A VIDA NO SERTAO

Museu interativo preserva "alma" do sertão nordestino na capital pernambucana

Reconhecido internacionalmente, Museu Cais do Sertão abriga a cultura sertaneja a partir territórios temáticos

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Premiado internacionalmente, o Museu Cais do Sertão, em Recife (PE), resgata a essência da cultura sertaneja nordestina - Reprodução
A proposta é ser este centro catalisador, de conjunção de memórias, estéticas e vivências do sertão

Um dos antigos armazéns do Porto do Recife abriga, hoje, um pedacinho do sertão no litoral pernambucano. O Centro Cultural Cais do Sertão é um sítio museológico, cultural e educacional que abriga a cultura sertaneja a partir de sete territórios temáticos: ocupar, viver, trabalhar, cantar, criar, crer e migrar. 

A curadoria do museu traz objetos doados e comprados por moradores da região, bem como réplicas das vestimentas de Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”, que tem a memória associada à valorização da cultura sertaneja pelas roupas e pelo modo de vestir.

“Aqui no Centro Cultural Cais do Sertão, a gente tem um museu e também outros espaços que nos provocam a amplitude no olhar do que é a vida do nordestino e do sertanejo”, afirma Clarice Andrade, coordenadora de conteúdo do espaço.  

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“A proposta é ser este centro catalisador, de conjunção de memórias, estéticas e vivências nossas do nordeste e do sertão para além do que é tradicionalmente mostrado, que é a questão da dificuldade, da seca e da migração toda. Aqui a gente também fala disso, mas a também das riquezas, das alegrias, das belezas, do canto, da música, da dança”, acrescenta.

O museu também explora experiências sensoriais nos visitantes através da exibição de filmes, oficinas, karaokê e o contato com objetos tradicionais da cultura nordestina.  

Maria Beatriz, e sua mãe Ediane, que moram em Vitória (ES) estiveram em Recife à passeio e se surpreenderam na visita ao Museu.

“Eu gostei porque tem um espaço que meio que representa como é a casa de um sertanejo. E eu achei muito interessante, porque eu nunca tinha entrado e visto como era. Então, eu achei muito legal”, conta Maria. 

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Além dos turistas, a maior parte do público do Centro Cultural é formada por estudantes, de escolas públicas e privadas.

“Me chamou mais atenção a variedade de coisas, a diversidade de conteúdos e artefatos. Porque a gente costuma ver o sertão mais de cima, aquela coisa mais ‘o sertão é seca’ e as coisas, mas aqui a gente pode ter uma visão diferente do sertão, né? De cultura, de pessoas e de um sertão diferente do que a gente está acostumado a ver”, ressalta Luiz Henrique, aluno da rede estadual de ensino.

O museu foi condecorado em importantes premiações internacionais, entre elas, o Prêmio Obra do Ano, da Archdaily; a Gubbio, que homenageia equipamentos da América Latina e Caribe; e a Dedalo Minosse Prize, na Europa. O trabalho  é justamente o de cativar os seus visitantes para que eles guardem na memória a diversidade e multiplicidade das formas de viver neste território. 

É o que acredita a coordenadora do Centro Cultural Cais do Sertão. “A gente tem um público muito importante escolar, ou seja, a gente forma pessoas de várias idades e a gente entende que esse é um, a gente vai construindo no coração, no afeto e na memória de cada jovem, de cada criança e de cada pessoa essa forma de vida”, destaca.

Edição: Douglas Matos