novos tempos

Na educação, governo Lula dará atenção a alimentação escolar e recuperação da aprendizagem

Integrante da equipe de transição, educador Daniel Cara concedeu entrevista ao Central do Brasil nesta quarta-feira

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Educador falou sobre ações do Grupo de Trabalho da educação na equipe de transição de governo - Reprodução / YouTube

As prioridades educacionais do novo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) logo no início do mandato, em janeiro de 2023, já estão definidas: alimentação escolar e recuperação da aprendizagem. Estes temas já estão em discussão no Grupo de Trabalho (GT) sobre Educação montado pela equipe de transição de governo, segundo o educador Daniel Cara, um dos integrantes da equipe.

Em entrevista nesta quarta-feira (9) ao Central do Brasil, programa do Brasil de Fato em parceria com a TVT, Cara, que é professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) lembrou que essas metas prioritárias já foram citadas por Lula desde antes da votação do primeiro turno das eleições.

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"As crianças estão compartilhando comida, dividindo ovo, o que é uma coisa completamente absurda. Significa que elas não estão tendo acesso à necessidade nutricional diária que deve ser cumprida pelas escolas", destacou.

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Para ajudar os estudantes a retomar o ritmo da aprendizagem, interrompido com a pandemia de covid-19, o educador propôs uma parceria com prefeitos e governadores. As articulações futuras podem envolver grupos de trabalho com representantes das maiores cidades e também com equipes de municípios prioritários, onde foi registrada maior defasagem.

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Além destas áreas prioritárias, os integrantes do núcleo pretendem agir de forma ampla, com dedicação a todos os níveis de ensino.

"Ficou acordado que vamos trabalhar da creche até a pós-graduação e vai tomar o Plano Nacional de Educação como referência para elaboração do nosso relatório, que é o produto final desse grupo de trabalho da equipe de transição", destacou Cara.

Escolas cívico-militares

Uma das bandeiras do governo de Jair Bolsonaro (PL) na área de educação, as escolas cívico-militares também entram na pauta de discussão do grupo que se reúne para debater as políticas para o setor visando a nova gestão. Daniel Cara lembra que uma fatia importante da sociedade apoia esse modelo.

"A gente vai ter que enfrentar essa situação, e um debate público, inclusive por que tem governos, mesmo governos de esquerda, que promoveram escolas militarizadas, que é algo muito próximo do que o Governo Federal propôs em relação às escolas cívico-militares. Nenhum policial é melhor educador ou melhor educadora que um professor. É preciso destacar, de maneira muito clara, que a educação se faz com professoras e professores", afirmou.

Setor privado no GT

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Outro tema sensível abordado na entrevista desta quarta com Daniel Cara foi a forte presença de representantes do setor privado no GT montado pela equipe de transição de governo para a educação. O educador afirmou que esse setor ganhou espaço no debate desde o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff (PT) e levou Michel Temer (MDB) ao poder.

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"Isso acabou se refletindo na composição do grupo de trabalho. Agora, é importante dizer que, durante a reunião, ninguém teve coragem de defender a reforma do ensino médio, todo mundo reconheceu que pelo menos aperfeiçoamentos devem ser realizados. É uma arena de disputa de um governo que compõe uma frente ampla. O que é importante ressaltar é que educadores e educadoras vão ter que disputar a agenda no futuro governo Lula, como acontece em qualquer composição governamental", concluiu.

Edição: Rodrigo Durão Coelho