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Democracia

Frente de Juventude entrega carta com demandas para a comunicação pública

Carta foi destinada aos GT's de Comunicação, Cultura e Igualdade Racial do Gabinete de Transição

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Documento aponta 16 caminhos para a inclusão da juventude na comunicação pública - Foto: Webert da Cruz

Na tarde desta quinta-feira, 8, a Frente de Juventude pela Comunicação Pública foi recebida pelos Grupos de Trabalho de Comunicação e Igualdade Racial do Governo de Transição para a entrega da carta "Juventude Brasileira: Por uma comunicação pública que inclua a diversidade" que tem por objetivo cobrar a reconstrução da comunicação pública no Brasil e também da Empresa Brasil de Comunicação. A carta foi entregue também ao GT de Cultura.

Na carta, jovens e organizações de juventude e comunicação apontam 16 reivindicações para o futuro da comunicação pública no país. E destacam em um dos trechos que "somos resistência cultural e política. Somos potência em nos articular de forma efetiva para o processo de construção de uma nova matriz política que aponte para um projeto de uma sociedade mais justa e sustentável. Ao cobrar a participação da juventude e o enegrecimento da Comunicação Pública estamos falando sobre democracia".

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Para a coordenadora do Centro Cultural e de Comunicação Jovem de Expressão e membro da Frente Jovem, Rayane Soares, a comunicação pública deve ser enegrecida, assim como as Universidades também foram. "Não somente nos conteúdos, como também nos cargos de liderança. A população jovem também tem que participar ativamente desse processo, pois o enraizamento tanto da EBC quanto do processo público de comunicação passa por nós”, ressaltou.

Membro do GT de Comunicação Pública, a coordenadora do Sindicato dos Jornalistas do DF, Juliana Cézar Nunes destacou a importância da carta que coloca a juventude, principalmente a negra e periférica no centro da agenda de reconstrução da comunicação pública.

“Precisamos estruturar as ações de retomada da comunicação pública, seja na programação ou no jornalismo com a agenda política da juventude como uma referência, e não apenas, com os conteúdos próprios produzidos pela EBC. Precisa ser também nas parcerias que vão ser estabelecidas. Não podemos correr novamente o risco de priorizar produtoras lideradas por homens brancos do eixo Sul e Sudeste. Nós temos esse desafio de retomar a comunicação pública e fazer mais e melhor”.

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A Frente pontuou que além do direito à comunicação não ser um direito garantido na prática, poucos jovens entendem a comunicação como um direito ou sabem da sua importância. O Deputado Federal André Janones apontou que será necessário fazer um trabalho de forma integrada com a juventude, e até, formativo.

“A juventude não é mais o futuro. Já é o presente. A gente tinha muito essa fala que a juventude é o futuro, é o amanhã. Não, não é. É o presente. Esse futuro já chegou e é hoje. Espero que possam trazer para nós os anseios dessa diversidade que representam e que possamos caminhar juntos. Precisamos de mecanismos para trazer mais jovens para as ações governamentais e para as nossas ações como um todo. A carta da Frente é um estímulo a fazer com que a gente pense que isso é necessário e possível”, diz Janones.

Membro da Frente da Juventude, Webert da Cruz, destacou que a organização apresentou as reivindicações, mas também pretende contribuir na construção de uma EBC antirracista, que enfrente o racismo institucional e apoie a produção independente das juventudes negra, originária, LGBTQIAP+ e periférica.

"Precisamos também pensar uma comunicação pública que atue na formação e profissionalização de comunicadores e comunicadoras jovens, possibilitando inclusive mais oportunidades de trabalho e projetos remunerados, que atuem no fomento da concretização de sonhos e reverberação de novas ideias”.

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No momento da entrega da carta estavam presentes o Deputado Federal André Janones, a Secretária Nacional, Valneide Nascimento, que representou o GT de Igualdade Racial, o Diretor-Geral do Instituto de Radiodifusão da Bahia (IRDEB) e jornalista Flávio Gonçalves, a ex-presidente da EBC/TV Brasil e jornalista, Tereza Cruvinel, o co-fundador do Advocacy Hub e da Quid, Pedro Telles, a jornalista e ex-gestora das Rádios Nacional, Taís Ladeira, a jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) que também coordena o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal e integra a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira-DF), Juliana Cézar Nunes e as analistas técnicas de políticas sociais Thaísa Pires e Maria Carolina Prado Lage.

Estavam presentes também os representantes do Gabinete do Deputado eleito Max Maciel, Marcelo Vinícius, Vinícius Gomes e Sarah Gonçalves, o coordenador geral do Jovem de Expressão, Antônio de Pádua, a produtora e apresentadora do Programa Ação Periferia, Cláudia Maciel e os educomunicadores, fotógrafos e produtores de audiovisual, Webert da Cruz e Ester Trindade. 

A Frente de Juventude Pela Comunicação

Inspirados na experiência em comunicação pública do Programa Ação Periferia na Rádio Nacional AM Brasília, 980 khz, os idealizadores do Ação tiveram a ideia de convidar jovens a montar uma Frente de Juventude pela Comunicação para dialogar sobre Comunicação Pública, a reconstrução da EBC e discutir políticas junto aos órgãos governamentais competentes que fomentem o tema entre essa parcela da população para que possam exercer em plenitude o direito à cidadania, mas também para participar ativamente do processo de reconstrução das mídias públicas, legislativas, distritais/estaduais e comunitárias. 

A Frente se reuniu no dia 05 de dezembro, em formato online, e convidou o Deputado Distrital eleito, Max Maciel, a ex-apresentadora do programa jovem Câmara Ligada, Evelin Maciel,  e o cineasta e membro do Conselho Curador Cassado da EBC, Joel Zito Araújo, para um diálogo sobre a importância da Comunicação Pública para a juventude e para a democracia brasileira. Desta reunião, originou-se a carta Juventude Brasileira: Por uma comunicação pública que inclua a diversidade, que foi escrita por todos os membros que compõem a Frente. 

A carta é assinada por parlamentares, coletivos, organizações não governamentais e jovens periferizados de etnias e de regiões diferentes do Brasil.

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Edição: Flávia Quirino