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Primeiro presidente da Fundação Palmares recebe título de cidadão honorário de Brasília

Carlos Alves Moura é uma das principais referências do movimento negro no país

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Carlos Alves Moura: "Brasília, sou seu cidadão. E a cidadania sugere o respeito à pessoa e à dignidade do ser" - Reprodução/Youtube

Com uma trajetória de mais de 45 anos de atuação profissional e política em Brasília, o advogado Carlos Alves Moura, referência na luta pelos direitos humanos e pela igualdade racial, recebeu na noite desta quinta-feira (9) o título de cidadão honorário da capital do país, pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A entrega do título ocorreu durante uma sessão solene no plenário da Casa. A iniciativa da homenagem foi da deputada Arlete Sampaio (PT), e contou com apoio unânime da CLDF.

Natural de Minas Gerais, Carlos Moura chegou a Brasília em 1977 como advogado da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag). Antes disso, ele já atuava na advocacia defendendo trabalhadores rurais, no Rio de Janeiro. Foi membro do Instituto dos Advogados Brasileiros e instituiu o Observatório Político da Comissão Brasileira Justiça e Paz. 

Nos final dos anos 1970, atuou na organização do movimento negro, de forma clandestina, já que o país ainda vivia sob o jugo da ditadura militar. Ainda nessa época, ajudou a fundar o Centro de Estudos Afro-brasileiros, que seria, segundo ele próprio, "o gérmen para a criação", anos mais tarde, da Fundação Cultural Palmares.

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Fundada em 1988, com inspiração na própria Constituição Federal, a autarquia foi o primeiro órgão federal criado para promover, preservar e disseminar a cultura afro-brasileira. Além disso, dirigiu o Centro de Estudos Afro-brasileiros em Cabo Verde e, por duas vezes, representou os países de língua portuguesa de Guiné-Bissau nas tratativas de paz política nesse país.

"Aqui cheguei, vindo de Niterói, há 45 anos. Nesta cidade, onde o céu se apresenta mais próximo. E uma claridade diáfana é fonte de esperança. Compartilho também com os homens e as mulheres despossuídos, com os mais pobres, com as vítimas de um sistema injusto e desigual. Compartilho com a minha família", discursou Moura na sessão solene, em pronunciamento emocionado. 

Atualmente com 81 anos, Moura integra a Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e também o Conselho Consultivo da Universidade de São Paulo.

"Essa decisão unânime, dessa Casa, nada mais é do que o reconhecimento do papel relevante que o doutor Carlos Moura tem desenvolvido em nosso país. Foi fundador e primeiro presidente da Fundação Palmares, e tem uma luta destacada pela igualdade racial, contra o racismo, já tendo realizado missões importantes fora do Brasil, tanto em Cabo Verde como na Guiné-Bissau", destacou Arlete Sampaio. 

No ano passado, Carlos Moura foi entrevistado pelo Brasil de Fato para analisar a situação da luta por igualdade racial no Brasil, em meio a um intenso processo de desmonte de políticas públicas, inclusive na própria Fundação Cultural Palmares. 

A sessão solene foi acompanhada por familiares, amigos e parceiros de Carlos Alves Moura, incluindo a ministra Delaíde Arantes, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), e do professor Nelson Inocêncio, da Universidade de Brasília (UnB).

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Edição: Flávia Quirino