Risco e negligência

Covid: Quase 95% das crianças brasileiras de 3 e 4 anos não tomaram duas doses da vacina

Cenário repete péssimos resultados da cobertura vacinal em geral; que trouxe de volta o sarampo e a poliomielite

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Governo Bolsonaro falha mais uma vez na imunização de crianças - Edu Kapps/Prefeitura do Rio

Dados divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam que apenas 5,5% das crianças de 3 e 4 anos que vivem no Brasil tiveram acesso à primeira fase do esquema vacinal contra a covid-19, que inclui a primeira dose e a dose de reforço.

Segundo análise dos números do Vacinômetro Covid-19 do Ministério da Saúde, até 7 de novembro de 2022, pouco mais de 300 mil pessoas nessa faixa etária estavam com a proteção atualizada e menos de um milhão receberam a primeira dose. O país tem cerca de 5,9 milhões de crianças dessa idade que deveriam ser imunizadas.

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O levantamento foi feito pelo Observa Infância (Fiocruz/Unifase) e mostra uma realidade "preocupante", que persiste mesmo quatro meses após a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação da Coronavac em crianças pequenas.

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"Até junho de 2022, o Brasil registrava uma média de 2 mortes diárias por Covid-19 entre crianças menores de 5 anos. Desde a aprovação da Pfizer pediátrica pela Anvisa, em 16 de setembro, 26 crianças menores de 5 anos já morreram em decorrência da doença, o equivalente a dois óbitos a cada três dias", afirma a coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini.

Os resultados foram avaliados pela iniciativa VAX*SIM, que cruza grandes bases de dados para investigar o papel das mídias sociais, do Programa Bolsa-Família e do acesso à Atenção Primária em Saúde na cobertura vacinal em crianças menores de cinco anos.

Esse mesmo grupo tem sido responsável por apontar o atraso da cobertura vacinal em geral entre as crianças brasileiras. Nos últimos anos, o país não conseguiu atingir nenhuma das metas estabelecidas o que trouxe de volta doenças graves e que tinham sumido do território nacional, como o sarampo e a poliomielite. 

Edição: Thalita Pires