sua equipe em crime na favela da capital paulista

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputam o segundo turno das eleições para governador de São Paulo - Reprodução

O candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) tentou justificar a atitude de um integrante de sua equipe que tentou fazer com que um cinegrafista da Jovem Pan apagasse um registro em vídeo feito do tiroteio que interrompeu a agenda do ex-ministro bolsonarista e deixou um morto no bairro de Paraisópolis, em São Paulo. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

No último bloco do debate da Rede Globo, na noite desta quinta-feira (27), Tarcísio foi questionado sobre o assunto pelo candidato Fernando Haddad (PT), seu oponente na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes. O ex-ministro de Bolsonaro não condenou a postura de um membro de sua equipe, revelada em áudio pelo jornal Folha de S.Paulo, em reportagem publicada nesta terça-feira (25).

"Você acha que aquele companheiro seu, ligado à inteligência, agiu corretamente ao determinar, constranger um profissional da imprensa a apagar imagens de um evento onde aconteceu um homicídio?", perguntou o petista, fazendo referência à atuação de um agente da Agência Brasileira de Inteligência no episódio.

"Esse meu colega pediu o seguinte: 'apaga isso, apaga aquilo', por preocupação com as pessoas", disse o bolsonarista. 

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Levou bronca

Haddad, então, fez duras críticas: "Não se destroem provas, não se destroem evidências, se confia na autoridade policial". O petista também apontou que esse tipo de gesto levanta suspeição e vai na contramão da transparência esperada de investigações oficiais.

Irritado, Tarcísio retrucou dizendo que o adversário fazia um "papelão" e "sensacionalismo barato" ao levantar o assunto. O candidato apoiado por Bolsonaro disse que não havia nada a ser escondido.

O episódio levou à morte de Felipe Lima, de 27 anos, assassinado por um policial militar na rua Manoel Antônio Pinto, que fica a cerca de 100 metros do Polo Universitário de Paraisópolis. A vítima tinha passagem por roubo à residência e assalto à mão armada. O Boletim de Ocorrência lavrado pela Polícia Civil, na 88ª Delegacia de Polícia mostra ainda que policiais adulteraram a cena do crime antes da chegada da perícia.

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Nesta quinta-feira (27), o Intercept Brasil revelou que o segurança é Fabrício Cardoso de Paiva, um agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que trabalha para a campanha de Freitas. Tarcísio de Freitas divulgou uma nota em que confirma a identidade do agente e afirma que Paiva está licenciado do cargo na Abin, sem remuneração do órgão, e que não exerce nenhuma função em nome da agência.

O episódio foi inicialmente rotulado como “atentado” por bolsonaristas, principalmente pela Jovem Pan, emissora de TV ligada à extrema-direita brasileira, que passou o dia noticiando o episódio como um ataque direto à comitiva do candidato. Nos últimos 10 dias, contudo, evidências têm apontado uma possível participação da equipe de segurança do candidato bolsonarista na morte em Paraisópolis.

Edição: Rodrigo Durão Coelho