RELIGIOSIDADE

Com beatificação de Padre Cícero, Romaria da Esperança leva multidão a Juazeiro do Norte (CE)

Além do processo de beatificação, reabertura das atividades no pós pandemia impulsionou ida de 600 mil romeiros

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Estátua de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte-CE.
Estátua de Padre Cícero, em Juazeiro do Norte-CE. - ASA Brasil

A cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará, é famosa por reunir milhares de católicos que vão à cidade em busca de fé e orações durante todo o ano. Mas, de 28 de outubro a 2 de novembro, aconteceu uma das maiores celebrações religiosas do Ceará: a Romaria de Finados ou Romaria da Esperança, como ficou conhecida. Assista:

Este ano, com a flexibilização da pandemia de Covid-19, o município celebra neste ano a volta do encontro presencial dos devotos de Nossa Senhora das Dores e do Padre Cícero Romão, o padre que deu origem às celebrações. Após a notícia da abertura do processo de beatificação de Padre Cícero, os devotos se motivaram ainda mais a renderem graças à personalidade tão querida e venerada pelo povo nordestino.

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Para o Padre Cícero José, a beatificação do Padre Cícero concretiza o que já está no coração dos romeiros. O religioso é pároco da basílica Santuário Nossa Senhora das Dores, criada em 1875 pelo Padre Cícero Romão.

“A Igreja Católica Apostólica Romana na sua dinâmica pastoral e de apresentar pessoas que viveram essa experiência das virtudes da vida de Cristo aqui na terra, eles apresentam referenciais que verdadeiramente se tornam um exemplo para nós seguirmos. E o Pe. Cícero Romão, mesmo com todo esse processo pastoral de correção das suas ações, agora em 20 de agosto de 2022 recebemos de Roma essa autorização. A igreja a partir de então apresenta que não há mais impedimento para que Padre Cícero Romão também possa, num futuro não muito distante, ser elevado à honra dos altares”.

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Nascido na cidade do Crato, no Sertão do Cariri, Cícero Romão Batista foi ordenado padre no dia 30 de novembro de 1870, em Fortaleza. Após sua ordenação retornou ao Crato, onde celebrou sua primeira missa na terra natal no dia 8 de janeiro de 1871. Mas a vida do jovem Padre Cícero mudou quando, em 1872, ele teve um sonho que o fez fixar morada em Juazeiro.

“Após o almoço, naquele momento de descanso sonha com o coração de Jesus, reunido com os apóstolos, e o Coração de Jesus falava para os apóstolos como o seu coração estava dolorido, estava triste por ver as pessoas se distanciando do amor de Deus. Nesse momento, adentra a sua sala um grupo de pessoas, sofridas, maltratadas, vítimas das secas daquela época. O coração de Jesus olha para Cícero Romão, o padre recém ordenado e diz: 'e você, Cícero, tome conta deles', destaca o pároco do Santuário Nossa Senhora das Dores.

Padre Cícero seguiu a vida em missão pelo povo cearense até 1934, quando faleceu. Após a sua morte, os fiéis não deixaram de ir à Juazeiro, pelo contrário; na romaria de finados, a visita ao túmulo do padre também é uma parada obrigatória. 

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Anualmente, a romaria de finados recebe a presença de cerca de 600 mil romeiros. Nos caminhos da celebração, os locais mais visitados são o Santuário Nossa Senhora das Dores, a Capela do Socorro, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, o Santuário de São Francisco e o Horto, que guarda a terceira maior estátua do mundo esculpida em concreto: a estátua do padre Cícero que tem 27 metros de altura e se mantém erguida há 53 anos abençoando toda a cidade de Juazeiro.

Nas igrejas, nas ruas e nos museus de Juazeiro do Norte, o Padre Cícero Romão Batista - o “padrinho Padre Ciço” - permanece vivo. E o ciclo da fé que move milhares de nordestinos para um só lugar se encerra num último ato já consagrado em Juazeiro: na bênção de despedida.
 

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Vanessa Gonzaga