3º mandato

"Volta por cima": lideranças políticas e populares celebram diplomação de Lula no TSE

Em tom emotivo, aliados que presenciaram cerimônia conversaram com o BdF sobre simbologia do momento

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Lula recebe diplomação do TSE sob aplausos dos cerca de 400 convidados que compareceram à cerimônia
Lula recebe diplomação do TSE sob aplausos dos cerca de 400 convidados que compareceram à cerimônia - Alejandro Zambrana/Secom/TSE

Foi com os olhos marejados que alguns dos apoiadores do presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT) assistiram, nesta segunda-feira (12), à diplomação do petista no Tribunal Superior Eleitor (TSE). O deputado federal Marcon (PT-RS), por exemplo, emocionou-se ao contar para o Brasil de Fato como estava se sentindo ao adentrar o local, por onde circularam dezenas de autoridades dos Três Poderes, além de amigos e outros parceiros políticos do futuro mandatário.

"É uma emoção muito grande. Nós estávamos aqui quatro anos atrás pedindo a liberação dele pra ele poder concorrer. E hoje estamos aqui dentro para assistir à diplomação dele pela terceira vez. Pela terceira vez, um torneiro mecânico chega à Presidência da República no país. Tenho certeza, quando ele foi agora, na COP27, que o mundo deve ter dito 'esse Lula é o cara'. E, pra mim, como brasileiro, ele é o cara. Estou muito emocionado de estar aqui hoje."


Lula e Janja durante chegada ao TSE; futuro casal presidencial foi recepcionado pelo 1º Regimento de Cavalaria de Guardas, também chamado de Dragões da Independência / Antonio Augusto/Secom TSE

O deputado Hélder Salomão (PT-RS), ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara no período entre 2019 e 2021, também esteve no local para festejar o rito de passagem que coloca Lula na antessala do Palácio do Planalto. Ele rememorou o momento em que, mais de seis anos atrás, a presidenta Dilma Rousseff (PT) deixou o poder após ser deposta pelo Congresso Nacional.

"Estamos voltando literalmente pela porta da frente, legitimados pelas urnas de maneira democrática, com eleições transparentes e com um grande projeto, uma grande aliança nacional que será capaz de trazer de volta o orgulho aos brasileiros, a consolidação da democracia. Tenho certeza de que a diplomação de hoje é mais um passo do nosso processo de luta."

Quem também captou a importância do evento no TSE ao olhar pelas lentes da história recente do país foi a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que celebrou a solenidade presenciada nesta segunda-feira pelo público de cerca de 400 pessoas que lotou o auditório da Corte. Para a parlamentar, que esteve na luta contra o impeachment e atuou em posições de liderança na oposição ao governo Bolsonaro nos últimos quatro anos, a realização da cerimônia intensifica a desmoralização das narrativas paralelas que os bolsonaristas pró-golpe tentam emplacar contra a eleição do petista.

"É uma satisfação tão grande, é tão emocionante ver que esse ciclo virou – e é historicamente curto, inclusive, o que é uma coisa muito importante. E agora estamos fechando um ciclo eleitoral em que está configurada a vitória. Não há questionamento, o Lula ganhou e vai ser diplomado, ou seja, não há dúvida de que ele se elegeu. Esse é o primeiro passo dessa virada histórica. A posse será o segundo."


Deputada federal Jandira Feghali / Foto: Elza Fiuza/ Agência Brasil

Para a comunista, a atual fase de transição de governo coroa o esforço empreendido pela oposição nos últimos anos no Congresso Nacional, nas trincheiras do Poder Judiciário e nas ruas.

"Quando o Lula sentar naquela cadeira, no dia 1º, o sentimento será o de que valeu muito o esforço porque superamos a adversidade, mantivemos a coluna ereta. E ele, depois de passar por tudo isso, deu essa volta por cima junto com o povo brasileiro. Claro que agora nossas expectativas não serão todas resolvidas de forma tão rápida, até porque houve muita destruição, mas o que vai ocorrer agora é fundamental pra saúde, pra cultura, pra vida."


Lula e Janja em foto protocolar com os presidentes do Senado, da Câmara dos Deputados, do TSE e do STF / Antonio Augusto/Secom/TSE

O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), veio do Pará para prestigiar o futuro mandatário no tribunal. "É emocionante estar aqui. É inclusive um privilégio porque estamos participando de um momento histórico que, sem nenhuma dúvida, vai mudar os rumos do Brasil", projeta.

A cena histórica que se delineou nesta segunda-feira no TSE também revirou as memórias do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), outro personagem que esteve nas fronteiras das principais disputas políticas dos últimos seis anos no Legislativo. "Hoje é um dia de agradecimento, de reconhecimento a tantas pessoas que durante esse período enfrentaram as mais diversas dificuldades pra que pudéssemos chegar aqui hoje", exaltou.  


Paulo Pimenta [à direita] é um dos principais apoiadores de Lula [à esquerda] no Congresso e foi líder da bancada do PT em 2018 e em 2019 / Reprodução

"São vários fatores que permitiram que isso acontecesse – a coragem e a perseverança do presidente Lula, por exemplo –, mas principalmente os milhões de brasileiros e brasileiras que, de forma anônima, enfrentaram a perseguição, o preconceito e nos ajudaram a criar o contexto pra que Lula recuperasse os seus direitos políticos e hoje pudesse estar aqui. São essas pessoas que merecem o nosso reconhecimento e homenagem nesta data", emendou Pimenta.

Sociedade civil

Algumas lideranças da sociedade civil também registraram presença na diplomação do petista. É o caso do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos, para quem a futura posse de Lula será um respiro histórico.

"Chegar aqui hoje pra diplomar o Lula pela terceira vez é uma sensação de uma vitória extraordinária da classe trabalhadora, das pessoas que nunca o abandonaram, que sempre acreditaram que ele estava ao lado do povo e que havia ali uma conspiração, uma coisa articulada da grande mídia com setores da Justiça e a ampla maioria do Congresso Nacional pra afastar a Dilma, depois impedir a eleição dele", desabafa.

Santos diz saber a proporção dos desafios que se colocam adiante, nos próximos quatro anos de governo, quando uma confluência de forças de diferentes origens deve apoiar a nova gestão, que, consequentemente, terá que conciliar uma série de interesses em plena disputa por espaço. "Vai ser difícil, mas a gente tem esperança. E a diplomação aqui é o resultado disso, da nossa esperança."

Edição: Thalita Pires