VEGANISMO POPULAR

Desafiando o elitismo: ser vegano é coisa de rico?

Ativistas mostram que é possível comer bem gastando pouco procurando os alimentos certos e saudáveis de origem vegetal

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O veganismo popular mostra que uma alimentação sem nada de origem animal pode ser saudável e barata - Instagram Vegano Periférico
Comprar coisas industrializadas vai sair mais caro, independentemente de você ser vegano ou não

Arroz, feijão, salada, legume refogado e fruta de sobremesa. Essa é a refeição principal do ativista de mídia Eduardo dos Santos, desde que se tornou vegano, em 2015. A mudança veio quando Eduardo não quis mais ver animais serem mortos para se tornar alimento. Criado na periferia de Campinas, interior de São Paulo, até os 19 anos nunca tinha ouvido falar de veganismo. 

“Na realidade a gente cresceu comendo arroz, com ovo frito, miojo,  alimentação pesada, salsicha, calabresa, ultraprocessados em peso. Não crescemos com alimentação saudável. A nossa adolescência foi regada a salgadinhos, bolacha, leite,  laticínios…”, lembra.

Hoje, Eduardo e o irmão gêmeo Leonardo tocam o projeto Vegano Periférico, que já tem mais de 350 mil seguidores no Instagram. E eles não são os únicos. O veganismo popular tem ganhado cada vez mais espaço; e desafiando o elitismo.

“Se divulgava muitos ingredientes que não eram comuns para a gente, porque eram importados e também porque eram coisas industrializadas”, afirma Darlene Andrade, do Coletivo Vegano Popular de Fortaleza (CE) .

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Mas como é possível comer bem sendo vegano e gastando pouco? Para Eduardo, há muitas opções. “O que eu faço? Eu vou para a feira, para o mercado municipal, vou para a xepa em São Paulo. Aqui em Juazeiro do Norte, onde moro atualmente, não tem mercados que vendem coisas a preços absurdos, não tem ultraprocessados veganos. Então, geralmente, você vai comprar produtos e alimentos de origem vegetal”, responde.

Segundo Eduardo, há um discurso de que, para a periferia comer bem, é necessário consumir carne e laticínios, produtos que encarecem as compras. Depois que se tornou vegano, ele garante que os gatos com comida caíram pela metade. 

Darlene Andrade também passou a economizar e, de quebra, a criar novos pratos. “Eu acho que é preciso ter uma prática de autonomia alimentar, de mostrar que é possível comer de outras maneiras. Inclusive, valorizando mais alimentos que são produzidos na nossa região, coisas que vêm da feira e não são industrializadas. Se você comprar coisas industrializadas vai sair mais caro, independentemente de você ser vegano ou não”, afirma.  

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“Eu entendi que aquilo era muito mais saudável para mim. Porque antes disso eu tinha muita dor de estômago, dor de cabeça, enxaqueca, gastrite, tinha gripes recorrentes, sofria com dor de garganta. Tinha diversos problemas de saúde que eu não entendia o que era”, acrescenta Eduardo.

 

Edição: Douglas Matos