Reeleito

Eduardo Leite derrota Onyx e ganha mais um mandato como governador no RS

Tucano é o primeiro governador a ser reeleito no Rio Grande do Sul

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |

Ouça o áudio:

Com votos da esquerda, Eduardo Leite consolidou a virada no segundo turno e garantiu a reeleição - Foto: Mauricio Tonetto

Com 90,43% dos votos apurados, Eduardo Leite (PSDB) é o novo governador do Rio Grande do Sul. Sua votação soma 57,11% contra 42,89% de Onyx Lorenzoni (PL). É, também, o primeiro governador que consegue se reeleger em um estado onde o padrão do eleitorado é negar o segundo mandato.

Chegou ao resultado, porém, na condição de "ex-governador". Explica-se: no início de 2022, ele renunciou ao mandato, deixando em seu lugar o vice Ranolfo Vieira Junior (PSDB). Foi tentar a candidatura tucana à Presidência da República, mas acabou derrotado na prévia do partido por João Dória. Batido, retornou à disputa regional, enfrentando o bolsonarista neste segundo turno. 

PT foi fundamental para a vitória

No primeiro turno, Leite saiu atrás de Onyx com 26,81% dos votos, bem distante do candidato de Bolsonaro, que largou com 37,5%. Mais: Leite ficou à frente do terceiro colocado, o petista Edegar Pretto, por apenas 2.491 votos.

Neste dia 30, o eleitorado do PT e de partidos aliados como PSOL e PCdoB descarregou um maciço volume de votos no tucano, sendo responsável direto pela virada. Na última semana, o PT regional – que antes tirara a posição de "Nenhum voto em Onyx" – deu um passo adiante e recomendou expressamente um "voto crítico" em Leite.

Na campanha, enquanto o ex-ministro fazia um discurso mais voltado para os seus apoiadores, Leite se apresentou como "um candidato de todos", aberto ao diálogo com todas as forças políticas, inclusive as mais divergentes de seu projeto.

Leite e Onyx protagonizaram um dos mais ríspidos confrontos do segundo turno. Não faltaram, por exemplo, ataques homofóbicos do programa do bolsonarista ao seu oponente – o tucano já admitiu publicamente sua condição de homossexual. Apoiador de Onyx e eleito senador, o general e vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão (Republicanos) disse que Leite não gosta de mulher. Para agravar o mal estar, ao final de um dos debates, Onyx recusou-se a apertar a mão do adversário.

De volta ao jogo da presidência

Filiado ao PSDB – seu único partido – desde 2001, Leite é bacharel em Direito e tem formação em Políticas Públicas pela universidade norte-americana de Columbia. Ex-vereador e ex-prefeito de Pelotas, maior cidade da chamada Metade Sul do Rio Grande do Sul, ele venceu mas teve que abrir mão de uma das convicções que sempre alardeou: a de que, por razões de princípio, não concorreria à reeleição.

Aos 37 anos, é um dos mais jovens governadores da história gaúcha. O triunfo repõe suas chances de tentar novamente uma indicação para a presidência em 2026. Seu governo, como ocorreu no primeiro mandato, deve abrigar partidos do centro à direita. Não se tem certeza, porém, qual a postura de legendas de extrema-direita, como o PL de Bolsonaro e Onyx, diante do novo quadro.

Edição: Nicolau Soares