Pernambuco

AGROECOLOGIA

No Sertão pernambucano, agricultoras beneficiam frutos únicos da Caatinga

O grupo Sabores da Caatinga, em Serra Talhada, utiliza as frutas para a produção de licores, geleias, conservas e mais

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Tradicional da Caatinga, o umbu tem ação antioxidante que ajuda a fortalecer o sistema imunológico e ainda previne o envelhecimento precoce
Tradicional da Caatinga, o umbu tem ação antioxidante que ajuda a fortalecer o sistema imunológico e ainda previne o envelhecimento precoce - Fernanda Muniz Bez Birolo

No sertão pernambucano, um grupo de mulheres tem ganhado destaque com a produção e beneficiamento de frutas da Caatinga. Elas fazem parte do Instituto Socioambiental Serra Grande, que fica no município de Serra Talhada, e tem como objetivo promover a preservação e recuperação da Caatinga ao mesmo tempo em que beneficiam seus frutos. Assista: 

O trabalho do instituto, que surgiu em 2003, tinha parado devido às condições climáticas da região e voltou a acontecer em 2019.

Desde então, o grupo Sabores da Caatinga tem utilizado as frutas endêmicas do bioma como o umbu, o maracujá do mato e caju para a produção de licores, geleias, conservas e compotas.

Além disso, ações de recaatingamento também são promovidas pelo grupo, como explica, Álvaro Severo, diretor do instituto. “A gente acredita que esse momento de 2019 pra cá foi um momento mais propício pra gente conseguir validar junto a um público consumidor o potencial desses produtos que são oriundos da caatinga que antes eram insumos desperdiçados”, relembra.

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Ele também ressalta como a produção e preservação andam juntas: “Se a gente captura matéria prima na floresta, isso faz com que ela tenha importância, faz com que a gente comece a olhar pra ela com um espírito mais preservacionista. Então se a gente quer essa renda oriunda da produção desses alimentos a gente tem que também preservar as plantas que nos fornecem o insumo”.

Todo trabalho desenvolvido pelo Sabores da Caatinga é feito pelas mãos das doze mulheres que compõem o grupo, desde a produção até o envasamento. Um trabalho que auxilia na renda das famílias e, principalmente, garante o protagonismo feminino e a liberdade em fazer o que se gosta. 

É o que afirma Creusa Gomes, a presidenta do Instituto Serra Grande.”Se elas tiverem sua própria renda e um lugar que elas possam trabalhar, que possam ser respeitadas como mulheres, como esposas, como mães… é até divertido quando estamos trabalhando, a gente se diverte junto, conversa, e isso é uma maneira de deixar de fora o racismo, machismo, preconceitos que ainda existem”.

A presidenta reafirma que o trabalho tem também um caráter educativo. “É muito importante agregar essas mulheres e essas que já estão vem trazendo mais conforme o projeto vai crescendo, a gente vai tentando trazer elas para o nosso lado e fazendo elas se convencerem de que esse trabalho também é uma educação que a gente deve levar a diante para melhoria das mulheres”, conclui.

Para além do beneficiamento dos frutos da Caatinga, o grupo também beneficia outros produtos agroecológicos da região como a macaxeira e acerola, tudo comercializado nas feiras agroecológicas e nas redes sociais. Para conhecer os produtos do sabores da caatinga acesse as redes @produtos_serragrande.

Edição: Vanessa Gonzaga