desigualdade

Letalidade por covid-19 é 30% maior nos municípios mais pobres

Estudo analisou todos os casos de SRAG do país desde o início da pandemia até o final de 2021

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Números atuais sobre avanço da covid-10 no país não englobam dados de São Paulo, Ceará e Amapá que não repassaram as informações do período. - Marcello Casal JrAgência Brasil

Um estudo produzido por pesquisadores brasileiros e publicado pela revista científica Preventive Medicine mostra que, no Brasil, a letalidade de casos graves de covid-19 foi 30% maior em municípios pobres.

A pesquisa analisou a distribuição de todos os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em geral e SRAG por covid-19 registrados no Brasil em 2020 e 2021 de acordo com o PIB per capita dos municípios. Os dados são do Sistema de Informações de Vigilância Epidemiológica (Sivep-Gripe).

Os resultados mostram que os municípios com menor PIB per capita apresentaram letalidade 30% mais elevada. Nas cidades mais pobres, a letalidade por covid-10 chegou a 42,6% dos casos graves confirmados, enquanto nas localidades mais ricas, esse índice foi de 31,8%.


Quadro mostra a letalidade por covid-19 nos municípios brasileiros, divididos em 10 faixas de renda, ao longo de 2020 e 2021 / Reprodução

Além disso, nessas cidades houve menos testagem para covid: o triplo de pacientes com SRAG não tiveram coleta de material biológico para o diagnóstico de covid-19 em comparação aos municípios mais ricos.

Nos municípios mais pobres, a proporção de pacientes que realizaram o teste em um período superior a dois dias desde o início dos sintomas foi 16% maior.

O epidemiologista Antonio Boing, um dos autores do estudo, afirmou no Twitter que é fundamental analisar os dados da pandemia no Brasil. "Precisamos ter indicadores sobre desigualdades que sejam claros e disponíveis de forma tempestiva, além de vontade política para monitorar e enfrentar as desigualdades em saúde no Brasil", disse.

"A característica sindêmica da Covid-19 exige ação efetiva dos governos dos três níveis de gestão, visto que piores indicadores em localidades mais pobres estão associados a desigualdades existentes desde antes da pandemia e também amplificam no presente e para o futuro as diferenças injustas entre regiões e grupos populacionais", concluiu.

Edição: Thalita Pires